Colo de Mãe

As férias escolares chegaram, mas a mãe também sai de férias?

Torci para que o final de 2019 viesse; agora, não sei nem por onde começar

Crianças caminham na praia com boias de borracha em Narbonne-Plage, na França - Eric Cabins-03.jul.2019/AFP
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As férias escolares começaram oficialmente na última quarta-feira (11) em nossa casa. Foi o primeiro dia, em um semestre inteiro, que nenhuma das minhas duas filhas teve aula.

O fim total das aulas variou. São idades diferentes. Luiza, aos 12, no sétimo ano, fez as provas escolares e saiu de férias logo em seguida, no início da semana. Laura, 7, teve mais um dia de aula. E ela fez questão de ir!

O fato é que, mesmo quando só uma delas está na escola, mesmo que seja no último dia e estejamos sem lição de casa, sem precisar entregar nenhum trabalho e sem precisar estudar muito, a rotina segue sendo esmagadora.

Pois bem. No primeiro dia sem aulas, sem horários de entrada ou saída e sem precisar preparar o almoço, foi o primeiro dia de "trabalho" em outras tarefas da maternidade bem inglórias.

Foi dia de levar a mais velha ao endocrinologista. É isso mesmo. Chegam as férias escolares e eu, assim como muitas mães, aproveito para fazer o checkup anual. É hora de ir a pediatra, neurologista, endocrinologista, dermatologista e psiquiatra. É hora também de colocar em dia a série de exames que precisam ser feitos.

A realidade nua e crua --e que entra naquela lista de coisas que ninguém te conta sobre a maternidade-- é que mãe não tira férias. Logo mais, terei uma pausa no trabalho (após a exaustão dos plantões de final de ano), mas não dá para tirar férias da maternidade. Não dá para fazer de conta que o meu papel de mãe acabou.

Resultado? Vou para a correria, para a luta e para o embate. Tem histórico escolar para pegar na escola antiga, que era nova no início deste ano, pois fiz a seguinte manobra: mudei a mais velha de escola e, meses depois, levei ela de volta para a antiga.

Tem uniforme para comprar, material escolar para ser encomendado, mochila para ser escolhida e muitos boletos para pagar.

Com a proximidade do Natal, percebo que tenho apenas uma semana para comprar os "presentes do Papai Noel". Sim, a minha caçula ainda acredita (desacreditando) em Papai Noel. A mais velha está esperando só pela surpresa que terá na noite de Natal, porque a irmã sempre a inclui nos pedidos que faz ao bom velhinho.

Eu sei que faltam três semanas para terminar este insano ano de 2019, sei também que eu --e muitos brasileiros e brasileiras-- pedi para que este ano acabasse logo, para que 2020 venha renovar as esperanças, mas confesso que, agora, diante do meu desespero materno e de tanta coisa que ainda planejo fazer, tenho rogado para que as 24 horas de cada dia atual sejam mais longas.

Na minha oração desesperada após entender que não há férias da maternidade, há duas preces: que consiga fazer o que preciso e não enlouqueça. Amém!

Agora

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.

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