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Colo de Mãe
Descrição de chapéu Família

A pandemia de Covid-19 aumentou os desafios da maternidade

São poucas as mães e filhos que se livraram de viver situações difíceis após isolamento social

A volta das atividades não é, necessariamente, uma volta à normalidade; mães e filhos ainda carregam sequelas da pandemia - Valerii Honcharuk/Fotolia
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São Paulo

Escrever essa coluna é um dos primeiros e principais desafios da minha maternidade desde que a pandemia de Covid-19 começou. Escrever cansada, sem pirar, é outro desafio que encontro ao estar no mercado de trabalho.

O termo mãe cansada bateu recordes de buscas no Google em 2021, com a pandemia de Covid-19. O recorde passou, outros termos vieram, a pandemia está arrefecendo, mas o cansaço materno, não.

Isso mostra que o cansaço é o primeiro grande desafio na vida da maioria das mães, especialmente quando os filhos são pequenos. Coloquei em segundo lugar na minha lista atualmente porque (1) quando se está no mercado de trabalho os desafios em geral são ligados a ele e (2) minhas filhas estão um pouco maiores e já dormem bem.

Outro desafio materno é saber o que fazer em situações específicas voltadas a decidir a vida de um outro ser humano, mas cuja solução a mãe não teria nem se fosse para decidir a vida dela própria. E esse desafio é praticamente diário.

No mundo moderno, o último desafio parecia ser "como controlar o tempo de tela de um filho", até que veio a pandemia de coronavírus e acrescentou o desafio extra, maior e mais difícil de todos, e que tem se tornado o primeiro no topo da lista de desafios na vida de muitas mães: como fazer os filhos voltarem a conviver em sociedade como antes da pandemia?

Eu creio que ter uma vida igual é praticamente impossível. Todos, em menor ou maior grau, estamos lidando com sequelas da pandemia e isso inclui os nossos filhos. Se são muito pequenos, estão estranhando sair na rua e ver outros seres humanos. Se são maiores, estão estranhando como é a vida em sociedade, suas regras, seus relacionamentos e suas dores.

Para os jovens, o estranhamento é interno: aquela vontade de fazer tudo o que não conseguiu por causa das restrições coloca-os em uma atmosfera em que ou se jogam na vida de forma inconsequente ou se trancam num quarto, timidamente.

Sei que há um pequeno percentual de mães que estão livres desses problemas. Um percentual mínimo, eu diria, quase zero. E sei também que há um pequeno percentual de filhos que não enfrentou nenhum desafio pós-pandemia.

Não é o caso por aqui. Humores que oscilam, medos, dificuldades nas relações interpessoais, a vontade de descobrir o mundo, a crise econômica e o medo de perder pessoas queridas ainda nos rondam. Estamos tendo de lidar com tudo.

Eu, especialmente, tento conseguir orientar minhas filhas da melhor forma, muitas vezes, sem conseguir achar o meu caminho. A resposta do que deu certo ou errado chegará só daqui a alguns anos. Eis mais um desafio: esperar para saber o que deu certo.

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.

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