Moacyr Franco quer viver super-herói após brilhar em 'Segunda Chamada'
'Gosto de inventar', diz o ator, que emociona no papel de idoso com Alzheimer
'Gosto de inventar', diz o ator, que emociona no papel de idoso com Alzheimer
Quando o nome de Moacyr Franco, 84, foi sugerido para o papel de seu Gilsinho, na segunda temporada de "Segunda Chamada" (disponível no Globoplay), a diretora Joana Jabace teve dúvidas: mais conhecido do grande público pelo seu trabalho humorístico, será que ele toparia fazer um personagem tão dramático?
Na história, o idoso está em uma fase inicial do Alzheimer, mas é obstinado por um sonho: se formar no Ensino para Jovens e Adultos (EJA) da Escola Carolina Maria de Jesus, onde se passa a trama.
Convidado para um teste, ele foi sem hesitar, com o "texto decorado, um carisma e uma alegria que contaminou toda a equipe", recorda a diretora em publicação no Instagram. "Moacyr fez um teste brilhante. A equipe terminou chorando, inclusive eu. Não tinha dúvidas: ele era nosso Gilsinho", completa Joana.
O resultado é um trabalho emocionante, que faz rir e chorar. "Isso aí [o seu Gilsinho] sou eu. Eu vou fazer 85 anos agora [no próximo dia 5 de outubro], sei tudo [que ele sente], as preocupações. Até mesmo o assunto que é a obsessão dele, de tirar um diploma. Eu tenho muita coisa que queria fazer ainda, que devia ter feito aos 20. Tenho vontade de estudar, me formar em um monte de coisa, sabe", diz Moacyr Franco em entrevista ao F5.
Segundo Joana, há mais um ponto em comum entre Moacyr e seu Gilsinho: a obsessão. No caso do ator e cantor, é por sempre querer fazer o melhor. "Por muitas vezes, no meio da cena, ele mesmo se cortava e dizia: 'tá uma merda isso, Joana, vamos parar'", relembra ela.
"E não estava. Era ele se criticando, querendo que ficasse perfeito. Isso não é lindo? Eu acho, amo os obsessivos [risos]", completa.
A admiração é recíproca. Moacyr Franco se derrete em elogios para Joana. "É um colosso o jeito dela." Na cena mais difícil do personagem, o ator conta que ela se escondeu embaixo da mesa do cenário. "Eu chorei de emoção de ver o que ela estava fazendo."
Franco se mostra espantado com a repercussão positiva da sua participação em "Segunda Chamada". Mas, agora, afirma já estar investindo em outros projetos e trabalhos. Tem lido alguns roteiros, mas reclama da repetição de papéis que são oferecidos para ele.
"É sempre um velhinho, essas coisas... e eu estou querendo fazer um super-herói", diz, aos risos. "Eu tenho vontade de fazer, sei lá, um sargento, alguma coisa diferente. Não é porque eu quero mostrar que eu sei, não. É que eu gosto de inventar coisas."
Em mais de 60 anos de carreira, Moacyr Franco se destacou em inúmeros trabalhos na TV e no cinema, como no filme "O Palhaço", de 2011, e no seriado "Meu Cunhado", em que escreveu e atuou no início dos anos 2000 no SBT. "Acho [essa atração] a melhor coisa que eu já fiz e escrevi", diz.
Também é compositor de grandes sucessos musicais como "Ainda Ontem Chorei de Saudade", "Seu Amor Ainda É Tudo" e "Tudo Vira Bosta", esta última conhecida na voz de Rita Lee.
Tem a mesma garra e vontade de quando começou a carreira?, questiona esta repórter. "Não, tenho muito mais agora. Muito mais. Estou super entusiasmado", enfatiza.
Uma de suas motivações são as lives que faz quase que diariamente em seu Instagram. Todas as transmissões contam com um roteiro previamente escrito por ele. "Estou tentando inovar."
Segundo Moacyr Franco, com os recursos tecnológicos e as redes sociais, hoje em cada casa no Brasil há "dois, três produtores e diretores". Mas o difícil, pontua, é ser original e apresentar um conteúdo de fato interessante. "Às vezes eu vejo esquetizinhas nesse TikTok, essas coisas, e eu penso: nossa, que ideia maravilhosa, mas não souberam aproveitar."
Para ele, o ritmo das produções é todo muito apressado e faltam projetos que valorizem as pausas necessárias aos diálogos para que o telespectador possa absorver o que está sendo apresentado.
Cheio de planos, é nas madrugadas que ele costuma desenvolver muitas das suas ideias, além de se inspirar vendo filmes antigos, especialmente os do comediante norte-americano Harold Lloyd (1893-1971), destaque do cinema mudo.
"Todos os truques que a gente faz agora no computador ele fazia ao vivo. Eu fico assistindo e pensando: o que movia aquele pessoal? Ele não ganhava esse dinheiro que a gente ganha hoje. O que será que movia ele?", indaga.
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