Amor incondicional não basta, mãe precisa saber matemática, história e superar toda a exaustão
A cada etapa superada, é precisa saber que ainda há chão pela frente
O ano nem terminou e eu já me sinto exausta. Logo na primeira semana de dezembro, vivenciei uma montanha-russa de emoções. Laura, a caçula, de seis anos, formou-se. Luiza, a pré-adolescente, de 11 anos, entrou em semana de provas. Eu, mãe orgulhosa, comemorava na redação a etapa vencida na vida de minha pequena quando uma companheira de trabalho, mãe mais experiente, com filhas na faixa dos 20 anos, me advertiu: “Você está comemorando cedo demais”.
Você estava certa, Alexa, foram poucas horas até eu saber que a vida de mãe ainda me reservará muita coisa. Minha mais velha se debruçou sobre os livros para as provas finais e eu mergulhei neste mundo com ela. Foi quando descobri que não basta ser mãe. Tem que entender de vários assuntos.
Não basta carregar, parir, amamentar e perder noites de sono. É preciso ter didática para ensinar os primeiros números e as primeiras letras. Não basta fazer comida saudável, é necessário que se entenda de Roma e Grécia, catetos e hipotenusas, e déficit habitacional. E esgoto e transporte público.
Não basta cuidar do quarto, dos horários, escolher a boa escola e garantir a alimentação adequada, é preciso saber a importância das guerras púnicas e como deve ser feita a leitura dos mapas.
Não basta ser mãe e trabalhar de dez a 12 horas por dia para garantir o sustento das filhas, tem que saber os “phrasal verbs” do inglês, os objetos e os cômodos da casa em espanhol e entender qual é a melhor forma de estimular a criança a escrever em letra cursiva.
Não basta ser mãe e se doar completamente, em uma livre demanda do amor que não acaba nunca, é preciso fazer resumos das matérias mais difíceis e consolar porque uma página do livro preferido rasgou. E também é preciso encarar que ainda há muito chão pela frente. Mesmo eu já estando exausta!
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