Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Cinema e Séries
Descrição de chapéu Filmes

'Dois Tempos' usa troca de corpos entre jovens de 1922 e 2022 para refletir sobre papel da mulher

Irmã de Sheron Menezzes e protagonista do filme 'Medusa' estrelam nova série do Star+

Cecília (Mari Oliveira) e Paz (Sol Menezzes), as protagonistas de 'Dois Tempos' - Divulgação
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Séries como "As Telefonistas" e "Coisa Mais Linda" já deram belos exemplos de como o empoderamento feminino pode ser incluído em tramas de época. Em "Dois Tempos", série brasileira que estreia nesta quarta-feira (10) no Star+, o desafio é levar essa discussão para uma trama centrada em adolescentes.

Protagonizada por Sol Menezzes (irmã de Sheron Menezzes, protagonista de "Vai na Fé") e Mari Oliveira (protagonista do longa "Medusa"), a produção coloca duas jovens de personalidades opostas —e de décadas diferentes— trocando de corpo. Uma delas é Paz (Sol), considerada a influencer mais popular do Brasil e campeã de engajamento. Ela acaba se tornando líder de uma escola de formação de novos influenciadores em um casarão antigo na fictícia cidadezinha de Água Marinha.

A abertura do negócio na mansão tombada pelo patrimônio histórico não será tranquila. Preocupadas com a preservação do local e contra o enaltecimento de webcelebridades superficiais, dezenas de jovens vão às ruas contra Paz. Esse é o enredo que conduz os oito episódios da produção.

No outro arco narrativo, Cecilia (Mari) é uma jovem de 1922, lésbica e retraída, que se vê obrigada a se casar com um homem por conta de uma herança familiar. Após uma viagem no tempo imposta por uma maldição local, um belo dia, uma acorda no corpo da outra.

Para construir a garota do passado, Mari Oliveira diz que recorreu a Jane Austen, escritora britânica nascida em 1775 e conhecida por seus romances, e até mesmo à trilha sonora de "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" (2001). "A Cecília se coloca muito nesse mundo da Amélie, vive para dentro. Esse mundo interno dela é especial", diz a atriz ao F5.

Já Sol diz que Paz não estranha tanto o que acontece com as duas. "Ela tem grande encantamento por tudo, ela é lúdica e está aberta para tudo o que o mundo tem", avalia. "Se dizem que os cavalos voam, ela vai acreditar e querer ver, sempre confiante de que pode existir um mundo paralelo."

NOVOS TEMPOS

As pequenas sacadas por conta dessa diferença de tempos da série dão um charme especial à produção. Um exemplo simples é Cecília, ingênua, que se impressiona ao descobrir que todas as pessoas possuem uma nuvem digital, onde é possível guardar seus arquivos. "Então, eu tenho uma nuvem?", pergunta ela, assustada, pensando em se tratar do aglomerado de partículas de água no céu.

Além disso, o expediente deixa a discussão sobre o papel da mulher na sociedade mais leve. "O roteiro já funcionava bem só lido, como um livro, mas a gente conseguiu dar um molho a mais. A Paz é uma bolinha de pinball (risos), que faz as coisas acontecerem, e a Cecília se vê toda encantada. Tá tudo uma loucura, mas ela mantém o vocabulário de 1900, é toda educada", diverte-se Mari, reforçando que as atrizes tiveram liberdade de criar em cima das personagens.

Tanto Mari quanto Sol possuem caminhadas marcadas por trabalhos autorais fortes. Enquanto a irmã de Sheron Menezzes tem a série "Irmandade" (Netflix) no currículo, Mari foi destaque recentemente pelo horror "Medusa", em que viveu uma jovem religiosa cheia de amarras. De certa forma, mesmo que o motivo da repressão seja diferente, as personagens do longa nacional e da série do Star+ conversam muito com os tempos atuais.

"As repressões são diferentes, mas o filme e a série são eficazes em educar através do entretenimento e da comédia", compara Mari. "Enquanto 'Medusa' mostra o horror que é o Brasil, 'Dois Tempos' planta a semente e faz o público pensar."

A dupla acredita que o seriado consegue fazer a lição de casa ao falar sobre o papel da mulher na sociedade. "A gente tem muito a construir ainda, mas gosto de olhar para a vida e ver até onde já chegou. Do que temos para construir, já vencemos muito. As próximas gerações estão vendo protagonistas pretas, Lizzo em capa de revista, Ludmilla cantando... são referências que eu e a Mari não tivemos quando novas. É um caminho longo, mas avançamos muito", comemora Sol.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem