Colo de Mãe

Por mais que tentemos olhar os filhos como nossa extensão, eles são diferentes e autênticos

Eles são seres únicos, com seus próprios gostos

Família reunida durante café da tarde
Família reunida durante café da tarde - Fotolia
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Descrição de chapéu Agora

Os olhos são da mãe, o nariz é do pai, tem o cabelo do irmão e o sorriso da irmã. Quando a criança nasce, ainda na maternidade, começamos a fazer as conexões que identificam aquele pequeno ser humano como alguém vindo daquela família. Como o bebê só chora, mama, dorme e suja fraldas, a única coisa que conseguimos é determinar as semelhanças físicas com os demais seres humanos que são seus ancestrais.

Os meses passam e começam outras comparações. Dessa vez, já com a personalidade aparecendo. É brava como a mãe, comilona como o pai, preguiçosa como a tia, risonha como a irmã mais velha. Depois, passam-se os anos e, com os defeitos, uma família começa a acusar a outra: “esse gênio forte puxou o lado do pai”, diz a família da mãe. “Mas essa capacidade toda de fazer birra só podia ter vindo da mãe”, diz a família do pai. Todas tentativas de olhar nossos filhos como uma extensão de nós. Mas não.

Estamos criando seres humanos completamente diferentes e autênticos. Claro que herdam nossos genes, mas o código genético de cada um é único. Cada filho tem atitudes, gostos, posicionamentos e comportamentos diferentes. Podem ser gêmeos, podem ser irmãos com pouquíssima diferença de idade, podem ser irmãs grudadas, como as minhas filhas. Cada ser é realmente único. E a gente aprende isso vivendo.

Muitas vezes, queremos transferir para os filhos a nossa forma de encarar a vida e os nossos gostos. Ou insistimos em fazer tudo exatamente igual com cada um. A mesma escola, os mesmos amigos, os mesmos passeios, roupas parecidas e as mesmas festas. O que pode ser um erro. É preciso olhar para dentro do seu pequeno e entender o que cada um precisa.

Lá em casa, identifiquei que uma das meninas terá que mudar de escola. Luiza, a mais velha, é hiperativa, e vamos tentar com ela uma metodologia de ensino diferente, mais democrática, livre e não convencional. Já a Laura, a caçula, é mais focada e vai continuar na mesma escola, pois está se dando muito bem com o método tradicional de ensino.

E eu, como mãe, fico cada dia mais encantada com minhas meninas e mais grata ao universo e aos deuses que me confiaram cuidar de seres humanos tão diferentes, mas que são tão especiais e que me transformam. É uma experiência única na vida entender que seu filho não é você, não é o pai, tampouco os irmãos ou tios e avós.

É delicioso descobrir que, de dentro de você, saíram seres autônomos, com características próprias que, de alguma forma, contribuem para o caos e a harmonia do universo.

Agora

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.

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