Ator de 'Round 6' diz que sucesso mundial da série o assustou: 'Minha família ficou preocupada'
Wi Ha-ju fala dos dilemas de seu personagem e diz o que faria com prêmio dos jogos mortais
Este artigo contém spoilers das duas temporadas de "Round 6".
Há quatro anos, o ator Wi Ha-jun estava se sentindo desesperado. Na época, Wi, agora com 33 anos, estava lutando para conseguir um papel de destaque e ansiava por uma mudança.
Mas, um dia, ele ouviu falar de "Round 6", um drama distópico em que pessoas sem esperança competem pela sobrevivência jogando jogos infantis coreanos, os mesmos jogos que Wi gostava quando criança: Batatinha Frita 1, 2, 3; Dalgona; cabo de guerra.
Após conversar com o criador e diretor, Hwang Dong-hyuk, Wi decidiu tentar um papel. No dia de sua audição, ele estava com uma erupção no rosto e usou um chapéu para tentar escondê-la. Mesmo assim, conseguiu o papel.
"Sou do tipo que fica nas nuvens nos primeiros cinco segundos e, depois disso, começo a me preocupar", disse Wi através de um tradutor de sua casa em Seul, Coreia do Sul. "Estava bastante preocupado sobre como iria desempenhar esse papel e como deveria retratar esse cara."
Os fãs de "Round 6", que voltou para uma segunda temporada no final de 2024, conhecem Wi como Jun-ho, o detetive policial silencioso e ousado com um maxilar esculpido. Enquanto ele se infiltra nos jogos em busca de seu irmão, descobre detalhes chocantes sobre uma operação de tráfico de órgãos e informações ainda mais surpreendentes sobre a identidade de seu irmão, In-ho (Lee Byung-hun), que se revela ser o gênio do crime por trás da operação.
Um confronto intenso entre os dois irmãos termina com Jun-ho sendo baleado no ombro e caindo de um penhasco.
À medida que "Round 6" se tornou um fenômeno internacional, Wi também se destacou. Ele conquistou patrocínios de marcas, recebeu convites para outros programas e acumulou milhões de seguidores no Instagram.
"Eu nunca esperei que fosse ser tão grande", disse ele. "Então fiquei surpreso todos os dias com as notícias que saíam, e não podia acreditar que um conteúdo coreano pudesse ser uma sensação global tão grande."
A fama também trouxe uma nova pressão para atuar. "Senti que estava realmente vivendo meu sonho, mas também pensei: ‘Isso realmente está acontecendo?’", disse ele. "Minha família e amigos ficaram realmente preocupados comigo porque eu não estava apenas curtindo o processo. Também senti muito estresse."
A segunda temporada começa com Jun-ho cerca de três anos após seu encontro com o irmão. Trabalhando como policial de trânsito, ele passa seu tempo livre procurando o paradeiro dos jogos até que sua busca o leva a Gi-hun (Lee Jung-jae), o único a sair vivo do concurso anterior. Os dois se unem para tentar derrubar a organização que promove a competição, mas rapidamente fica claro que estão em desvantagem e superados —meros jogadores em um jogo maior e mortal.
Em uma recente entrevista em vídeo, Wi falou sobre as motivações de Jun-ho, como se preparou para o papel e como gastaria o prêmio de "Round 6". Abaixo estão trechos editados da conversa.
Quando você recebeu o roteiro da primeira temporada, o que o atraiu no personagem de Jun-ho?
Acho que ele tem um bom senso moral. Ele gosta de fazer o que é certo. Ele tem um senso de justiça. E por ser um detetive, ele também sente esse senso de dever, o que achei muito legal. Tenho um irmão mais velho na vida real, então pude sentir essa relação que ele tem com o irmão. E Jun-ho se infiltra nesse grupo criminoso e arrisca sua vida para garantir que as pessoas não sejam mais sacrificadas. Achei isso muito legal, e eu gostaria de fazer o mesmo se estivesse no lugar dele.
Seu irmão mais velho assistiu ao programa?
Ele assistiu à primeira temporada e é um grande fã do programa. Ele me disse que Jun-ho é um papel que combina bastante comigo. Mas ele ainda está esperando pela segunda temporada, já que não dei a ele nenhum screener, e disse que ele tem que assistir quando for lançado. Então ele está ansioso esperando o lançamento da segunda temporada.
Como você se preparou para esse papel?
Jun-ho não é um cara muito expressivo, e ele precisa manter a calma e a cabeça fria em qualquer circunstância que surja. Então achei importante garantir que a interpretação fosse detalhada e sutil, para que houvesse aquela pequena mudança que você pode sentir nele. Achei muito importante me imergir no estado mental do personagem e nas emoções que ele sente em sua jornada. Também me bronzeei e malhei mais para fazê-lo parecer mais forte por fora, mas o mais importante, meu foco foi no que ele sente por dentro.
Ao começarmos a segunda temporada, quais são as emoções que Jun-ho está experimentando?
Depois de ter sido baleado pelo próprio irmão, passaram-se cerca de dois ou três anos quando a segunda temporada começa. Acho que ele deve ter se sentido muito solitário e devastado nesses dois ou três anos porque todas essas coisas horríveis aconteceram, e ele viu com seus próprios olhos. Ele viu pessoas morrerem e sabe que o líder do grupo criminoso é, na verdade, seu próprio irmão. Então acho que foi uma tortura para ele processar tudo isso.
E, na segunda temporada, ele não tem provas, então está sozinho rastreando essas pessoas e rastreando seu irmão. Ele está nessa jornada, completamente sozinho, devastado, solitário, ferido, endurecido. Tentei perder um pouco de peso antes do início da segunda temporada para garantir que ele tivesse essa aparência devastada e solitária, e também me barbeei menos.
Por que Jun-ho esconde a identidade de seu irmão da polícia e até de sua própria mãe?
Acho que esse é o maior dilema que ele teve. In-ho é seu irmão mais velho, mas ele também é um criminoso muito malvado. Ele é sua família, mas também é um policial ao mesmo tempo, então ele está dividido entre os dois papéis. E acho que esse dilema realmente o torturou até o fim.
O que o motiva a continuar procurando por seu irmão? É amor? Ódio? Uma mistura de ambos?
Claro que ele admirava e amava seu irmão desde muito jovem. Mas acho que ele também sentia um pouco de pena dele porque acabou se tornando esse cara. Então ele queria saber por quê, o que levou In-ho a se tornar esse cara mau. Ele precisava descobrir isso como membro da família, como detetive e como ser humano que testemunhou todas as atrocidades dos Jogos Mortais. Então ele sabia que precisava acabar com o Round 6, e era isso que ele estava tentando fazer. E acho que essa emoção é muito complexa. É um pouco de amor. Também é um pouco de raiva contra seu próprio irmão. E também como policial, ele sentiu um senso de dever de realmente chegar ao fundo das coisas.
No episódio final da segunda temporada, descobrimos que o capitão do navio que estava ajudando Jun-ho a procurar a ilha é, na verdade, um dos vilões. Que impacto isso terá em Jun-ho daqui para frente?
Na segunda temporada, Jun-ho estava tentando localizar a ilha por todos esses anos, mas não conseguiu, então talvez tenha sido um ponto de frustração para os espectadores também. Mas quando descobrem que o capitão é um dos vilões, finalmente entendem por que Jun-ho não conseguiu localizar a ilha. E na terceira temporada, mais sobre o capitão será revelado. Haverá reviravoltas e, por favor, aguardem ansiosamente o relacionamento entre Jun-ho e o capitão na terceira temporada.
Agora que você teve esse papel de destaque, para onde vai a partir daqui?
Fiz muitos personagens muito sombrios e fortes. Para meu próximo projeto, adoraria tentar uma comédia romântica. Além disso, se eu tiver uma oportunidade, adoraria me aventurar em Hollywood e fazer alguns filmes de ação.
Se você ganhasse o Round 6 e os 45,6 bilhões de won (cerca de US$ 31 milhões ou mais de R$ 191 mil) em prêmio, como gastaria?
Eu doaria metade e, com a outra metade, gostaria de construir um centro de fitness de ponta onde eu pudesse fazer treinamento de peso e treinar minhas habilidades de artes marciais mistas.
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