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Zapping - Cristina Padiglione

Negros na TV são 'demanda de mercado, não social', diz Lázaro Ramos

Diretor falou sobre a questão e o filme 'Medida Provisória' no Roda Viva

Lázaro Ramos e Vera Magalhães
O ator e diretor Lázaro Ramos no Roda Viva, programa apresentado pela jornalista Vera Magalhães na TV Cultura - Gregory Grigoragi/Divulgação
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Em boa entrevista ao Roda Viva nesta segunda-feira (11), Lázaro Ramos, 43, disse que mesmo diante de alguns avanços, ainda temos poucos negros na TV. Diretor do filme "Medida Provisória", que entra em cartaz nesta quinta (14) em cinemas de todo o país, o ator disse que o longa-metragem é a produção com maior número de negros na frente e atrás das câmeras que já foi feito no Brasil.

No filme, baseado na peça homônima de Aldri Anunciação, um decreto determina a deportação para o continente africano de todos os negros e descendentes de africanos, chamados como pessoas "de melanina acentuada".

Na TV Cultura, Lázaro sublinhou que a presença de negros na TV não é "uma demanda social", mas sim "uma demanda de mercado". "O público quer isso", disse. O ator afirma que sentiu isso durante os quatro anos que fez a série "Mr. Brau", com Taís Araújo, e quando fez a novela "Lado a Lado" e Foguinho, na novela "Cobras & Lagartos".

Ao explicar por que trocou de canal, deixando a Globo e assinando um contrato de exclusividade com a Amazon Prime Video, ele disse que a mudança ocorreu especialmente pela oportunidade de se colocar em novas funções. Embora tenha experimentado grande aprendizado pela chance que a Globo lhe deu de passar uma temporada em Los Angeles conhecendo diferentes narrativas para contar histórias com a presença de negros, foi na plataforma de streaming que ele encontrou a chance de realizar projetos mais autorais.

'EU SÓ QUERIA SER ATOR'

"Minha troca de trabalho se deu porque eu virei outra coisa", falou. "Eu trabalho há tanto tempo com isso e eu sempre quis ser ator, só que desde 2015, 2016, eu comecei a perceber que tem um outro ponto de vista sobre a maneira de contar histórias com negros e que isso não estava sendo explorado. E muitas vezes isso era visto como uma cobrança, um cerceamento da liberdade criativa, e não uma potência criativa.

As pessoas que assistirem a 'Medida Provisória' vão entender o que eu estou falando: é um filme que fala desses assuntos todos, mas ele brinca com linguagem. Começa como comédia, vai pra thriller e depois chega em drama. É um ponto de vista que eu fui desenvolvendo, e sem querer, porque eu não queria estar aqui nesse lugar, eu só queria ser ator.

Mas como eu vi que ninguém estava absorvendo isso, eu fui me capacitando. Aí, por exemplo, a Globo abriu portas pra mim pra coisas maravilhosas. Eu fui pra Los Angeles, passei 20 dias no set de 'This is Us'. Eu encontrei a Oprah, eu fui no Black Entertainment Television, eu comecei a estudar isso e eu não sabia pra quê."

O CASAL

Casada com Lázaro há quase 18 anos e protagonista de "Medida Provisória", Taís Araújo renovou contrato com a Globo por três anos e segue no time exclusivo da emissora. "Medida Provisória", ainda feito em coprodução com a Globo Filmes, é o último filme em que marido e mulher poderão estar juntos até 2025, salvo filmes publicitários feitos nesse período.

Taís, que esteve no centro do Roda Viva há pouco mais de um ano, acompanhou o marido ao estúdio da TV Cultura nesta segunda-feira (11), limitando-se à posição de espectadora presente.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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