Ser mãe sem abrir mão de ser mulher também é possível
A sociedade não está acostumada com mães que se divertem; vamos celebrar e brindar nossas vitórias
Eu sou uma mãe apaixonada pelas minhas filhas —como todas as mães. Mas também não esqueço que sou um ser humano além delas, além da maternidade. Sou uma mãe que gosta de sair e me divertir. Sou uma mãe que tem uma profissão exigente, pois jornalismo necessita de muita dedicação.
Sou uma mãe que gosta de cozinhar e estar presente, algo que seria um pouco mais fácil se eu não trabalhasse diariamente. Sou uma mãe que faz lição de casa com as filhas. Que estuda junto para a prova enquanto acompanha a aprovação da reforma da Previdência. Sou uma mãe que gosta de ter amigos, que gosta de estar entre amigos.
Sou uma mãe que gosta de ler. Leio livros, jornais, revistas, bula de remédio... Leio de manhã, de tarde e de noite. E não é apenas pela força da profissão, mas por paixão e por saber que a leitura sempre nos leva além.
Sou uma mãe que gosta de ir ao cinema e ao teatro, que curte ver séries... E sou, acima de tudo, uma mãe que gosta de estar com suas filhas. Não terceirizo, não delego. Levo ao pediatra, dentista, balé, escola, ou seja, acompanho cada pedacinho do dia a dia delas.
Quando encontro meus amigos para conversar e descontrair, eles se espantam. Muitos dizem admirar minha energia. E confesso que eu mesma me olho e pergunto: de onde vem tanto gás? Não sei. Sei apenas que trabalho não é desculpa para ser ausente nem filho é desculpa para ser antissocial.
Sei também que cumpro com minhas responsabilidades maternas, profissionais, de filha, de mulher e amiga. Amamentei, vi os dentes nascerem, acompanhei os primeiros passos e as primeiras palavras, consegui estar nos primeiros marcos da infância, mesmo tendo que trabalhar bastante. Coisas das quais eu me orgulho. Coisas que comemoro!
Mas por que estou falando sobre tudo isso hoje? Porque ainda não é comum para a sociedade —e pasmem, nem para as mães— o fato de que uma mulher poder ser o que ela quiser. Que uma mulher pode ser mãe e profissional e que não será menos por isso.
Em todas as esferas, a sociedade ainda custa a aceitar que a mãe que sai para trabalhar pode, sim, ter filhos saudáveis. Por outro lado, a mãe que está no mercado de trabalho pode, sim, se dedicar e ter um bom desempenho.
Por isso hoje eu quero celebrar. Embora são poucos os que nos celebrem. Eu quero celebrar e brindar com todas as mães que são tudo isso e muito mais.
Quero que cada uma olhe para si e lembre de todas as vezes que foi feliz sendo mãe e de todos os momentos em que esteve plena mesmo após a maternidade. E se parabenize por isso. Os desafios maternos são individuais e cada vitória merece ser celebrada.
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