De faixa a coroa

Miss Colômbia publica novas regras e proíbe mulheres trans na competição

1ª trans no Miss Universo, espanhola Angela Ponce diz sentir 'tristeza enorme'

Angela Ponce, Miss Espanha 2018 Instagram/angelaponceofficial

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Uma polêmica tomou conta do mundo dos concursos de beleza nesta semana. Entre os 15 termos para a escolha da próxima representante da Colômbia no miss Universo, publicado pela nova organização da disputa, está uma em que se proíbe a participação de transexuais e transgêneros. A norma de exclusão, numerada como 13, é clara e afirma que precisa: “ser mulher e não ter mudado de sexo”.

Questionada pela imprensa local, a nova presidente do Miss Universo Colômbia, Natalie Ackermann, chegou a dizer que o concurso não descarta a possibilidade de aceitar mulheres trans no futuro, mas que agora querem manter a “tradição”. Com grande êxito nos últimos anos, quase todas as colombinas que pisaram no palco do Miss Universo chegaram muito perto da coroa.

O destaque vai para Paulina Vega, vencedora em 2014, e Ariadna Gutierrez, vice em 2015. Essa última ficou famosa no mundo todo por ter sido anunciada como vencedora por erro do apresentador.

A nova regra teve repercussão negativa no mundo todo. A espanhola Angela Ponce, 28, que se tornou a primeira candidata trans do Miss Universo, em 2018, disse sentir uma “tristeza enorme”.

“A decisão tomada é um reflexo de sua própria ignorância. Ânimo, irmãs, estou com vocês. Nunca duvidem de sua beleza, sua inteligência. Nossos direitos são os mesmos que os de qualquer outra mulher. Lutem, eu estarei por perto”, publicou Ponce em suas redes sociais após o anúncio da competição colombiana.

Ela já tinha falado sobre as dificuldades das mulheres trans após ser escolhida representante espanhola no Miss Universo: “As mulheres trans vêm sendo perseguidas e apagadas há muito tempo. Estou mostrando que elas podem ser o que quiserem. Tenho orgulho de ter a oportunidade de usar esta plataforma para uma mensagem de inclusão, tolerância e respeito pela comunidade LGBT+.”

A espanhola não chegou a se classificar na competição mundial, que existe há quase 70 anos, é transmitida no mundo inteiro e tem público anual estimado em meio bilhão de espectadores. Ela, no entanto, foi homenageada no palco, ao vivo.

Nas várias etapas do Miss Universo Brasil, a primeira candidata trans foi a carioca Náthalie de Oliveira, 25. Ela disputou o Miss Rio de Janeiro 2019, representante do município de Bom Jardim, mas não levou a coroa.

“Sempre tive em mente que gostaria de participar do Miss Brasil de forma histórica, heroica, como estamos acostumados a ver nos desenhos animados e em jogos de videogame. Ser a primeira trans a participar de um concurso no qual nunca antes houve essa inclusão, já pode ser considerado meu superpoder”, disse Oliveira à época da disputa.

Nas últimas décadas, o mundo miss tem se autoproclama como uma instituição em constante desenvolvimento, que anseia por acompanhar a evolução social. Porém, a evolução social conta com entraves que os concursos não deveriam absorver se quiserem se ater a esse perfil em mutação.

De faixa a coroa

Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa.
Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa

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