Colo de Mãe

Seja uma versão autêntica de mãe; todas as outras já existem

Com filha adolescente, tenho me redescoberto como ser humano e reforçado meus valores

Folhapress
 
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Descrição de chapéu Agora

A nossa história é única. E o jeito como lidamos com ela define as particularidades de nossas vidas em um mundo onde cada vez mais as pessoas são iguais.

A frase “seja você mesma, todas as outras já existem”, comum em redes sociais de psicólogos, autoajuda e autoconhecimento nunca fez tanto sentido para mim como agora, com uma filha adolescente.

Sou uma mãe que gosta de ser mesmo mãe de suas filhas. Isso quer dizer que eu não me considero amiga de balada e nem criança para entrar em piscina de bolinhas. Sou sim um ombro amigo e um porto seguro, mas sou, acima de tudo, quem guia a formação delas desde que nasceram. 

Mesmo quando eu não sei o que fazer —e assumo muitas vezes minhas fragilidades—, vejo que as meninas esperam as minhas decisões para que possam seguir em frente. Resumindo: buscam um referencial.

Mas, assim como todas, também passo por crises e, nestes anos de maternidade, foram muitas as vezes nas quais me perdi e que quis fazer igual, para me sentir parte de alguma comunidade ou grupo. Até que caí em mim.

Preciso ser autêntica, ser a melhor versão de mãe que eu puder. Sem medo, sem amarras e sem vergonha. Acreditando que tudo o que eu passei até aqui foi difícil, mas é o que me define como mãe.

A ficha caiu ou a chave virou quando, no último feriado, assistimos juntas ao simplório filme “Meninas Malvadas”. Esse filme bobinho fez parte da minha adolescência e, há pouco, voltou à moda em memes que minha Luiza, aos 12 anos, compartilha.

Confesso que a adolescência da minha filha, que tanto me assustava, tem sido divertida. Há os dias de mau humor e de hormônios à flor da pele, mas essa nova fase dela tem feito com que eu me reencontre com a adolescente que fui. Eu era uma menina diferente. Paupérrima, falava a todos que seria jornalista. Por conta disso, tinha poucos amigos. O fato é que eu era a esquisita da escola. 

Talvez por isso o filme com Lindsay Lohan tenha feito tanto sentido. É a história de uma adolescente que vai para a escola pela primeira vez aos 16 anos, pois tinha sido educada em casa, pelos pais, pesquisadores e estudiosos que moravam na África. Ao chegar na escola, deparou-se com um mundo de competição e rivalidade. E, para ser aceita, entrou neste mundo, provocando sofrimentos. 

Ao final, ela descobre que não adianta fingir ser quem não é ou tentar abrir mão de sua história para ser aceita. Ela aprende, a duras penas, que algumas pessoas gostam de você exatamente pelo que você é. E outras vão te detestar pelos mesmos motivos.

Com minha adolescente ao lado, percebi que, se já era importante ser autêntica —mesmo que doa e me faça solitária—, agora, mais do que nunca, eu preciso ser a melhor versão de mim que eu conseguir. Honrando a minha história e as lutas da minha família, sem fugir da batalha. Porque eu tenho duas garotinhas que se espelham na mãe. E elas precisam saber que não vale a pena abrir mão de si mesmas nunca. 

Agora

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem