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Cinema e Séries
Descrição de chapéu Filmes

Filme faz pensar: Você deu bom dia ao porteiro do seu prédio hoje?

Comédia mostra a rotina e homenageia profissionais muitas vezes invisibilizados no dia a dia das grandes cidades brasileiras

Cena do filme 'O Porteiro' - Laura Campanella/Divulgação
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São Paulo

Moradores de condomínios, quantas vezes seu porteiro já te ajudou a resolver um probleminha em casa? Consertou um vazamento ou levou a pizza no seu apartamento? Ainda assim, na correria do dia a dia, você sabe o nome dele? Costuma cumprimentá-lo?

Em "O Porteiro", filme dirigido e roteirizado por Paulo Fontenelle e estrelado por Alexandre Lino, o profissional é trazido como uma figura importante no cotidiano dos muitos condôminos do Brasil. Originalmente um monólogo para os palcos, foi montado a partir de diversas entrevistas com porteiros nordestinos no Rio de Janeiro ou São Paulo, inspirações para o personagem principal.

No longa, Waldisney (Lino) é um profissional atrapalhado, que precisa provar para o delegado (Maurício Manfrini) que não tem nada a ver com o assalto ocorrido no prédio onde trabalha. O ator diz ao F5 que esse destaque é novidade na dramaturgia nacional: "Colocamos essas pessoas, geralmente coadjuvantes, no protagonismo".

Cacau Protásio, que se consolidou na TV pelo papel da faxineira Zezé em Avenida Brasil (Globo) e repete a profissão com a personagem Rosivalda, no filme, concorda: "Quando a gente vai fazer participação de porteiro ou empregada, eles nunca têm nome. Demos identidade, contamos a história deles".

A VEZ DELES

Antes da estreia, a produção organizou uma sessão exclusiva para porteiros em São Paulo. O F5 também quis saber o que os próprios acharam da representação. Thiago Ferreira, 29, porteiro em edifício da zona oeste de São Paulo, disse ter se identificado com o filme.

"A correria no dia a dia, atender interfones, não poder deixar a portaria sozinha...", enumera, num tom de "opa, isso acontece direto". Assim como em uma das cenas, ele contou já ter presenciado uma situação íntima de um casal nas escadas de incêndio de um prédio. "Tudo sobra para o porteiro", brinca.

Raiany Sales do Nascimento, porteira na zona norte do Rio de Janeiro, também disse ter gostado do que viu. "Confusão é o que não falta em um prédio mesmo", reconheceu, para em seguida fazer um comentário interessante: "o porteiro é quem sempre mantém a bagunça organizada".

COMÉDIA NACIONAL

Na coletiva de imprensa dedicada ao lançamento do filme, os atores evidenciaram que estavam "entre amigos" na produção. De fato, a maioria faz parte de um grupo já consolidado na comédia nacional, participantes de programas como "Vai Que Cola", "A Sogra Que Te Pariu" e "A Praça É Nossa". Contudo, a direção fez questão de quebrar a expectativa da audiência com relação a alguns deles.

Suely Franco, aos 74 anos, interpreta Dona Alzira, uma vizinha que recebe reclamações por expelir uma fumaça suspeita —aquela marolinha marota—, pela janela e é flagrada sob efeito de um certo cigarrinho artesanal, num momento "Tapa na Pantera". Maurício Manfrini, por sua vez, deixa Paulinho Gogó de lado e atua como um delegado sério, que investiga a confusão no prédio.

Aline Campos, que começou na TV como dançarina do Faustão e fez sucesso em uma propaganda de cerveja, aparece como uma estudante de psicologia. "O cinema está me dando a oportunidade de mostrar que eu não preciso sempre fazer a personagem da gostosa para brilhar", disse ela.

No entanto, o protagonista é quase a personificação de um estereótipo: nordestino e semianalfabeto, que foi em "pau de arara" buscar trabalho no Rio de Janeiro. "Mais de 80% dos porteiros no eixo Rio-São Paulo são migrantes nordestinos. Uma grande parte são pessoas que não estudaram", diz Alexandre Lino.

O ator completou a fala dizendo que todos eles, que foram ouvidos para a construção do personagem, possuem um foco em comum: "o grande objetivo do Waldisney é formar as filhas. E fazer com que elas tenham o poder de escolha, que nem ele, nem a mulher tiveram".

O elenco também é estrelado por Daniela Fontan, como Laurizete, Rosane Gofman, como Dona Adelaide e José Aldo, que faz uma participação especial como ele mesmo. O filme, baseado no espetáculo homônimo do mesmo diretor e protagonista, em cartaz nos teatros há seis anos e já apresentado em mais de 40 cidades, chega aos cinemas em 31 de agosto.

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