Médica e miss, Rafaela Zanella critica comparações do novo coronavírus a gripe leve
Gaúcha de 33 anos afirma que a irmã foi diagnosticada com a doença
Gaúcha de 33 anos afirma que a irmã foi diagnosticada com a doença
Vencedora do Miss Brasil 2006, a médica gaúcha Rafaela Zanella, 33, se junta ao coro de cidadãos brasileiros em alerta com a pandemia. Além de ser mãe de duas meninas pequenas, o que já traz uma cautela a mais, a miss tomou um susto quando soube que sua irmã foi diagnosticada com a Covid-19.
“Minha irmã foi infectada em São Paulo, onde ela mora, e ficou realmente muito ruim. Parou de sentir gosto, cheiros, teve fraqueza forte, febre alta, falta de ar... Após duas semanas ficou melhor, e agora já está bem. Mas é muito difícil e angustiante sentir-se na iminência de perder um familiar próximo”, conta ela, que hoje trabalha em uma clínica particular com tricologia.
Formada em medicina desde 2012, Rafa sabe que o novo coronavírus não é brincadeira e toma todos os cuidados para proteger a sua família e todos com quem convive. E lamenta a postura de alguns governantes e pessoas que não estão dando a devida atenção à questão.
“Condeno qualquer político que tenda a incitar aglomerações ou que trate o coronavírus como uma gripe qualquer. A gente sabe que não é algo leve e acredito que esse tipo de posicionamento seja um desserviço à comunidade”, diz.
Ela ainda continua: “Tenho consciência de que temos problemas econômicos que se agravarão com essa pandemia. Logicamente acredito que precisaria ter um suporte muito maior do governo federal para amparar esses trabalhadores que não têm a possibilidade de ficar em casa e precisam se expor. Tanto amparar financeiramente quanto com EPIs [Equipamento de Proteção Individual], para poderem exercer o seu trabalho com o mínimo de estrutura”, desabafa.
Quando ela ouviu pela primeira vez sobre o vírus, estava de férias com a família no exterior. Inicialmente lhe pareceu algo um pouco distante, mas logo ela viu que estava mais próximo do que parecia.
“Assim que voltamos vimos que a pandemia era um fato e que não tinha como fugir. Começou a gerar um certo medo. Meus pais estão no grupo de risco, então estamos nos cuidando muito para não trazer nada para eles, principalmente para o meu pai que é diabético. E depois que você tem filhos, se preocupa mais com essas coisas. Tenho medo de morrer e não estar aqui para minhas filhas em algum momento.”
A miss, que hoje mora em Porto Alegre, concluiu em 2016 uma pós-graduação em dermatologia e atualmente faz doutorado na área de diagnóstico e tratamento de alterações do cabelo, especialmente na queda e enfraquecimento capilar. Nesse momento, no entanto, segue em quarentena em casa, com pouco contato com as pessoas de fora.
Natural de Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul, Rafa é conhecida em seu estado por ostentar a chamada tríplice coroa. O título é atribuído a ela por ter vencidos os três maiores concursos de beleza locais à época, e lhe rendeu muita popularidade por lá. São eles: Garota Verão, Soberana das Piscinas e Miss Rio Grande do Sul.
Rafa começou muito nova a participar de certames e, até o Miss Universo 2006, esteve em 13 disputas diferentes. Quando foi para o internacional, tinha apenas 19 anos e, mesmo assim, ficou classificada entre as semifinalistas, terminando em 13º lugar. Além disso, as bolsas de apostas de Los Angeles, onde ocorreu a edição, tinham ela como uma das grandes favoritas.
“O início de tudo foi com um curso de manequim que eu fiz. Esse primeiro passo se deu por incentivo da minha mãe, que queria que eu melhorasse a minha postura por eu ser muito alta e ter tendência a ficar curvada. A partir dali surgiu um concurso para ganhar um celular, e depois veio outro, e eu me interessei inicialmente em função dos prêmios. Mas depois gostei das disputas e também de ir a lugares e ser reconhecida, me apaixonei!”, relembra.
“Sempre vi essas competições como uma porta de fazer mais ações sociais, viver e conhecer coisas e pessoas que em outras oportunidades eu não teria. Em cada lugar que eu fui como Miss Brasil vivi carinhos diferentes e momentos inesquecíveis, aprendi muito. Outra coisa que valorizo muito dessa fase são as amizades que eu fiz. Até hoje tenho contato com as misses Piauí, Minas Gerais e Rondônia do meu ano.”
Sobre a possibilidade de o Brasil não ter uma candidata no Miss Universo deste ano, que ainda não tem data para acontecer, a médica lamenta. “Acho uma pena, pois uma miss pode fazer tanta coisa, elevar o nome de marcas, ajudar tanta gente e tantas instituições… Seria muito legal se tivéssemos uma TV e uma grande marca por trás.”
“Fico muito sentida com essa desvalorização, ainda mais por que hoje tem as redes sociais e facilidade para divulgar qualquer coisa. Há muito tempo que os concursos de miss deixaram de ser apenas sobre beleza física. Hoje a miss precisa se sustentar com voz, motivação e engajamento social, então é triste que não tenhamos candidata este ano.”
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