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Zapping - Cristina Padiglione

Caco Barcellos revisita vítimas e familiares de casos do 'Rota 66'

Livro que inspira série do GloboPlay completa 30 anos e pauta o Profissão Repórter

O repórter Caco Barcellos em ação no Profissão Repórter
No Profissão Repórter, Caco Barcellos revisita os casos relatados no livro 'Rota 66', de sua autoria, que completa 30 anos - Divulgação/Globo
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São Paulo

O livro homônimo que inspira uma das melhores séries de ficção lançadas neste ano pelo GloboPlay, a recente "Rota 66", está completando 30 anos.

Para reforçar a efeméride e a relevância da série, o Profissão Repórter reencontra na edição que vai ao ar nesta terça-feira, 18, alguns dos familiares de vítimas e até um sobrevivente entre os casos relatados no vasto trabalho publicado por Caco Barcellos há três décadas.

"Rota 66 - A Polícia que Mata", enumera vários episódios de execução cometidos por policiais das Rondas Tobias de Aguiar, em São Paulo.

Cinco repórteres do programa acompanharam Caco na missão de localizar os entrevistados desta edição.

"Rota 66",o livro, é fruto da análise de dezenas de caixas de documentos vindos de cinco fontes diferentes, como mostra a série de ficção. Caco mapeou o perfil de 4.179 mortos pela Polícia Militar de São Paulo, entre 1970 a 1992. Destes, 65% nunca haviam tido envolvimento com o crime.

O repórter Chico Bahia acompanhou Caco nas gravações do caso dos três jovens de famílias de classe média alta de São Paulo que foram flagrados roubando o toca-fitas do carro de amigos, uma brincadeira entre eles, que foram perseguidos pelas ruas do Jardins, bairro nobre da cidade. Os jovens foram executados depois de bater o automóvel em que estavam em um poste.

Os policiais mexeram na cena do crime e deixaram um revólver ao lado dos corpos para alegar que houve troca de tiros com os agentes. O caso provocou muita repercussão por ter envolvido filhos de paulistanos influentes na cidade.

Foi a única vez que a Rota agiu assim num bairro rico da cidade. As demais vítimas se concentram na periferia, em geral tendo negros como vítimas.

O protagonista do filme "Pixote - A Lei do Mais Fraco" foi mais uma vítima da violência policial. Caco e a repórter Nathália Tavolieri localizaram uma amiga que tentou salvar a vida de Fernando Ramos da Silva. Antes de ser executado, aos 19 anos, ele pediu para não ser morto porque tinha uma filha muito pequena. Atualmente, Jaqueline Ramos da Silva conta como foi crescer sem o pai.

Numa rede social, a corretora de imóveis Joice Fritsch, filha de outra vítima, fez um comentário sobre o lançamento da série "Rota 66", protagonizada por Humberto Carrão, no papel de Caco’ : "Ansiosa para ver. A história do meu pai está no livro".

A repórter Danielle Zampollo acompanhou Caco neste encontro. Joice era muito pequena quando o pai foi executado na rua e chamado de bandido num programa de rádio. A mãe dela faleceu logo em seguida. Se não fossem o trabalho de investigação do repórter, ela jamais conheceria as circunstâncias da execução do pai.

E o repórter Thiago Jock participa da entrevista a um homem que sobreviveu ao ataque da polícia, José da Costa Lázaro, que mostrou as marcas no corpo dos oito tiros que levou. Ele conta como conseguiu enganar os policiais para chegar com vida ao hospital.

O Profissão Repórter começa logo após a série "Cine Holliúdy", na Globo. Já a série ficcional, produção da Boutique Filmes, está disponível no GloboPlay em oito episódios e vale a pena ser vista.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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