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Cinema e Séries
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Alessandra Negrini assusta como Cuca em 'Cidade Invisível': 'É para dar medo mesmo'

Série criada por Carlos Saldanha tem Marco Pigossi e Jessica Córes no elenco

Jéssica Córes, Marco Pigossi, Alessandra Negrini e Wesley Guimarães em 'Cidade Invisível' Divulgação

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São Paulo

Cuca, Saci, Curupira e Iara são alguns dos personagens do folclore brasileiro que dão as caras na série "Cidade Invisível", que estreia nesta sexta-feira (5) na Netflix. Mas não vá esperando uma história infantil. Trata-se de uma trama policial, que envolve uma investigação permeada por mistérios ligados a esses seres fantásticos.

A ideia foi de Carlos Saldanha, que dirigiu sucessos como "Rio" e "O Touro Ferdinando" (este último lhe rendeu uma indicação ao Oscar). É a primeira vez que ele dirige uma produção que não é animação, além de ser sua primeira série e o primeiro projeto para streaming.

"Eu queria achar novas temáticas para trazer o Brasil para o mundo", diz Saldanha ao F5. "Comecei a ver que aqui fora tem vários filmes e séries que falavam sobre os vikings, sobre os gregos, sobre os deuses americanos. Eu falei: 'Puxa, a gente tem um folclore tão rico, histórias incríveis para serem contadas. Por que não criar uma roupagem moderna?"

"O Brasil é muito rico de folclore", afirma. "Aí eu comecei a falar: 'Poxa, eu quero falar do Curupira, quero falar do Saci, quero falar da sereia, quero falar... Aí comecei a ver que não dava em um filme, quem sabe a gente não faz uma série."

Foi então que ele começou a desenvolver a trama. No centro, está o fiscal ambiental Eric (Marco Pigossi). Em meio às investigações pela morte da mulher dele, ele encontra um boto rosa de água doce em uma praia do Rio.

A partir daí, a misteriosa Inês (Alessandra Negrini) e a sensual Camila (Jessica Córes) tentam atrapalhar as buscas dele por respostas. Vale dizer que (se não quiser spoilers, pule o final deste parágrafo) a primeira também é conhecida como Cuca, enquanto a segunda é Iara.

"Eu cresci com folclore, lendo em Monteiro Lobato, vendo o Sítio do Pica-pau [Amarelo]", afirma Alessandra Negrini. "Cresci com a minha mãe que é pedagoga que adora contar histórias, de noite ela contava histórias, eu ia passar as férias no sítio da minha avó, então aquilo tudo era muito real."

"Eu me sentia a própria própria Narizinho, explorando tudo. E eu tinha medo da Cuca, do Bicho-Papão, acreditava em Saci Pererê e tudo isso. Foi tudo isso até que me fez virar atriz. Essa possibilidade de fantasiar é linda, porque são coisas nossas, então reviver isso em outro contexto, e agora, depois de adulta, poder brincar disso de novo, é uma chance tanto", acrescenta a atriz.

Longe da caracterização a que as crianças se acostumaram a ver na TV, Negrini diz que a inspiração não foi um jacaré. "Minha inspiração era a borboleta, tem sempre aquela coisa mais fluida, mais leve, é um encantamento assim leve que tem que ter", revela. "Eu tentei isso pelo menos."

Marco Pigossi, protagonista da série, afirma que também cresceu lendo Monteiro Lobato. "Com certeza foi muito importante para mim, para minha criatividade, para minha imaginação como criança conhecer esse universo."

O ator brinca com o fato de estar em sua terceira produção com sereias entre os personagens. No ar como Zeca de "A Força do Querer", em reprise na Globo, em que é par romântico da "sereia" Ritinha (Ísis Valverde), e também na série australiana "Tidelands", da Netflix, na qual seu personagem tinha essas características.

"As sereias são meu pé de coelho, me trazem sorte na minha profissão", diz o ator, aos risos. "É uma coincidência, mas uma coincidência feliz, porque a sereia é um personagem universal. A gente tem no nosso folclore, mas tem no mundo inteiro, cada um tem a sua versão, o seu jeito, a sua leitura da sereia."

Desta vez, quem veste o rabo é Jessica Córes. "Nunca imaginei que eu pudesse fazer uma mulher com corpo de peixe com poderes de hipnotizar, de atrair as pessoas com meu canto", diz. "É surreal, é mágico."

As cenas aquáticas, afirma a atriz, foram puxadas. "Primeiro porque eu moro no Rio de Janeiro e quando eu vou à praia ou à piscina é uma profundidade, para mim, mais normal", diz. "Eu não preciso ir para o fundo do mar."

Córes diz que a produção deixou a sequência para o último dia de gravações, para evitar problemas no andamento das demais cenas. "Foi bem difícil, porque a gente tinha que conduzir o corpo de Pigossi, e era uma profundidade de seis metros", lembra. "Então foi punk, mas eu me diverti muito."

INTERNACIONAL

O projeto de "Cidade Invisível" foi apresentado pelo diretor Carlos Saldanha à Netflix nos Estados Unidos, onde o carioca mora. "Eles curtiram muito", diz. A ideia é que, além dos brasileiros, a série seja consumida nos cerca de 190 países onde a plataforma de streaming está disponível. "Acho que vai haver uma curiosidade por que vai cair dentro de uma área que é muito grande aqui fora", avalia, referindo-se às séries policiais e fantásticas. "Aqui fora tem um público bem grande para isso."

"Já foram feitas várias roupagens de vikings, várias roupagens de mitologias gregas", lembra. "Uma coisa diferente assim vai trazer um mistério ou uma curiosidade. Espero, né? Mas também acho que seria muito importante o brasileiro conseguir resgatar isso."

Passada a experiência, ele diz que vê vantagens em trabalhar com atores no lugar de animações. "Não tem nada fácil, é tudo muito difícil", afirma. "A animação leva mais tempo, outra roupagem, é outra técnica. No caso do live-action o mais legal é quando você une os atores e trabalha nessa construção dos personagens. É um processo incrível, porque eles se dão muito de si. Eles ajudam a criar o personagem, para falar a verdade", compara.

"Às vezes você imagina uma coisa, mas eles trazem uma roupagem nova, uma emoção nova, que você pega naquele momento e é meio que incrível. Você vê essa transformação na cena", afirma Saldanha. "Eu sabia que a Cuca ia cantar o 'Nana Neném', mas eu não sabia como ela ia fazer isso", exemplifica. "Aí quando você vê a Alessandra [Negrini], o jeito que ela pensou, os olhares, essa coisa meio suave, mas também um pouco maquiavélica, foi algo que veio dela e que eu achei incrível", elogia.

"É muito legal essa musiquinha, que está no inconsciente de todo mundo e hipnotiza as pessoas", diz Negrini. "É para dar medo mesmo, para dar um medinho. Mas não tinha muito o que trabalhar não, eu conhecia a música, eu só cantei. Aí eles botam aqueles efeitos especiais."

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