Colo de Mãe

Quando se é mãe, tomar café gelado é sinal de coração quente e laços fortes com os filhos

Filhos crescem, se casam, mudam de cidade, de país e o café junto se torna algo raro

Café da manhã
Rodrigo Azevedo/Divulgação
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Tomar café gelado é uma realidade materna tão certa quanto a dura verdade de que os filhos crescem e tudo passa. Desde que me tornei mãe de Luiza, há quase 13 anos, e de Laura, há sete, tomo café gelado quase que diariamente e não havia me tocado disso.

O fato é que o cuidado com as meninas é tão intenso que eu não havia percebido a quantidade de vezes que esquento o café e ele esfria, em apenas uma manhã, até eu desistir da bebida quente e, perto da hora do almoço, tomá-lo gelado mesmo.

Nesta semana, fiz uma brincadeira nas minhas redes sociais e publiquei uma receitinha de café gelado, para quem gosta: 1 - Tenha filhos; 2 - Faça café; 3 - Atenda seus filhos; 4 - Saboreie seu café gelado.

A brincadeira deu o que falar. Recebi muito carinho e empatia de mães que, como eu, tomam seu bom e velho café gelado e também me diverti com os pais que vivem o mesmo dilema ao criar seus filhos de forma participativa.

Uma das piadas foi especial. Um amigo, que não tem filhos, brincou, dizendo para eu esquentar o café no micro-ondas e tive que explicar a ele que, nos 30 segundos em que o aqueço, ouço a palavra “mãe” pelo menos três vezes. E olha que só uma das filhas fica em casa de manhã comigo.

Mas o comentário mais especial veio de uma mãe que já tem filhos criados. Essa mãe, que conheci nas redes sociais por causa da coluna, contou que suas manhãs com filhos pequenos costumavam ser como as minhas. Caos e café gelado era a lei.

E o que ela me lembrou é que os filhos crescem. Sim, eles crescem e nos deixam tomar café sossegadas enquanto dormem até mais tarde. Crescem e vão cedo para o trabalho, sem compartilhar mais o café da manhã conosco. Crescem, se casam, mudam de cidade, de país e o café junto se torna algo raro. Ocorre nos encontros em datas especiais.

Mas o que essa mãe me contou que me tocou de forma tão especial foi que ela e a filha, hoje com 35 anos, costumam se reunir à tarde para tomar café. Lembrei de mim e de minha mãe e de como é gostoso estar com ela.

Eu trabalho aos finais de semana e, quando tenho folgas durante a semana, separo tardes para ficar com minha mãe depois de deixar as meninas na escola. A gente toma café juntas, divide um pão de queijo, experimenta um bolo novo e fala.

Fala de como é bom ser mãe e de como os filhos crescem. Agora, eu entendo que café gelado é sinal de coração quente. E que, um dia, mesmo com filhas crescidas, os laços criados terão sido tão fortes, que serão aquecidos por cafés juntas.

Agora

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.

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