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Biblioteca da Vivi

Cada ano é um livro que nos ajuda a compor quem somos e o que ainda queremos ser

Nem todos eles são felizes; mas há aqueles de que não esquecemos

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​Cada ano é um livro. Dentro de outro livro, que se divide em vários outros de diferentes gêneros. Cada ano é um livro que, como muitos dos que lemos, são apenas versões renovadas, mais ou menos maduras e com personagens diferentes. Há vilões, há mocinhos, há casos de amor e traições.

Há livros mais tristes, outros felizes. E ainda há aqueles que nos marcam para sempre –a ponto de não conseguirmos nos esquecer do título. Ainda que tantos outros passem sem deixar vestígios na memória, que teima em misturar histórias e personagens, muitas vezes criando acontecimentos espontaneamente.

Alguns são vividos intensamente, como se a realidade se renovasse num virar de páginas. Outros se arrastam e, para falar bem a verdade, nem desejaríamos ter lido. 

Mas todos esses livros que lemos, assim como os anos que vivemos, são essenciais para compor quem somos. Uma junção de leituras e vivências com o livre arbítrio de decidir quais serão os próximos títulos. E que, assim por diante, vão nos modificar mais e mais.

Para escolher, não existe uma fórmula mágica. Aquela sede ao pote de optar pela capa mais atrativa pode ser traidora e se revelar uma escolha errada, assim como um livro escolhido depois de muito pensar e se aconselhar pode decepcionar.

Só o momento pode nos dizer se o melhor será um policial ou uma autoajuda, um dramalhão ou uma coletânea de cronistas divertidos.

Quando eu tinha uns dez anos, minha mãe me deu uma edição da Ática de “Cachorrinho Samba” (1949), da brasileira Maria José Dupré. O livro me marcou. Bastou que virasse as primeiras páginas para que me envolvesse para sempre. E olha que eu não estava muito a fim de lê-lo, no começo.

Capa de "Cachorrinho Samba na Floresta"
Capa de "Cachorrinho Samba na Floresta" - Reprodução

Depois dele vieram muitos outros. Passaram-se 33 anos e um número muito maior de livros... até que me deparei com uma nova versão de “Cachorrinho Samba na Floresta”. Não gostei da capa, da letra, do jeitão do cachorrinho Samba...

Mas, no fim, essa nova versão não é melhor nem pior do que aquela que li: eu só não queria que a imagem que tenho dela mudasse nunca. E não vai, porque já nem eu sei mais o que é realidade e o que foi desvario.

Biblioteca da Vivi

Vivian Masutti, 35, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela USP (Universidade de São Paulo), onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa. No Agora, é coordenadora da Primeira Página.

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