Vitória de Thelma no BBB 20 mostra que há esperança para o Brasil
Brasileiros têm evoluído para país ser mais igualitário, menos racista e machista
"Mãe, há esperança para o Brasil." A frase é de minha filha mais velha, que tem 24 anos, ao ver a vitória da médica anestesista Thelma Assis, 35, no BBB 20. De fato, a edição foi histórica e há muitas interpretações possíveis para o fato de a audiência do programa não ter sido óbvia e não eleger uma blogueira famosa, por exemplo.
Podemos falar da conotação política do BBB 20 e dizer que foram votos contra o atual governo. Inesquecível a eliminação de Felipe Prior após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, elogiar o rapaz. No isolamento e com tempo para enviar mensagens e telefonar, a população garantiu o recorde de 1,5 bilhão de votos para mandá-lo para casa.
Também poderíamos afirmar que se tratou de voto feminista. Machos alfas brancos foram sucessivamente retirados da casa nesta edição, com fartos comentários sobre seus atos inapropriados.
Ainda temos a leitura de que a consciência racial avança. Há cerca de 60 milhões de mulheres negras e pardas no país. Elas representam 28% da população brasileira. No entanto, são, como chamou uma série de reportagens da Folha sobre o tema, a maioria invisível. A fatia mais estigmatizada da sociedade brasileira –e isso estaria mudando.
Mas prefiro a interpretação da minha filha. Esperança de que tudo isso e muito mais pode estar mudando.
Apesar de ainda haver uma minoria barulhenta pregando o retrocesso nos costumes, na ciência, no convívio básico entre as pessoas e até pedindo a volta da ditadura, milhões de brasileiros seguem evoluindo, tentando, mesmo que aos trancos e barrancos, mas tentando, fazer desse um país mais igualitário, menos racista, menos machista.
Ao iniciar minha breve passagem como colunista de BBB, avisei que só tinha acompanhado um outro, o BBB 5, que deu a vitória a Jean Wyllys, mais tarde eleito deputado federal e permanente defensor dos direitos LGBT.
Sigo sortuda. Ainda que não tenha instrumentos ou bola de cristal para prever onde vai dar a mudança ainda latente, é certo que presenciamos algo novo emergindo.
Thelma, obrigada.
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