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Zapping - Cristina Padiglione

Galvão Bueno se despede da Globo com um 'até breve'

Homenageado em seu adeus como narrador da emissora no fim desta Copa, ele estará na Olimpíada de Paris

Galvão Bueno narra sua última partida de futebol pela Globo na final entre Argentina e França no Qatar, neste domingo - João Cotta/Globo
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São Paulo

Sim, você já viu esse filme antes pelo menos por duas vezes, no Brasil e na Rússia: ao encerrar mais uma edição da Copa do Mundo no comando da transmissão pela Globo, Galvão Bueno, 72 anos, principal voz do esporte da emissora desde 1981, diz adeus ao público com uma dúvida sobre a sua presença no mundial de futebol seguinte, dali a quatro anos.

A cena há de se repetir neste domingo, 18, finada a partida entre Argentina e França em Doha, com uma única diferença: ele agora pode assegurar ao telespectador que de fato não estará narrando a próxima Copa, na América do Norte, embora seja grande a possibilidade de testemunhar o evento mais uma vez em qualquer papel que não seja o de narrador.

Mas até esse texto ele já fez em 2018, dizendo que não saberia em que condições chegaria ao Qatar, mas garantindo que lá estaria. E assim foi feito.

Ao se despedir da Globo neste domingo, com direito a várias homenagens, desde o Esporte Espetacular, antecedendo o jogo da final, Galvão já sabe que seguirá sendo a voz oficial do esporte da Globo para anunciar os eventos mais relevantes transmitidos pela emissora, e mais uma vez dirá "adeus" com um "até breve".

A voz de Galvão anunciará, por exemplo, a volta da Taça Libertadores para a Globo a partir de 2023, e ele já está convocado pela emissora a testemunhar a abertura da Olimpíada de Paris, em 2024. Além disso, uma vez por ano, Galvão terá espaço e investimento para produzir um especial na emissora, a ser transmitido pela Globo e pelo SporTV.

Um novo contrato de dois anos foi assinado com a emissora, liberando o profissional da função de narrador, mas assegurando seu vínculo como voz oficial do esporte da casa e protagonista de um especial anual.

A direção da Globo já demonstrou interesse em renovar esse acordo em 2024, quando o documento expirar, dando-lhe ainda liberdade para faturar à vontade com publicidade e montar seus projetos como bem entender no streaming, onde ele pretende ter um canal.

Conforme disse em entrevista à Folha em agosto, Galvão quer seu "publisher" e tocar o seu espaço fora da Globo. Ele já tem um acordo assinado com a Play9, de Felipe Neto e João Pedro Paes Leme. O contrato com a Globo prevê exclusividade com a TV dos Marinhos apenas para a TV aberta.

Foi lá que ele ingressou em 1981, tendo se ausentado por menos de um ano, entre 1992 e 1993, quando foi contratado a peso de ouro pela Rede OM, empresa extinta pouco tempo depois e presente em São Paulo por meio da TV Gazeta.

Entre tantas vitórias narradas na tela do plim-plim, deu voz a todos os méritos de Ayrton Senna e de seu trágico destino em Tamburello, em Imola, em 1º de maio de 1994. Também gritou o Tetra e o Penta para o Brasil e outros tantos troféus de clubes e atletas brasileiros, sendo o profissional que mais anunciou troféus para o esporte brasileiro.

No Esporte Espetacular, o narrador recorda algumas de suas transmissões mais famosas em Copas e bordões que entraram para a história. No total, são 13 coberturas do evento, a primeira delas em 1974, ainda na TV Gazeta.

Na TV Globo, a estreia aconteceu em 1982. Na edição seguinte, narrou pela primeira vez uma partida da seleção brasileira no torneio, a vitória por 1 a 0 sobre a Argélia. Desde 1990, Galvão embala as partidas do Brasil. Também esteve presente em todas as finais de lá para cá chegando, neste domingo, a nove consecutivas.


"Eu desejo a quem venha na sequência a felicidade de ver grandes momentos e que eles fiquem marcados na voz desta pessoa. Temos grandes profissionais, mas os momentos são necessários para que eles fiquem marcados. Eu não poderia imaginar que fosse viver tantos e que eles fossem tão intensos", afirma Galvão, que narrou 94 gols da seleção brasileira em 53 jogos dela em Copas.

Luís Roberto, que estará no pré-jogo da final no Qatar, é o locutor que herdará de Galvão os jogos da seleção brasileira e as partidas da Libertadores com clubes brasileiros, mas a ideia da Globo é dividir parte do bolo de Galvão Bueno com outros profissionais da casa, sem mais concentrar tudo em um único nome. Como a Fórmula 1, antigo terreno do veterano, está na Band há dois anos, a tarefa fica mais simples.

Ainda no Qatar, a Globo, via GloboPlay, grava as cenas da despedida de Galvão para o documentário que mostrará sua trajetória, com estreia prevista para o primeiro trimestre. Também está previsto para o início do ano uma despedida formal do Bem Amigos, programa que ele comandou por 20 anos, no SporTV, e deveria ter sido realizado antes da Copa, não fosse o fato de o homenageado ter sido contaminado pela Covid.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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