De faixa a coroa

Júlia Guerra, Miss Brasil Latina 2013, fala sobre sintomas e medos após pegar Covid-19

Gaúcha, ela vive em Manaus, um dos principais focos da pandemia no país

Júlia Guerra, que venceu o Miss América Latina Del Mundo 2013 Arquivo Pessoal

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No final de abril, a gaúcha Júlia Guerra, 30, tomou um grande susto quando identificou que poderia estar contaminada pelo novo coronavírus. Ela, que venceu o concurso internacional Miss America Latina del Mundo 2013, representando o Brasil, fez o teste e o temido diagnóstico positivo foi confirmado.

“Tive medo de adoecer a ponto de ter que ser internada, usar respiradores, essas coisas que dão um arrepio só de pensar”, relata ela, que graduada em quiropraxia, é hoje especialista em coluna vertebral, trabalhando em uma clínica própria na cidade de Manaus, um dos principais focos da pandemia no Brasil.

A miss contou à coluna que acordou certo dia sentindo algo que nunca teve antes. Muita dor no corpo todo, nas articulações, cabeça, garganta, peito, costas, além de dificuldade para mexer os olhos acompanhadas de febre.

“Quando me vi nessa situação, já imaginei que poderia ser o vírus, principalmente porque meu marido teve os mesmos sintomas dois dias antes. Mas tenho muita fé e me apoio em Deus sempre, nos bons e nos maus momentos”, conta ela, que afirma ter ficado debilitada por uma semana.

Nesse período, Guerra seguiu recomendações médicas de repouso, controle da febre com antitérmico, muita água e, acima de tudo, paciência e resiliência. A modelo conta ainda que os três primeiros dias foram os piores, pois teve crises de falta de ar que a deixaram com bastante medo.

“Estou sempre repleta de sonhos e planos, e um deles é engravidar no ano que vem. Portanto, preciso me cuidar. Espero que as pessoas levem a sério a pandemia, cuidem-se e façam de tudo para evitar a disseminação da doença. Como miss, um dos meus papéis é contar o que houve comigo para inspirar as pessoas a serem mais responsáveis”, destaca.

UMA MISS DE DESTAQUE

A gaúcha é um dos destaques do mundo miss dos últimos anos. Apaixonada por concursos de beleza desde criança, ingressou na carreira quando surgiu a oportunidade de representar sua cidade, Soledade (RS), na etapa estadual do Miss Brasil Universo, em 2010.

A disputa foi vencida por Priscila Machado que, mais tarde naquele ano, venceu o nacional e ficou em terceiro lugar no Miss Universo. E esse foi mais um motivador para ela seguir em busca de seu sonho.

“Depois do Miss Rio Grande do Sul Universo surgiu o Latina e acabei vencendo todas as etapas! Embarquei num sonho que nem condições financeiras eu tinha, sempre usei coisas emprestadas e guardava dinheiro para poder participar. Nunca fui a favorita, nem a mais bonita, mas sempre tentei me destacar pelos princípios e essência que carrego comigo, e deu certo”, conta ela que tornou-se Miss Brasil Latina.

Apesar de não ser muito popular por aqui, o Miss América Latina del Mundo é um grande certame de beleza, que atrai candidatas de vários países e olhares de todos os cantos do planeta. Como o próprio nome diz, o concurso celebra misses nativas de países da América Latina, além de meninas que tenha ascendência latina e morem em outros países, podendo assim representá-los.

“O Latina, como a gente chama carinhosamente, busca mulheres que sejam muito mais que um rosto e corpo bonitos. Ao falar e se expressar, é preciso mostrar conteúdo, sabendo abordar diversos assuntos e, sobretudo, cultura. Um dos objetivos é a miss representar uma história por trás da faixa que carrega.”

Para Guerra, vencer o Miss Brasil Latina e ter a oportunidade de representar o país foi, não só, uma honra, mas também algo que ela considera mágico. Quando conquistou a coroa no internacional, ela quebrou ainda um jejum de 13 anos, em que o Brasil não ganhava o título, o que deu um toque especial à vitória.

Sobre o atual momento da indústria de concursos no país, onde não há expectativa de uma candidata brasileira no Miss Universo deste ano, a miss diz acreditar que seja uma oportunidade do Latina crescer e aparecer.

“Isso depende muito do trabalho que a coordenação do nacional irá fazer, mas acredito que existam ótimas estratégias de divulgação que podem fazer isso acontecer.”

De faixa a coroa

Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa.
Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa

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