Colo de Mãe

Ler para uma criança é ficar na lembrança dela para sempre

A leitura é um momento de cumplicidade entre pais e filhos

Dusan Petkovic/Fotolia
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Descrição de chapéu Agora

Abra um livro. Imite o som de um avião, faça barulho de foca. Ria do enredo. Chore com a história, se te emocionar. Não tenha vergonha. Na hora da leitura, vale tudo. A única coisa que não vale é deixar de ler para um filho.

A leitura, noturna ou diurna, ficará na memória das crianças e dos adolescentes como uma das coisas mais fascinantes da vida.

Eu guardo comigo, de forma emocionada, as leituras que meu avô fazia dos folhetos de cordel nas raras viagens de férias que fazíamos para o interior do Pernambuco quando eu era criança. 

Pedro, meu avô paterno, hoje muito doente, é autodidata, assim como Baldino, meu avô materno. Os dois aprenderam a ler e a escrever sozinhos. E, mesmo com pouco conhecimento, nunca deixaram de ler para os netos.

Em casa, a leitura faz parte da rotina das minhas filhas desde muito pequenas. Não por obrigação, mas por puro prazer. Quando as coloco para dormir, o livro é nosso companheiro.

As histórias nos unem. Há momentos em que me emociono com o que estou lendo. E choro. Elas percebem a emoção e, nessa cumplicidade, me percebem como ser humano, não apenas como a supermãe que tudo resolve.

Os livros nos fazem viajar e estar em outros universos. Recentemente, “viajamos” para o Paquistão e o Afeganistão, “estivemos” em Hogwarts, vivemos aventuras ao “voltar” no tempo, “participamos” de uma festa no céu, nos “tornamos” astronautas. 

Juntas, em nossas leituras, falamos sobre amor, medo, política, raiva e diversidade. Os livros nos unem. E, se há uma certeza na minha vida materna, é a de que elas vão lembrar de mim assim: lendo!

Por isso, não tenha vergonha. Pode ser que a história não lhe seja familiar. Pode ser que haja alguma dificuldade em articular as palavras da forma que foram escritas. Pode ser que, como eu, você chore. Só não deixe de ler para seus pequenos. E para os adolescentes também.

O tempo em que nossos filhos ficam do nosso lado, ouvindo nossas histórias e gostando dessa troca de afeto, é curto. Passa muito rápido. A infância, com sua imaginação com asas, é o período mais curto da vida do ser humano. E a adolescência é completamente conturbada. Aproveite ao máximo toda a troca de carinho que puder ter com eles.

Agora

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.

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