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Zapping - Cristina Padiglione
Descrição de chapéu

Filhas de Silvio Santos endossam DNA ao brincar em foguete

Nova chefona do SBT, Daniela Beyruti se entregou à gincana proposta pela irmã, Patrícia Abravanel, em cena que reforça legado do pai

As irmãs Patrícia Abravanel e Daniela Beyruti
Patrícia Abravanel brinca de ser Silvio Santos com a irmã, Daniela Beyruti, vice-presidente do SBT, no icônico foguete do 'Sim' ou 'Não', em edição comemorativa dos 60 anos do Programa Silvio Santos - Reprodução YouTube / Programa Silvio Santos
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São Paulo

De todas as cenas rememoradas e quadros revividos no palco do Programa Silvio Santos durante a edição comemorativa de seus 60 anos, a mais emblemática para apontar o futuro do grupo e do SBT certamente está sintetizada na imagem acima.

Nova vice-presidente do SBT, Daniela Beyruti se despiu dos protocolos de executiva para se entregar a uma das mais icônicas gincanas consagradas pelo pai na TV brasileira: a da cabine do foguete onde o participante deve responder apenas "sim" ou "não" quando uma luz se acender.

É cedo para avaliar a capacidade de administração das herdeiras de Senor Abravanel, mas o sarcasmo inofensivo e a disposição em rir de si, qualidades raras entre figuras de grande exposição, parecem estar assegurados nas duas pelo DNA do pai.

Ainda que Daniela conhecesse previamente as perguntas a que teria de responder, o que a gente chamaria de marmelada, o simples fato de ter se colocado nessa situação publicamente, sem que a irmã a poupasse da chance de se divertir com sua presença ali, já valeu a iniciativa.

Basicamente, a nova chefona do SBT, casada e mãe de três filhos, respondeu "Sim" à questão sobre ter mais um filho, "Não" à proposta de trocar o marido por Cauã Reymond, e "Não" diante da sugestão em trocar Celso Portiolli por Luciano Huck no elenco da emissora. Respondeu também com "Sim" à provocação de Patrícia de que seria ela a sua irmã preferida.

O pai diria que ela se saiu bem. Ao sair da cabine, Daniela afirmou que a coisa parecia fácil, mas não é.

O encontro de duas das seis filhas na gincana da cabine, aos olhos da mãe, Iris Abravanel, e das outras quatro irmãs, é uma cena que não aconteceria em outra emissora de TV, pelo simples fato de não haver outra estação criada a partir de um animador de auditório. Falta aos demais herdeiros o desprendimento que só o talento artístico é capaz de emprestar às obrigações corporativas impostas ao comando de grandes grupos.

Essa premissa também está presente em um dos slogans mais longevos da história do SBT, o da "TV mais feliz do Brasil", e se faz valer nos bastidores da emissora em seu dia a dia, uma rotina hoje mais adaptada a normas corporativas necessárias, mas que nasceu e cresceu em boa parte pela intuição do camelô que se tornou radialista e animador de auditório.

Na prova do foguete, enquanto o(a) candidato(a) ouvia música alta em um fone, sem alcance ao som de fora da cabine, Silvio Santos fazia perguntas sobre trocas de bens de consumo e mencionando marcas como o tênis Montreal, bicicletas Caloi e outros apetrechos. "Você quer trocar um alfinete por um patinete?", questionava. O auditório se esgoelava: "Nãããão!". Mas o confinado na cabine, sem ouvir, podia responder "Siiiiiim", colocando tudo a perder.

Isso era no tempo em que a publicidade não fazia restrições a merchandising em programas infantis, segmento a que se dedicava esse quadro, obra do Domingo no Parque. Mas o merchan nem era a alma do negócio na brincadeira. O segredo do seu sucesso estava no poder de sedução e persuasão do patrão.

Outros apresentadores tentaram ressuscitar a magia dessa gincana em seus programas, ao longo dos últimos 40 anos, em vão. Angélica tentou reviver a cabine do "sim" ou "não" já na Globo, mas a proposta não teve o mesmo efeito que tinha com Silvio, um comunicador muito acima da curva e vendedor dos mais eficazes que a TV já viu ao longo de décadas.

Aos 92 anos, Silvio só viu a performance de suas meninas do seu televisor, sem mais disposição para encarar seu auditório e as colegas de trabalho.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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