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De faixa a coroa
Descrição de chapéu Miss Universo miss brasil

Atual Miss Universo virá para eleição da Miss Brasil, diz novo CEO do concurso; leia entrevista

Gerson Antonelli, que assumiu recentemente a franquia no país, revela detalhes e data da final

Miss Universo 2023, Sheynnis Palacios
Miss Universo 2023, Sheynnis Palacios, em evento em Porto Rico - AFP
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São Paulo

A atual vencedora do Miss Universo, a nicaraguense Sheynnis Palacios, virá mais uma vez ao Brasil. A informação, revelada com exclusividade à coluna, é do novo CEO do concurso no país, o paulista Gerson Antonelli. O empresário de 63 anos, que assumiu a cadeira há pouco mais de um mês, contou em entrevista mais detalhes sobre como está cuidando da seletiva nacional e também sobre a coroação do Miss Universe Brasil 2024.

De acordo com Gerson, o confinamento das misses será em um hotel de São Paulo a partir do dia 15 de setembro. Já a grande final, acontece na noite de quinta, dia 19, no palco do Teatro Gamaro, localizado na zona leste da capital paulistana.

"Por contrato, há um tempo mínimo de três anos para cumprir como franqueado do Miss Universe. Ou seja, eu tenho que realizar os concursos no Brasil em 2024, 2025 e 2026", conta ele sobre sua entrada no time de diretores nacionais do mundial, que hoje exige de seus franqueados que a marca seja tratada com seu nome original em inglês "Miss Universe" —e não mais tropicalizando para "Miss Universo".

Sheynnis deve acompanhar de perto as atividades do cronograma das participantes e se disse animada com a oportunidade de estar no Brasil, pela segunda vez, no mesmo ano. Em fevereiro passado, ela passou poucos dias no Rio de Janeiro, a convite da marca de joias Pandora, para curtir o Carnaval carioca.

"A última Miss Universo que veio ao Brasil foi em 2011, a mexicana Ximena Navarrete, vencedora de 2010. Depois disso, nós não tivemos nenhuma outra", explicou Gerson. "Ela [Sheynnis] tem uma personalidade exuberante, é uma pessoa que está sempre sorrindo, uma pessoa que trabalha muito. Conversei com ela umas duas vezes e gostei muito do que eu ouvi, e ela está muito feliz de vir ao Brasil de novo. Mas o mais importante dessa visita é que vai fazer muitas pessoas felizes por aqui."

Gerson também contou que o concurso nacional terá um evento preliminar no dia 18 de setembro, no qual as 27 candidatas desfilarão em traje de gala, banho e traje típico, valendo pontos classificatórios antes da final. Sobre premiações, ele adiantou que a vencedora terá todas as despesas pagas para o mundial no Méxcio e que deve receber, além de um contrato de um ano, R$ 10 mil em dinheiro.

Leia abaixo entrevista completa com Gerson Antonelli.

Como foi seu primeiro contato com o mundo miss?
Eu tinha apenas 7 anos quando vi o meu primeiro concurso de beleza, que foi o próprio Miss Universo, em 1968, quando a Martha Vasconcellos ganhou. Naquela época ainda não tinha TV colorida na minha casa, então foi tudo em preto e branco. Depois disso, comecei a acompanhar todos os anos o concurso. Como só tinha uma TV em casa, quando a gente ficava sabendo que ia passar o Miss Universo, não deixava ninguém em casa se aproximar do aparelho ou mudar de canal o dia todo, até começar o evento, que geralmente era bem tarde da noite, dependendo do horário e local onde o concurso era realizado.

E quando você começou a trabalhar com concursos?
O mundo miss entrou profissionalmente na minha vida quando eu tinha 15 anos, quase 40 anos atrás, quando eu fiz o meu primeiro concurso chamado Rainha da Primavera. Era na verdade um evento beneficente, com venda de rifas e ajuda do meu pai e da minha mãe. Depois trabalhei muitos anos como voluntário, com algumas organizações no Miss Brasil, preparei algumas misses como a Grazi Massafera e criei o Miss Teen Brasil em 2007, que ainda tenho. Agora estou como diretor nacional e CEO do Miss Universe aqui no Brasil.

O que te motivou a se candidatar para pegar a franquia do Brasil no Miss Universo?
Era uma coisa que sempre achava que seria interessante, mas nunca levei seriamente esse objetivo de ser o franqueado no Brasil. Eu morei muito tempo nos Estados Unidos e acompanhava de perto o Miss Universe, ia presencialmente aos concursos, e fiquei meio curioso depois que a última franqueada no Brasil realmente saiu. Vi alguma matéria falando que quem queria se candidatar teria que fazer uma oferta financeira e, a princípio, não gostei muito dessa situação, porque parece que é uma coisa mais interessada no dinheiro do que na questão de qualidade da marca. Mas isso mudou com o tempo, principalmente depois que o grupo JKN da Tailândia vendeu a outra parte de 50% para o grupo Rocha do México.

Então uma amiga minha perguntou porque eu não me candidatava para essa posição e comecei a pensar nisso. Elaborei uma proposta de um bom programa de mudança sobre o concurso, com coisas que eu sempre quis ver. No final, acho que o que realmente me motivou, além do sonho de criança, foi o desejo de mudar algumas coisas que durante essas décadas todas eu tenho visto acontecer no mundo miss em geral, principalmente o que deixou os concursos tóxicos. Há muita fofoca, muita gente falando coisa que não deve, todo mundo querendo dar opinião sem ter conhecimento. Penso que posso contribuir para melhorar um pouco ao colocar minha visão dentro do mundo miss. Afinal, o Miss Universe é o maior concurso de miss e não é mais apenas um concurso apenas de beleza, mas sim um concurso de representatividade de diversas camadas da sociedade.

Gerson Antonelli, novo CEO do Miss Universe Brasil
Gerson Antonelli, novo CEO do Miss Universe Brasil - Divulgação

Por quanto tempo você vai ficar como CEO do concurso?
Por contrato, há um tempo mínimo de três anos para cumprir como franqueado do Miss Universe. Ou seja, eu tenho que realizar os concursos no Brasil em 2024, 2025 e 2026. Esse contrato tem ainda uma cláusula que diz que a renovação é automática desde que nenhuma das partes se manifeste ao contrário. Então, se nada de errado acontecer da minha parte ou alguma intervenção da Miss Universe Organization, eu posso ficar por quanto tempo eu quiser.

E sobre a final? Quando vai ser e onde?
A gente vai realizar o concurso na cidade de São Paulo, que é um lugar que tem bastante facilidade de aeroportos, muitos hotéis e é uma cidade de turismo financeiro. O concurso nacional vai acontecer no mês de setembro, com o confinamento começando no dia 15. As preliminares em traje de gala, traje de banho e traje típico serão no dia 18 e a grande final no dia 19, no Teatro Gamaro.

Muitas pessoas estão falando que a gente deveria indicar uma candidata, pois temos muito pouco tempo para preparar a nova brasileira para o mundial, que será em novembro. Mas o contrato do Miss Universe no Brasil exige que a gente faça um concurso nacional. Não pode ser simplesmente uma aclamação ou uma indicação, o que seria muito mais fácil. As pessoas não entendem que existe uma razão financeira atrás dessa motivação de se fazer um concurso, pois os diretores nacionais pagam um valor bem alto de uma franquia internacional.

O que podemos esperar de diferente na eleição deste ano?
Este ano é um ano muito importante, pois o Miss Universe Brasil está comemorando 70 anos de realização deste o primeiro, que foi em 1954, com a Martha Rocha. Engraçado que eu estava presente no aniversário de 50 anos e hoje eu estou realizando o 70º aniversário deste concurso. As pessoas podem esperar o melhor que podemos entregar! Será um concurso mais dinâmico, mais moderno, com a volta daquele estilo do amoroso, da beleza, coreografias, um cenário lindo e um resgate do glamour que fomos perdendo ao longo dos anos.

Não quero um show muito longo, de três ou quatro horas, mas isso ainda está em definição. Teremos um palco grande, de 22 metros de largura por 12 metros de profundidade, e 11 metros de altura. Será um espetáculo muito bonito, com algumas surpresas, esperamos que as pessoas gostem e que entendam que a gente vai eleger uma brasileira com chances de vencer o Miss Universe. Afinal, faz 56 anos que a gente não ganha o título, contando que o último foi lá quando eu comecei, em 1968.

As eleições estaduais estão acontecendo neste momento. Até quando você acha que teremos todas as candidatas?
Todos os estados têm que realizar o seu concurso e apresentar candidata até no máximo dia 20 de agosto. Teremos um quadro final de 27 misses, sendo que algumas serão indicadas e outras vão passar por concurso.

Teremos alguma preparação especial para a vencedora nesse curto período do nacional ao mundial?
As pessoas acham que é um tempo muito curto de preparação para as misses, mas quero acrescentar um fato muito importante a esse tópico, de que quando a miss vem do estadual ela já tem que estar pronta. A gente não tem que ensinar uma miss a ser miss para ir ao Miss Universe ou qualquer outro concurso internacional a partir do momento que ela ganha o título. Não se muda uma pessoa ou um corpo num período tão curto. Tem países que elegem com um ano de antecedência e às vezes a candidata nem se classifica, outros o oposto, então isso é muito relativo.

Existe uma tendência no Brasil de achar que a gente tem que ensinar a Miss Brasil a ser Miss Brasil no momento que ela ganha o título. Mas não é nada disso, e os estaduais têm uma responsabilidade muito grande de apresentar a sua candidata da melhor forma possível para que, quando ela chegue ao nacional, estejam na melhor forma psicológica, física e preparada para disputar de igual para igual com todas as outras que estão competindo. E daí cabe apenas um ajuste, talvez da postura, na passarela, alguma coisa da aparência e oratória, mas que sejam detalhes.

Quais você acha que tem que ser as características ideais de uma Miss Brasil?
Em primeiro lugar, a Miss Brasil tem que ter uma boa aparência física, porque não deixa de ser um concurso de beleza. Não existe padrão certo de beleza, mas a vencedora vai representar uma marca, então precisa ter boa aparência. Ela também tem que ser uma pessoa que seja rápida de raciocínio para falar e que esteja sempre atualizada e saiba o que acontece ao seu redor. Fatos sociais, culturais, econômicos, as notícias que estão acontecendo, movimentos sociais. Tem que ter ainda uma plataforma social definida, sobre o que ela quer fazer com o título depois, como vai contribuir para a sociedade.

A vencedora vai ganhar algum tipo de prêmio?
Tudo que a gente quer é que a vencedora venha mais pela participação do que pelos prêmios. Mas, além de um ano de contrato conosco, o prêmio que a gente garante já de imediato é a participação no Miss Universe, com todas as despesas pagas de preparação, franquia, total, viagens, passagem aérea, guarda-roupa, traje típico e tudo que a miss precisar. Vamos oferecer ainda um prêmio de R$ 10 mil em dinheiro e outros, como sessão de fotos, guarda-roupas, contratos com empresas patrocinadoras etc.

A convidada especial deste ano será a Sheynnis Palacios. Qual é a importância de trazer uma Miss Universo para o Brasil?
Acho que é muito importante. A última Miss Universo que veio para o Brasil foi em 2011, a mexicana Ximena Navarrete, vencedora de 2010. Depois disso, nós não tivemos nenhuma outra. Eu decidi convidar a Sheynnis Palácios, porque eu acho que ela tem uma característica diferente das outras misses, pois ela tem viajado o mundo todo e isso valoriza bastante a marca e vai trazer uma credibilidade para a minha organização. Também enriquece o evento, atrai pessoas que querem conhecer uma Miss Universo, que sonham em vê-la, principalmente os misólogos, que são as pessoas que apoiam a gente. Ela tem uma personalidade exuberante, é uma pessoa que está sempre sorrindo, uma pessoa que trabalha muito. Conversei com ela umas duas vezes e gostei muito do que eu ouvi, e ela está muito feliz de vir ao Brasil de novo. Mas o mais importante dessa visita é que vai fazer muitas pessoas felizes por aqui.

Ela vai fazer alguma participação especial no concurso ou cumprir alguma agenda especial?
Ela vai ter uma participação superespecial no concurso, não só na coroação, mas também vai ser entrevistada ao vivo no palco. Eu estou formando um comitê de recepção, incluindo até alguns coordenadores estaduais para participarem, além de estilistas, designers, profissionais de beleza, algumas ONGs.

Ela vai ficar quatro dias no Brasil, chega no dia 16 de setembro, vai às preliminares, vai ao evento final no dia 18 e 19 e volta aos Estados Unidos no dia 20. Eu não vou fazer uma agenda muito cansativa porque ela está viajando o mundo inteiro desde que ganhou o título, mas quero que ela conheça algumas partes interessantes de São Paulo. Quero ver se consigo que ela encontre algumas autoridades. Assim que essa agenda estiver pronta, a gente vai apresentar à mídia.

O que Sheynnis disse sobre o convite? Ela gostou?
Ela gostou muito do convite e agradeceu bastante. Tivemos algumas conversas rápidas, porque ela é uma pessoa extremamente ocupada, mas disse que foi muito bem recebida aqui durante o Carnaval. A gente vai fazer de tudo para que esse segundo momento dela que seja memorável tanto para ela quanto para todos os que estarão presentes e vão conhecê-la pessoalmente.

Por fim, qual o seu recado para mulheres que tem o sonho de ser Miss Brasil?
O recado que eu tenho é que não venha pensando só em vestidos, só em maquiagem, só em cabelo. Eu acho que ser Miss Brasil não é simplesmente usar uma faixa, uma coroa e viajar pelo mundo e pensar nos prêmios que você vai ganhar e se autopromover. Tem que ter uma visão clara das responsabilidades que vêm com o título. Tem que seguir o regulamento da Miss Universe Organization e trabalhar para representar a marca que vem com o título que você ganhou. Então precisa estudar e entender a nova visão do Miss Universe, que prega a inclusão não só como uma estratégia de marketing, mas com sentido de representatividade de comunidades. Precisa se envolver em projetos sociais, projetos culturais e até projetos que têm a ver com o desenvolvimento e empoderamento da mulher em todas as fases.

Tenha uma visão aberta do mundo, do seu papel, de não só falar de empoderamento e defender o feminismo, mas que pense sim em unificar. Venha com a personalidade aberta para se integrar em uma competição saudável, para mostrar melhor de você e não para tentar derrubar a sua competidora. É por isso que eu criei esse lema, que agora está sendo usado pelo Miss Universe, de que "o segredo está em você". O segredo realmente está em cada um de nós: só nós sabemos o que nós pensamos, o que nós somos, onde nós queremos ir, as nossas possibilidades.

De faixa a coroa

Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa.
Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa

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