Biografia de João de Deus descreve cirurgia sem anestesia e cura de doentes por 'milagre'
Livro publicado por antropóloga da USP revela médium analfabeto
O texto foi publicado originalmente em 23 de outubro de 2016.
Pouco mais de uma semana atrás, a atriz Camila Pitanga, que recentemente ente perdeu o colega de elenco Domingos Montagner, afogado no rio São Francisco, foi visitar o médium João de Deus em Abadiânia, no interior de Goiás.
Ela não é a única a se consultar com o “médium das estrelas”, famoso por curar visitantes e por praticar controversas cirurgias sem anestesia nem assepsia, com instrumentos rústicos, em que os pacientes ficam de pé e não sentem nenhuma dor.
É com uma visita da apresentadora americana Oprah Winfrey a Abadiânia, exibida em 2013, que Maria Helena P. T. Machado, professora do departamento de história da USP (Universidade de São Paulo) começa o livro “João de Deus - Um Médium no Coração do Brasil” (R$ 34,90, 216 págs., Fontanar).
A obra, autorizada pelo médium, vem sendo considerada a biografia definitiva de João de Deus e contém detalhes assombrosos de como ele opera (incorporado por espírito de luz).
“Foi difícil, um grande desafio para mim. Eu venho de área acadêmica, e o livro tem bom padrão de pesquisa, que foi o que eu aprendi. Mas foi escrito para um grande público. Foi um quebra-cabeça deixá-lo mais acessível”, conta Maria Helena, que não entrevistou João nenhuma vez.
A pesquisadora começou a frequentar a Casa Dom Inácio de Loyola –onde João atende–, convidada pela historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz. Depois da primeira viagem, passou a voltar.
E foi Lilia quem sugeriu que ela escrevesse o livro, o que, para Maria Helena, dependeu da autorização de João.
Do “sim” nasceu uma obra de linguagem simples e bem organizada narrativamente. Primeiro, ela apresenta a própria ligação com a Casa. Depois, narra a origem de João, sexto filho de um casal sem posses –e que ainda é analfabeto funcional.
"As pessoas estão lendo para ele. Todos estão gostando. Estou aguardando palavra final”, diz Maria Helena.
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