Diretor de 'Pam & Tommy' quer mudar perspectiva sobre Pamela Anderson
Para Craig Gillespie, atriz foi vítima de misoginia após vazamento de 'sex tape'
Para Craig Gillespie, atriz foi vítima de misoginia após vazamento de 'sex tape'
Pamela Anderson, hoje com 54 anos, era uma das maiores estrelas da televisão nos anos 1990. Na época, estava no elenco principal de "S.O.S. Malibu" ("Baywatch"), que até hoje sustenta o recorde estabelecido em 1996 de série mais vista do mundo —com audiência estimada de 1,1 bilhão de telespectadores por semana em 142 países.
No papel da salva-vidas C.J. Parker, ela ofuscava todas as colegas, também belíssimas e com formas perfeitas. Frequentou os sonhos de boa parte dos adolescentes daquela geração com suas corridas em câmera lenta à beira-mar usando o icônico (e cavado) maiô vermelho da série.
A atriz pretendia alçar voos mais altos em Hollywood e encarar papéis mais sérios. Na vida pessoal, estava feliz no casamento relâmpago com o roqueiro Tommy Lee, 59, baterista da banda Mötley Crüe. Mas tudo ruiu quando uma fita dos dois transando vazou.
É na história de como uma das primeiras "sex tapes" de celebridades viralizou —antes mesmo de que esse termo fosse usado para conteúdos que se espalham como rastilho de pólvora na internet—, que se centra "Pam & Tommy". A série estreia nesta quarta-feira (2) no serviço de streaming Star+. Inicialmente serão disponibilizados os três primeiros episódios; depois, um novo episódio será lançado por semana.
A direção é de Craig Gillespie, de "Cruella" (2021) e "Eu, Tonya" (2017). Aliás, ele acredita que há paralelos entre este último, uma cinebiografia da patinadora Tonya Harding, 51, que causou escândalo ao se envolver em um ataque à colega (e rival) Nancy Kerrigan, 52.
"Eu percebi uma oportunidade real de deixar as pessoas chegarem com uma noção preconcebida sobre esse casal, como o que aconteceu com a Tonya Harding", afirma em entrevista a jornalistas da América Latina, da qual o F5 participou. "De alguma forma, nós usamos isso no primeiro episódio, no qual você não chega a conhecer o casal direito. Só a partir do segundo episódio é que nós vamos descobrindo os dois como pessoas."
A trama se desenvolve a partir do olhar de Rand Gauthier (Seth Rogen), o responsável por roubar a fita da casa onde Pamela e Tommy moravam, aqui interpretados por Lily James, 32, e Sebastian Stan, 39. Gauthier era um empreiteiro que estava fazendo um serviço na casa deles, mas se desentende com o roqueiro.
Apesar de ambos terem sido vítimas do vazamento, que começou com cópias de fitas VHS sendo vendidas clandestinamente e terminou com as imagens amplamente disponíveis na internet (até hoje é possível encontrá-las sem muito esforço), o efeito foi muito mais sentido pela atriz, que foi tachada de "piranha", enquanto o roqueiro ficou com fama de "bem dotado". A imprensa sensacionalista nadou de braçada no assunto.
"O que eu queria era olhar para esse episódio com as lentes de hoje, depois do movimento Me Too, e comparar com como as mulheres eram tratadas nessa época", diz Gillespie. "O que aconteceu com ela na arena pública foi atroz e indignante. Ver isso com os olhos de hoje é tentador."
Para ele, se o vazamento ocorresse agora, o desfecho seria muito diferente. "Ainda temos muita misoginia por aí, mas com certeza temos um diálogo maior acontecendo, o que é ótimo", avalia. "Hoje há outras plataformas para se denunciar isso, que não existiam antes. Ela não tinha nenhum meio para ser ouvida naquela época."
Ele diz que foi preciso equilibrar muitos elementos para que o público se envolvesse com os protagonistas. "Sabíamos que precisávamos construir muito bem a relação entre eles", recorda. "E os dois se conhecem em uma casa noturna com muito álcool e drogas induzindo essa paixão. Então, tinha que ser bonito vê-los se conectando emocionalmente. Eles precisavam ter uma química que era muito importante de ser mostrada."
O diretor espera que a série mude a perspectiva das pessoas sobre o hoje ex-casal (eles se divorciaram em 1998). "Atualmente, as pessoas questionam mais a motivação do que leem em tabloides, por que as coisas estão sendo apresentadas daquela forma e quem é a vítima daquela situação", acredita. "Com a série, espero que passem a vê-los como pessoas, e não como um produto."
Apesar da boa vontade da produção, Pamela Anderson preferiu não se envolver com a produção. Na série, ela é vivida pela atriz britânica Lily James, que vem arrancando elogios por sua performance —em alguns momentos, parece que você está assistindo à própria Pamela em cena. Já Sebastian Stan chegou a se encontrar com o Tommy da vida real.
"Eu teria adorado se eles quisessem ter se envolvido, teriam sido muito bem-vindos", afirma o diretor. "Nós os mostramos de forma positiva e tentamos mudar a narrativa do que aconteceu com eles, então não teríamos por que impedi-los de nada, tanto se quisessem participar como se não quisessem, nós só queríamos respeitar o espaço deles."
Gillespie foi só elogios a seu casal de protagonistas, embora confesse que eles já estavam escalados para o projeto quando foi convidado. "Quando me disseram que a Lily iria interpretar a Pamela, eu amei a ideia de vê-la num papel tão inesperado", diz. "Tive a certeza de que seria uma surpresa para o público."
Ele lembra que interpretar personagens muito conhecidos pode ser bastante intimidador para o ator, já que o público tende a ser mais crítico. "Eles realmente fizeram o dever de casa", conta. "Depois que capturaram o mecanismo da voz e da linguagem corporal, eles puderam se concentrar na emoção sem se preocupar com mais nada. Tanto que conseguimos improvisar algumas cenas, sem que eles jamais saíssem dos personagens."
Com Sebastian Stan, ele já havia trabalhado anteriormente em "Eu, Tonya". "Ele é ótimo em transitar entre a comédia e o drama", avalia. "Tínhamos algumas sequências complicadas e que poderiam ser intimidadoras, mas eu sabia que o Sebastian conseguiria fazê-las."
Uma dessas cenas já se tornou clássica antes mesmo de se tornar pública. Desde que os jornalistas tiveram acesso aos episódios para críticas e reportagens sobre o lançamento, muito se fala de um momento do segundo episódio em que Tommy conversa com o próprio pênis, tentando convencê-lo a abandonar todas as outras mulheres por Pamela.
"A biografia do Tommy revela que falar com o próprio pênis é algo que ele fazia com frequência", explica Gillespie. "A cena estava escrita e, para ser sincero, o único motivo pelo qual considerei filmá-la foi o Sebastian Stan. De fato, trata-se de uma conversa honesta na qual ele se compromete com o amor que sente pela Pamela, e eu sabia que o Sebastian seria capaz de fazer essa situação absurda funcionar."
Mas como transformar algo tão surreal, cômico e, ao mesmo tempo, constrangedor em uma gravação tranquila para todos os envolvidos? "No final do dia, era só uma marionete controlada por um cara", revela. "Em determinado ponto, fica tudo muito mecânico e você está tão focado na performance, que só precisei garantir que Sebastian estava confortável com o que estava acontecendo e deixá-lo atuar."
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