Astro da vez em Hollywood, Glen Powell quer dar aos estúdios (e ao público) o que eles desejam
Hoje considerado sucessor de Tom Cruise, ele foi dispensado pela primeira agência e lutou por anos para se estabelecer na indústria cinematográfica mais importante e disputada do mundo
Glen Powell, 35, está vivendo o seu momento em Hollywood. Ele ficou nu em um penhasco com Sydney Sweeney em "Todos Menos Você" no Natal. Atualmente, está estrelando "Assassino Por Acaso", uma comédia-drama-thriller-romance da Netflix. E, em julho, estará fugindo de tornados de grande orçamento em "Twisters".
Mais uma superestrela em ascensão? Eu pensei que ele fosse um atleta burro que entrou em uma carreira cinematográfica por sua boa aparência.
Encontrei Powell para um café da manhã em abril. Ao longo das 2 horas e meia seguintes, uma pessoa cativante emergiu. Ele desmontou minhas suposições cínicas uma a uma —começando com a ideia de que ele entrou facilmente em uma carreira cinematográfica.
Na verdade, ele lutou por anos para se estabelecer em Hollywood. Sua primeira agência o dispensou. "Você vai ter sorte se for escalado como um corpo morto em um programa policial", Powell ouviu após o rompimento.
Também ficou claro por que os estúdios finalmente começaram a ver Powell como um sucessor de vendas de ingressos para Tom Cruise e outras estrelas de ação envelhecidas (ou problemáticas). Powell tem uma mente afiada para os negócios e, pelo menos por enquanto, os dólares de bilheteria o motivam mais do que prêmios. Ele também adquiriu um pouco mais de robustez com a idade, tornando-se um protagonista mais crível.
"Para ser um sucesso duradouro em Hollywood, você tem que fazer as pessoas ganharem dinheiro", ele disse. "Você tem que pensar: 'Quem é o público para isso? Está dando às pessoas uma razão para comprar ingressos?'. E, se você não tiver uma resposta muito clara, siga em frente, não importa o quanto você possa amar o roteiro ou querer trabalhar com o diretor."
Powell continuou. "Filmes pequenos e íntimos também estão na minha lista de coisas que quero fazer", ele disse. "Mas 'reassistível' é uma palavra importante. É aqui que acho que os atores que querem ser sérios erram. Se torturar e mostrar o quão sério você pode ser —as pessoas muitas vezes não reassistem, o que tira todo o poder disso."
Você tem que entender: atores quase nunca falam assim. Eles geralmente insistem que seus planos de carreira envolvem "deixar as coisas acontecerem", talvez sentindo que ter ambições de bilheteria poderia levá-los ao fracasso. Powell é o oposto.
"Se você quer essa carreira, parte do seu trabalho —uma grande parte— é fazer tudo o que puder para ajudar a vender seus filmes", ele disse. "Fazer publicidade importa. Você tem que dar às pessoas uma razão para se importar."
Em conluio com Sweeney, sua colega de elenco em "Todos Menos Você", Powell trabalhou agressivamente no circuito de publicidade para apoiar o filme, resultando em uma campanha promocional que beirava a arte performática. "Todos Menos Você" teve uma abertura terrível (US$ 6 milhões, ou R$ 32 milhões, em três dias), mas acabou arrecadando incríveis US$ 220 milhões (quase R$ 1,2 bilhão).
"Eu sei que é muito", ele me disse, falando sobre sua carga de trabalho, "mas estou meio que indo com tudo agora por um motivo. Há um momento em Hollywood em que você tem capital político, e você tem que gastá-lo antes de perdê-lo."
Powell se inscreveu para um número vertiginoso de projetos (enquanto recusava outros —a contragosto, ele disse— incluindo novos capítulos das franquias "Jurassic Park" e Jason Bourne). Sua agenda de filmes inclui "Huntington", um thriller dramático da A24, e "Monsanto", um drama jurídico produzido por Adam McKay (de "A Grande Aposta").
Powell também está definido para estrelar um remake de "The Running Man", um sucesso menor de Arnold Schwarzenegger de 1987, e talvez uma versão reformulada de "O Céu Pode Esperar", a comédia de troca de corpos de Warren Beatty de 1978.
Seus trabalhos na televisão incluem uma série sobre "Butch Cassidy and the Sundance Kid" para a Amazon —com ele no papel de Robert Redford — e "Chad Powers", uma série cômica da Hulu sobre um jogador de futebol americano universitário.
Powell, é claro, também está pronto para se reengraxar a qualquer momento para "Top Gun 3", depois de interpretar o piloto arrogante Hangman em "Top Gun: Maverick" com grande aclamação. Uma sequência da sequência está em desenvolvimento na Paramount Pictures.
E há mais filmes em gestação: J.J. Abrams não dirige um filme desde 2019, mas tem um projeto secreto em andamento e Powell está em negociações para interpretar o papel principal.
"Acho que Glen mal começou a arranhar a superfície do que é capaz de fazer na tela", Abrams disse recentemente à Hollywood Reporter, acrescentando: "Ele não é apenas um ator, mas também um escritor e produtor legítimo".
Powell ajudou a produzir "Assassino Por Acaso". O "atleta burro" (mea culpa!) também coescreveu o roteiro com Richard Linklater.
Eles basearam o roteiro vagamente em um artigo de 2001 da Texas Monthly sobre um homem de modos suaves que trabalhava disfarçado para a polícia de Houston como um assassino fingido. Ao longo de uma década, mais de 60 pessoas o contrataram sem suspeitar; ele usava um microfone para reunir evidências para usar contra elas no tribunal.
O resultado é parte comédia pastelão e parte "Corpos Ardentes", com um toque de "Borat". As críticas foram incríveis, provocando conversas antecipadas sobre prêmios. "Glen é uma das pessoas mais curiosas que já conheci, o que faz dele um colaborador incrível", disse sua colega de elenco em "Assassino Por Acaso", Adria Arjona. "O roteiro que ele escreveu com Rick era tão inteligente e tão diferente de tudo que eu já tinha lido. Ele pode produzir. Ele atua incrivelmente. Ele tem tipo oito ou 12 abdominais. Glen tem tudo."
A ascensão de Powell em Hollywood começou em 2015 com "Scream Queens", uma série de televisão de comédia e terror. O programa durou apenas duas temporadas, mas sua atuação como um estudante universitário supersexualizado chamou a atenção. "Lembro de dizer a ele no final: ‘Você vai ser uma grande estrela de cinema’", lembrou Jamie Lee Curtis.
Talvez porque Powell seja do Texas (e tenha um leve sotaque para provar), ele é frequentemente comparado a Matthew McConaughey. "Carne vermelha para estados vermelhos", como descreveu um executivo de marketing de estúdio Powell para mim.
Machismo é um clichê de Hollywood por um motivo: funciona. Powell intensifica essa parte de sua personalidade conforme necessário. "Meu trabalho não é desbancar a fantasia, mas sim me tornar a fantasia", como seu personagem diz em "Assassino Por Acaso".
Fiquei surpreso ao saber que Powell foi um ator mirim. Em 2003, quando tinha 14 anos, ele conseguiu seu primeiro papel no filme como "garoto de dedos longos" em "Pequenos Espiões 3: Game Over".
Em 2006, sua mãe o levou para Shreveport, na Louisiana, para fazer um teste para Denzel Washington, que estava dirigindo e estrelando "O Grande Debate". Powell conseguiu o papel —e um agente poderoso: Ed Limato, que representava Washington. Um ano depois, Limato ligou para Powell em seu quarto na Universidade do Texas em Austin.
"Ed disse, ‘Se você vai arriscar uma carreira de ator, agora é a hora de fazer isso’", disse Powell. Ele então largou a faculdade e se mudou para Los Angeles em 2008. Mas Limato morreu dois anos depois, deixando Powell sem um defensor.
Foi um momento difícil para o jovem texano, que se sustentava treinando esportes comunitários e fazendo pequenos trabalhos de atuação (um comercial da Dockers, um episódio da série de TV "Jogo de Mentiras").
Powell recuperou o equilíbrio, primeiro com "Scream Queens" e depois com papéis pequenos, mas notáveis, em "Estrelas Além do Tempo" e "Jovens, Loucos e Mais Rebeldes", este último também de Linklater.
Pouco depois de Powell se mudar para Los Angeles, Limato o apresentou a Lynda Obst —uma colega texana e produtora de cinema. Ela contratou Powell como estagiário; foi assim que ele aprendeu como Hollywood funciona.
"Ele era adorável —charme fora do comum", lembrou Obst. "Mas isso não foi o que me impressionou, e não é por isso que ele está tendo sucesso."
Ela disse: "Atores podem tentar ser charmosos, mas não podem tentar ser inteligentes. Glen é inteligente e aprendeu sobre desenvolver roteiros e a estrutura de filmes. Isso o tornou independente e astuto."
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