A Band faz contagem regressiva para encerrar o longo reinado do pastor R.R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, de sua faixa nobre, após 19 anos. O horário será ocupado pelo novo programa de Fausto Silva na emissora, a partir do dia 17 de janeiro.

Poucos programas diários na TV duram tanto tempo. E não foram raros os diretores artísticos e de programação da emissora que, nesse período, tentaram se livrar do Show da Fé, mas a crise no caixa da emissora sempre falou mais alto que as apostas artísticas.

Ao longo dessas quase duas décadas, o pastor garantiu à Band um financiamento que não parecia possível alcançar ao certo por meio de outros conteúdos. A aposta em novas produções, sem a convicção que a emissora tem agora com Faustão, por exemplo, seria sempre um risco.

Afinal, R.R. Soares entrega um programa pronto, sem custos para a emissora, que ainda recebe boas cifras em troca daquela vitrine. Ao longo dos últimos quatro anos, no entanto, os valores oferecidos pelas igrejas para locação de horário na TV baixaram bastante.

As redes sociais, e em especial o WhatsApp, têm se mostrado mais eficientes e mais baratos, para as igrejas na distribuição de mensagens e na convocação aos fiéis para o pagamento do dízimo. Talvez por isso a Band tampouco tenha sido feliz em renegociar outro horário com Soares na faixa da madrugada.

Durante esses 19 anos, com o programa religioso exibido entre as 20h e às 21h, ou das 20h30 às 21h30, toda a audiência que a emissora atraía ao longo do dia, com relevante crescimento durante os noticiários de José Luiz Datena e do Jornal da Band, desmoronava a partir da entrada do Show da Fé.

Toda atração que vinha a seguir se via forçada a resgatar quase do zero a audiência espantada pelo programa religioso. Na Record, ocorre o mesmo na madrugada, tomada pela Igreja Universal do Reino de Deus. Vice-líder de audiência, a rede de Edir Macedo só perde para o SBT nesse horário.

Com a saída de Soares daquele espaço, apenas a RedeTV! e canais regionais, caso da Gazeta, em São Paulo, continuarão cedendo seu espaço mais nobre à locação de fé eletrônica.

Zapping - Cristina Padiglione

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Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).