Bate-Papo na Web

Idosos relatam ter dificuldades em saber como usar a internet

Capacidade de aprender e reter novas informações diminui ao longo da vida

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Recentemente, um leitor idoso me pediu desculpas pela burrice, por não conseguir resolver um problema no computador. Outro dia, um amigo de 60 anos ficou envergonhado por não saber o que era hashtag.

Costumo receber das pessoas mais velhas relatos sobre dificuldades com a internet e com a falta de ajuda das pessoas em volta. Primeiro: não é vergonha não saber, não é burrice. Simplesmente, os idosos de hoje estão vivendo em um mundo novo que começou de repente, sem manual de instruções (quer dizer, os aparelhinhos têm manual, mas quem tem tempo para ler aquelas letrinhas miúdas?).

Segundo, lembram daquela máxima “ninguém nasce sabendo”? Pois é, esqueçam. Os idosos realmente não nasceram sabendo usar a internet e viveram muitos e muitos anos sem saber —até porque ela não existia. Já as crianças e jovens de hoje já nasceram sabendo, seja porque foram expostos desde cedo à tecnologia, seja porque as tecnologias estão cada vez mais intuitivas.

A questão é que a capacidade de aprender e reter novas informações vai diminuindo ao longo da vida. Não é impossível, só é mais difícil. É preciso paciência de quem está por perto para que os idosos se sintam confortáveis no nosso mundo, cada vez mais digital. E possam usufruir do que ele tem de melhor.

Filhos e netos: ajudem. Sim, os pais e avós se esquecem rápido, é preciso ensinar várias vezes a mesma coisa. Mas não foi assim quando vocês eram pequenos e os seus pais ou avós tinham que ensiná-los (muitas e muitas vezes!) a se vestir, comer, andar? Não é hora de retribuir?

Pensem que um dia (se tudo der certo), vocês também vão chegar lá, serão os velhinhos de amanhã. E que tal ser um velhinho e ter que aprender a dirigir um carro voador ou programar o sistema de teletransporte para não faltar nenhum pedaço do seu corpo do lado de lá?

Deem o exemplo para os seus filhos e netos e tratem os seus pais e avós como vocês gostariam de ser tratados um dia.
 

Agora

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Alessandra Kormann é jornalista, tradutora e roteirista. Trabalhou sete anos na Folha.
Desde 2005, é colunista do Show!, do jornal Agora.

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