'Ilha dos Cachorros' é alegoria bem-humorada de problemas sociopolíticos
Longa em stop motion de Wes Anderson estreia nesta quinta (19)
Diferentemente do que pode parecer, “Ilha dos Cachorros” não é uma animação infantil. Dirigido por Wes Anderson e premiado no Festival de Cinema de Berlim, o filme, que estreia nesta quinta (19) nos cinemas, é uma metáfora de questões sociopolíticas que atormentam o dia a dia do mundo adulto.
Na trama, todos os cães da cidade de Megasaki são infectados por um vírus e banidos pelo autoritário prefeito Kobayashi. Os animais são enviados para viver em uma ilha, que funcionava como um lixão da cidade.
Atari Kobayashi, um garoto que vive sob a tutela do prefeito, vai atrás de seu cão de guarda, Spots. Ele rouba um avião, foge para a ilha dos cachorros e começa sua aventura acompanhado de seus aliados caninos, dentre os quais está o rabugento vira-lata Chefe.
Enquanto isso, na cidade, um grupo de estudantes investiga a decisão do prefeito. Liderados pela estudante intercambista Tracy, eles descobrem intenções corruptas por trás das ordens de Kobayashi. Na verdade, a cura para a doença dos cães já havia sido encontrada e, ainda assim, o governo mantinha o posicionamento.
Ao longo da trama, os animais vivenciam situações grotescas, o que aumentou a censura da produção de autoria do diretor Wes Anderson para 12 anos. Em uma briga por montes de comida podre, por exemplo, um cachorro arranca a orelha do outro. Enquanto na vida real a cena é trágica, a ficção dá ares de humor macabro ao drama.
Os cães, extremamente personificados, são uma metáfora de humanos que foram obrigados a viver em condições insalubres. Assim, a “Ilha dos Cães” se torna uma alegoria que pode ser interpretada de diferentes maneiras, a começar pela semelhança da ilha com campos de concentração nazista.
A versão brasileira, distribuída pela Fox, é legendada. Nomes de peso como Scarlett Johansson, Bryan Cranston (o Walter, de “Breaking Bad”) e Greta Gerwig incluem o elenco de vozes originais. Também roteirista, Kunichi Nomura empresta a voz ao prefeito Kobayashi, e Koyu Rankin dubla o pequeno Atari —ambos personagens que falam japonês.
O filme foi gravado na Inglaterra, em Stop Motion, técnica que utiliza objetos reais para criar a animação. Para cada cena os bonecos são posicionados em diferentes posições e fotografados em sequência. É necessários cerca de 24 fotos para criar um segundo em movimento de um único boneco —para o filme foram criados, artesanalmente, mais de 1.000.
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