Otávio Müller critica Bolsonaro e diz que ter comédia no cinema é resistência
'Galeria Futuro' estreia quinta (18) e aborda a nostalgia e a amizade
'Galeria Futuro' estreia quinta (18) e aborda a nostalgia e a amizade
Nunca foi tão difícil fazer arte no Brasil. Essa conclusão é do ator Otávio Müller, 56, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (18) com a comédia "Galeria Futuro". Para ele, fazer um filme em meio a pandemia "é uma resistência".
"Antes de mais nada, o mais importante no lançamento do longa nesse momento é a atitude corajosa e desbravadora de chegar às telonas. A partir disso, quero que o público se identifique com os protagonistas e que gente de todas as idades acompanhe", afirma.
O filme "Galeria Futuro", que tem na direção Fernando Sanches e Afonso Poyart, mostra Valentim (Marcelo Serrado), Kodak (Otávio Müller) e Eddie (Ailton Graça), amigos desde a infância e que trabalham na Galeria Futuro.
Enquanto Valentim é o único funcionário de uma locadora de vídeo, Kodak é dono de uma loja de fotografia e Eddie trabalha como mágico. O lugar, que ostentava luxo no passado, agora está às moscas e falindo. Então, recebe uma proposta para ser vendido a uma Igreja Evangélica para sanar suas dívidas.
Com isso, os três se unem à manicure Paula (Luciana Paes) e bolam um plano para salvar a galeria a partir de uma pílula da felicidade instantânea, uma espécie de alucinógeno utilizado nos anos 1970 que eles encontram dentro de um baú e que pode trazer dinheiro e sucesso para eles.
O projeto nasceu de um roteiro lido por Serrado. Müller conta que a ideia inicial era ter Lúcio Mauro Filho no elenco, mas por questões de agenda não foi possível.
"Somos muito amigos mesmo. Trouxemos outro brother e somou muito que é o Ailton. Encontro delicioso", conta. A química entre eles foi imediata e, dessa forma, conseguiram ter liberdade para criar em cena.
"Improvisar foi muito bom. Eles [diretores] já percebiam que a gente mudava tudo, inventava. A gente anotava ideias para não perder, mas surgiam outras na hora, era um set vivo", comenta Müller.
As tais pílulas alucinógenas, ou pílulas da felicidade, que são encontradas pelo trio de protagonistas no longa se tornam o ponto de partida para os momentos mais divertidos da história.
Com a ajuda de Paula, todos assumem muitas loucuras por conta do efeito que aquela pequena aspirina pode acarretar na mente e na imaginação. "Cada filme tem um processo. No caso desse, não tive uma preparação muito específica. Aquele visual todo do meu personagem com aquele cabelo mullet, óculos e roupa, me ajudou a construir esse cara", revela o ator, cujo personagem não consegue de jeito nenhum se desapegar da antiga (e agora obsoleta) galeria de arte onde cresceu e conheceu seus amigos.
A comédia diverte e aborda a amizade e o saudosismo. Mas o filme também fala em felicidade, e Müller reflete sobre o assunto. "Só quero poder trabalhar e que o povo sobreviva à pandemia e às próximas eleições. Meu maior desejo e felicidade para 2022, que ganha de lavada de qualquer outro, seria que o [Jair] Bolsonaro desaparecesse", opina ele, que emenda que se sente pleno em poder voltar a fazer o que ama mesmo com "o governo desmontando a cultura e o cinema no Brasil".
Nesses dois anos, ele revela que trabalhou muito pouco, apesar de ter ao menos quatro outros longas para serem lançados, dentre eles duas comédias, uma com Marcelo Adnet e outra com Fábio Porchat.
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