Colo de vó é melhor, mais aconchegante e necessário
É gostoso lembrar que eu sou filha, mas melhor ainda é saber que minha mãe é uma vó maravilhosa
Há um tempo, as semanas têm sido estranhas em nosso país. Não sei vocês, mas eu sinto um trator passar por cima de mim semana sim, semana não. São tantas notícias difíceis que meu HD cerebral mal consegue processá-las. Na última, uma triste notícia para mim e para quem gosta de um olhar poético e, ao mesmo tempo, real sobre o cotidiano: a escritora e atriz Maria Ribeiro não terá mais coluna quinzenal no jornal O Globo.
Cortou meu coração. Eu, que gosto tanto do que ela escreve, que me sinto tão acolhida pela maioria das palavras colocadas por ela no papel, senti-me só. Mais sozinha do que o normal, mais sozinha do que a maternidade nos deixa normalmente.
E, quando bate essa solidão, essa vontade de me esconder em um buraco depois de tanta baboseira (ouvir que criança tem de trabalhar é uma das coisas que mais me dói), o consolo é colo de mãe. Sim, porque eu também sou filha. E, graças a uma combinação mágica no universo, sou filha de uma nordestina forte e guerreira que está ao meu lado e de minhas filhas para o que der e vier.
Minha mãe faz de tudo: me ajuda a criar as meninas, prepara os melhores bolos do mundo, cuida da minha família, faz comida para os meus amigos e está sempre pronta para oferecer um ombro amigo. Dona Netinha, avó de Luiza e Laura, não é uma vó típica. Não é aquela avó que só mima e estraga os netos, muito pelo contrário. Ela puxa minha orelha e quer que eu faça o melhor pelas meninas, mesmo que elas reclamem muito. E tudo isso deixa o meu coração tão confortado.
Mesmo sendo a quituteira da família, ela não permite que as meninas se encham de comer doces. Minha mãe chega a contar a quantidade de frutas da semana na fruteira para saber se eu estou oferecendo as porções diárias para o desenvolvimento saudável de cada uma delas.
Mamãe é quem está comigo na hora de comprar roupas, escolher escola, preparar as festas de aniversário e ir ao hospital com elas.
Minha mãe me dá colo mesmo sem eu pedir e realiza o maior desejo que eu tinha na vida, que era o de minhas meninas terem o contato com a avó.
Eu não tive essa sorte. Minhas duas avozinhas moravam no interior de Pernambuco. Eu as via pouco, mas as amava muito. Luiza, a mãe de minha mãe, morreu há sete anos. Iraci, mãe do meu pai, morreu neste duro 2019.
Na última sexta (26), celebramos o Dia das Avós. Mal tive tempo de ver minha mãe, porque as semanas têm passado voando. Já minhas meninas se derreteram para a vovó. Disseram que a amam e a felicitaram pela data. Morrem de saudades dela nas férias. Nestas horas, sinto-me tão sortuda, porque colo de vó é muito melhor.
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