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Colo de Mãe
Descrição de chapéu Família

Dia das mães se aproxima e traz à tona algumas feridas

Das mães que perderam filhos às que foram abandonadas: como tratar dessa maternidade que dói?

Das mães sozinhas às que não puderam gerar seus filhos: como abraçar quem sofre?
Das mães sozinhas às que não puderam gerar seus filhos: como abraçar quem sofre? - Fotolia
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São Paulo

Não há nada mais maravilhoso no mundo materno do que cheiro de filho. Tê-lo nos braços –pequenino ou não–, acolhê-lo, aconchegá-lo e saber que, em você, mãe biológica ou adotiva, mora cura de doença, amenização de dores e certeza de amor é a melhor sensação do mundo.

Na maternidade, a conexão entre mãe e filho é ambígua: vem imediatamente e também se constrói aos poucos. Algumas de nós gestamos os filhos, primeiro, no coração, por anos antes de tê-los. Outras, levam um susto com o resultado positivo e aprendem a amar de supetão. Mas, para todas, a construção do relacionamento e do amor materno é no dia a dia. Por isso, o cheiro do filho e essa sensação de que mãe cura tudo é tão gostoso.

Esse é o mundo mágico da maternidade, que se dissolve muito cedo para diversas mães, tarde para outras e que nunca se concretiza para uma boa parte. São mães que perdem seus filhos de repente, de sopetão e sempre cedo, o que aumentou com a pandemia de Covid-19; mães abandonadas por seus filhos; e mães que tentaram por anos gestar seus rebentos, mas são impedidas pelas forças da natureza, mesmo com o avanço da ciência.

Essas dores maternas se perpetuam dia a dia. Assim como as dores do cansaço e da doença sem ter auxílio de ninguém, em uma sociedade em que a igualdade de gênero serviu apenas para aumentar o trabalho que a mulher tem atualmente.

O Dia das Mães é um momento de celebração e alegria para milhares de nós. Ter filhos ao nosso lado, saudáveis e amorosos é o maior presente da existência humana, mas é um momento de muita dor para outras tantas mulheres. Para as que perderam filhos, para as que nunca os tiveram e para as que cuidam e criam sozinhas.

Quem gosta de celebrar a data, que a celebre. Mas não nos esqueçamos das mães que sofrem. Muitas não serão visitadas, há aquelas que vão apenas celebrar a memória de filhos que já partiram e há os filhos sem mãe. Os que foram abandonados, os que perderam a mãe cedo, os que a viram partir de forma triste e difícil e os que nunca conheceram mãe ou amor materno. O dia pode ser um momento de dor para aqueles que vivem relações tóxicas com suas mães.

Vamos dar um viva à potência feminina de dar à luz, sem nos esquecer da força dos relacionamentos humanos que, se mal conduzidos, só trazem tristeza.

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.

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