Policial obcecado de 'Impuros' diz que espera por papel mais 'Modern Love'
Rui Ricardo Diaz volta ao papel de Morello na 3ª temporada da série
Rui Ricardo Diaz volta ao papel de Morello na 3ª temporada da série
Acostumado a gravações por longos períodos, Rui Ricardo Diaz já chegou a ficar praticamente um ano inteiro sem pisar em casa, dividindo-se entre filmagens no Rio de Janeiro, por diferentes trabalhos, e no Uruguai.
Mas isso foi antes. Agora, para tirá-lo de casa para uma jornada mais longeva “tem que valer muito a pena, ser muito desafiador”, diz o ator de 43 anos, coprotagonista da série brasileira “Impuros”, cuja terceira temporada é uma das atrações do novo streaming Star+.
E o que mudou? Durante a pandemia, Diaz se tornou pai de Joaquim, fruto da relação com a produtora Mariana Ricciardi. E não é qualquer missão que o faz largar a família.
Pensamento contrário ao do policial federal Vitor Morello, tão obcecado em perseguir o traficante Evandro (Raphael Logam, o outro protagonista), que muitas vezes deixa a filha adolescente em segundo plano.
Nesta entrevista Diaz fala do personagem em “Impuros” e de trabalhar na pandemia. E também que espera por um convite para um “pai de família” mais tranquilo, no estilo “Modern Love”, quem sabe.
Em “Impuros” vemos Vitor Morello (seu personagem) colocar sua ação como policial à frente até de seu papel como pai em sua caçada ao traficante Evandro (Raphael Logam).
Eu acrescentaria uma coisa. Ele tem uma ética particular, que é dele. Ele é um outsider, um cara à margem. Essa série tem isso, que eu acho muito especial. Os personagens são muito profundos. O crime organizado é um elemento importante, mas o drama dos personagens é muito forte. Ele tem essa relação com a Inês [Karize Brum], que é uma filha que ele nunca criou, de fato.
Dá para dizer que ele é um bom policial, mas um péssimo pai?
Ele até não acha. Ele pagou pensão, ajudou, mas nunca foi presente. Ele ficou com a mãe dela até os 6 meses só. Então quando acontece o incidente com a mãe dela, ele é obrigado a ficar com a filha, já adolescente, mas ele não sabe fazer isso. E ele tem uma vida completamente desregrada. A vida dele é o trabalho, mas ele é um cara autodestrutivo. É um grande policial, mas enfrenta um sistema que não funciona.
Nesta terceira temporada tem alguma mudança no comportamento dele?
O caminho natural do Morello é o da relação com a filha, isso vai se afunilando. Ele sente a necessidade de cuidar dela, quando percebe que ela pode se envolver com tudo que ele lutou contra, que é a droga. Isso se afunila cada vez mais. O Morello é um cara que vive sozinho, não tem ninguém, namorada, mulher, amigo… e ele gosta dessa vida.
Mas tem um envolvimento dele com a delegada Andreia [papel de Fernanda Machado].
Ali é o ponto de fuga dele, onde ele mistura o privado e o profissional, e tem também o amigo que surge na segunda temporada, o Cavalieri [Bruno Ferrari]. Mas é um um amigo distante. O Morello realmente não consegue conviver com as outras pessoas. A vida obriga ele a se relacionar com a filha, e a ter uma atitude de alguma maneira paternal.
Como é se relacionar com um personagem durante tanto tempo? Você já interpreta o Morello há alguns anos.
Pois é, já estamos na terceira temporada. É interessante, esquisito também. Mas ainda que você tenha personagens duros, difíceis, eles são profundos. Do ponto de vista da dramaturgia, de construção do personagem, é muito legal para o ator, não é uma série maniqueísta.
Acha que tem lastro para mais temporadas?
Se eles [os produtores] quiserem, faço mais umas dez temporadas (risos). Na verdade, chega uma hora que, do ponto de vista do ator, mesmo um material tão potente como o de “Impuros”, não só o Morello, mas a Inês [filha], o Evandro [traficante], pode desgastar. Não sei se dá para esticar tanto...
Apesar de serem os protagonistas, Morello e Evandro (Raphael Logam) quase não contracenam. Como é sua relação com o Logam? Você vê as filmagens dele?
Não vejo, não. Mas o Raphael é meu amigo, meu irmão. Ele arrebenta na série, e é muito gente boa. Infelizmente a gente não se encontra quase nada em cena, ou felizmente. São dois diretores, o René Sampaio e o Tomas Portella, que dividem as filmagens em núcleos. E eu não vou muito no núcleo do Raphael. Quando vou é para caçar. A gente se encontra mais fora, o Raphael frequenta minha casa, quando era possível frequentar as casas…
Logam estava falando que seus personagens ganharam fãs-clubes, e se gabou que o do traficante Evandro é maior do que o do policial Morello.
(Risos). Eu compreendo. Não concordo, mas compreendo.
Em breve você vai aparecer em outra série com um personagem mais para Evandro do que para Morello, certo?
Pois é. Em “Sentença”, série da Amazon, eu faço um personagem bastante interessante também. Nem sei o quanto posso falar, mas é um personagem bem diferente do Morello. É um grande líder do tráfico. Estreia esse ano ainda.
Às vezes parece que você sempre é escolhido para esses personagens mais “rústicos”.
Outro dia estava brincando com a Mari [a produtora Mariana Ricciardi, mulher de Diaz] quando a gente estava assistindo “Modern Love” [disponível na Amazon]. Tinha um personagem pai de família, que trabalha, volta para casa, faz o jantar. Falei, "quero fazer um personagem desse agora". Mas quando o personagem desafia é legal. Ultimamente tenho tomado mais cuidado também para escolher papéis, talvez por causa do Joaquim [filho recém-nascido].
“Sentença” foi gravada antes da pandemia?
Não, gravamos durante a pandemia, no Uruguai. Um protocolo espetacular, muito rígido, com equipe brasileira, uruguaia e argentina. Foi no fim do ano passado, antes do Joaquim nascer. Fiquei um mês e meio no Uruguai fazendo teste de Covid todo dia. Todos ficamos uma semana no hotel em isolamento antes das filmagens. Isolamento total, equipe toda mascarada, distanciamento, um set muito diferente.
E ainda teve a nova temporada de “Segunda Chamada”.
Sim, faço o Vander, um aluno da periferia que tenta voltar a estudar. A gente começou a ensaiar e gravar em janeiro de 2020, antes da pandemia. Em março parou tudo. Estava com uma peça no Rio, gravando a série em São Paulo e parou tudo. Nesse meio tempo surgiu “Sentença”. Voltamos ao “Segunda Chamada” em fevereiro deste ano, também com um baita protocolo da O2 e da Globo. Gravamos de fevereiro a junho. É difícil gravar durante a pandemia, mas o audiovisual se organizou e preparou um protocolo muito forte. Filmamos com muita segurança.
A filmagem na pandemia demora mais?
Sim, porque você precisa filmar com menos pessoas no set. Menos cenas por dia. “Segunda Chamada” era uma série em 12 episódios, mas reduzimos para apenas seis.
Antes da pandemia você estava em um bom momento no teatro também, com “A Hora e Vez”, monólogo adaptado de “A Hora e Vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa, que estava no Rio.
Estava em cartaz no Rio com duas peças da minha companhia, a Cia. do Sopro. Eu atuava em “A Hora e Vez” e dirigia “Como Todos os Atos Humanos”. Estávamos com ótimas críticas e ingressos esgotados de sexta a domingo. Mas tivemos que parar com a pandemia.
Já vislumbra um retorno aos palcos agora com a reabertura de boa parte da atividade cultural?
Pensamos em possibilidades [com a companhia]. Chegamos a receber ofertas do Sesc para fazer online, mas “A Hora e Vez” tem um formato muito peculiar e optamos por não fazer. O outro a gente fez. Mas “A Hora” tem que ser presencial. Tem um terceiro espetáculo da nossa companhia, uma versão contemporânea de “Medeia”, feita por um britânico. Esse vai ser online, com uma linguagem audiovisual, mas sem a infraestrutura do cinema. Ficamos no meio do caminho. Mas, dando uma apaziguada, imagino voltar com “A Hora e Vez” no Rio, mas neste ano acho difícil.
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