Noah Jupe, de 15 anos, diz como foi atuar com Nicole Kidman e Hugh Grant em 'The Undoing'
Episódio final da minissérie vai ao ar neste domingo, a partir das 22h, na HBO
Episódio final da minissérie vai ao ar neste domingo, a partir das 22h, na HBO
Imagine ter 15 anos e ser convidado a contracenar com Nicole Kidman, 53, e Hugh Grant, 60. Foi o que aconteceu com o britânico Noah Jupe, que vive o personagem Henry Fraser em "The Undoing". Na minissérie da HBO, que exibe episódio final neste domingo (29), ele encara os astros de igual para igual.
A produção mostra um casal formado pela psicóloga Grace (Kidman) e o médico Jonathan (Grant) levando uma vida de sonho no elegante Upper East Side, em Nova York. O filho deles, Henry, frequenta uma escola exclusivíssima. É lá que uma mulher misteriosa entra na vida da família, que, após uma morte violenta, passa a ter diversos segredos revelados.
Baseada em um livro da escritora Jean Hanff Korelitz, a minissérie foi desenvolvida por David E. Kelly (com quem Kidman trabalhou recentemente em "Big Little Lies") e dirigida por Susanne Bier, vencedora do Emmy por "O Gerente da Noite" (2016).
Em entrevista inédita concedida ao F5 pela HBO, o ator conta que não se intimidou quando descobriu que estaria em uma produção com tantos nomes consagrados. "Bem, antes de mais nada, naquele momento 'Big Little Lies' era a minha série preferida de todos os tempos", afirma. "Estava vendo quando me consultaram para o papel. Então o fato de que a dupla –o David E. Kelley, que escreveu 'Big Little Lies', e a Nicole, que participou do projeto– estivesse por trás de 'The Undoing' foi fantástico."
"Depois, quando eu soube que Hugh também ia participar, foi o máximo", continua. "Quando eu cheguei lá e vi que o Donald [Sutherland] era o meu avô, ficou tudo perfeito. Eu pensava: 'Isso está mesmo acontecendo'. Foi uma equipe muito boa e todos nos complementamos realmente bem no set."
Ele disse que para se conectar com os atores que viveriam seus pais, teve que passar algum tempo com eles também detrás das câmeras. "Pensando que os nossos personagens são uma família, você precisa conhecer a pessoa, tem que estar no mesmo nível, porque é uma vida de mão dupla quando você está fazendo uma cena, você reage ao que o outro faz", explica. "Então, estabelecer essa conexão torna mais fácil fazer as cenas e há menos desconforto."
Aliás, os bastidores das gravações, segundo ele, eram bem menos dramáticos do que transparece na tela. "Na verdade foi como um set de comédia", diz, aos risos. "Houve muito humor e o Donald é genial. Ele é muito poderoso e diz coisas que você pensa: 'Não sei se ele está brincando ou não', e depois você vê que ele sorri. Donald era assim, a Susanne também –ela é peculiar e positiva com tudo. Foi uma dinâmica muito boa, todo mundo se encaixou muito bem na maneira de trabalhar. Nós demos boas risadas."
Apesar da pouca idade, Jupe já havia trabalhado com a diretora em "O Gerente da Noite". Na época, ele tinha 11 anos. "Eu não vi a série toda porque na época os meus pais viram e disseram que não era para criança", afirma. "Então eles me mostraram os meus episódios, o resto não. Bem, agora eu deveria ver porque tenho 15 anos e já sou suficientemente crescido."
"Mas foi uma experiência maravilhosa", lembra. "Foi o meu primeiro papel de fato, um papel no qual eu podia mergulhar, e a Susanne foi genial. Ela me incluiu em todas as conversas, desde a fase de testes."
"Quando eu fui aos testes, a primeira coisa que ela fez foi conversar comigo e perguntar o que eu achava do meu personagem, e isso nunca tinha me acontecido antes", dz. "O projeto realmente me deu muitas oportunidades na minha carreira até o momento, então sou muito agradecido a Susanne por ter me escolhido. Foi uma experiência fantástica. Nós filmamos ['O Gerente da Noite'] em Majorca, que é um lugar lindíssimo."
Com relação a "The Undoing", ele já está mais por dentro do que acontece em toda a série, não apenas nas cenas dele. "Quando recebi os roteiros, me enviaram os cinco primeiros episódios e eu os li bem rápido. Como você pode imaginar, estava muito empolgado e curioso para ler o último episódio, porque estava desesperado para saber o que tinha acontecido."
"Quando acabei, disse: 'Mãe, me dá o episódio seis?'. E ela respondeu: 'Não temos o último, não mandaram'. E eu pensei: 'Não, não podem fazer isso comigo!'. Porque realmente eu queria saber quem fez aquilo, porque obviamente no final do quinto episódio tem uma parte importante para o meu personagem, o Henry", afirma. "Então eu dizia: 'Fui eu?' (risos). Fiquei muito entusiasmado quando pude ler o episódio seis, eu li inteiro, li com todos os integrantes do elenco, com cada personagem, e foi realmente divertido."
O ator avalia que o que dá o tom da história são os segredos. "É um suspense psicológico muito, muito intenso, com muitas guinadas –vemos a maneira estranha como as coisas acontecem. E é muito irônico", avalia. "Você vê Grace, interpretada por Nicole, uma das melhores psicólogas de Nova York, e ela enfrenta seus próprios dilemas psicológicos. Um grande tema na história são os segredos: guardar segredos e como isso afeta a nós e às nossas famílias, e como isso se desenrola."
Jupe evitar falar, porém, quando perguntado especificamente a respeito de seu personagem. "Penso que Henry não necessariamente tem segredos, mas guarda muitos segredos do restante da família", diz. "E isso está acabando com ele por dentro. Ele esconde algo para outra pessoa. E, de certa forma, é pior do que guardar um segredo próprio."
"Se você fez alguma coisa e precisa guardar um segredo, está feito, mas Henry não fez nada, mas realmente não quer que ninguém saia machucado", revela. "Então ele guarda algo que não é dele, mas que de certo modo precisa guardar."
O ator destaca as cenas que gravou com Hugh Grant em uma prisão real em Nova Jersey. "Dá muito medo", admitiu. "Eu nunca havia estado em uma prisão e foi muito interessante ver de perto. Você vê prisões nos filmes, mas, de certa forma, como é em filmes você não pensa que isso existe na vida real, mas existe, e é vida real sim."
"Sabe aquela parte em que tínhamos que passar por três ou quatro portões? Bem, eu andei até o set pensando: 'Nossa, isso é o que o Henry está vendo, e o pai dele está lá'", conta. "Essa é outra das razões pelas quais o Henry pensa: 'O meu pai não fez aquilo, ele é inocente', porque ele não quer que o pai fique naquele lugar horrível."
Ele diz ser justamente experimentar novas sensações que fazem da atuação um ofício ímpar. "Esse é um dos motivos pelos quais estou obcecado pelo meu trabalho. Desde que eu era pequeno sou obcecado pelo mundo do cinema inteiro, por cada parte desse mundo, cada pessoa desse mundo, por entrar nele e ver o que se sente."
"Quando eu era mais novo queria ser piloto de corrida, ou montar a cavalo", afirma. "Este é o único trabalho em que você pode fazer tudo isso e experimentar todos esses lugares diferentes. Eu estive em vários lugares incríveis, não lugares onde você iria nas férias, mas, sim, onde há muita história, muita coisa para ver e para fazer, que as pessoas em geral não conhecem. Estou obcecado por isso e estou obcecado por explorar personagens diferentes."
O fato de ele ser britânico e o personagem ser americano, segundo ele, não dificultou em nada. "É útil ter uma diferença criativa entre mim e o meu personagem", avalia. "E agora me sinto muito à vontade com o sotaque norte-americano. Cada vez que eu encontro alguém dos Estados Unidos começo a usar o sotaque, mas é inconsciente. Nem me dou conta do que estou fazendo. E, para mim, ter um sotaque para trabalhar é quase um bônus extra."
E apesar de já ter atuado em sucessos como "O Preço do Talento" (2019), "Um Lugar Silencioso" (2018) e "Extraordinário" (2017), Jupe afirma que nunca é reconhecido nas ruas. "A questão comigo é que, no momento em que um filme estreia, eu já tenho mais um ano e mudei muito", explica. "O meu rosto mudou, o meu cabelo mudou, muita mudou desde que eu fiz esses filmes."
"Eu saí muito com os meus amigos ultimamente e te garanto que não me reconhecem", afirma. "E graças a Deus, porque não quero chegar ao ponto de não poder sair na rua, seria muito doloroso, principalmente porque sou jovem e gosto de sair com os meus amigos. Não quero ter que ficar me preocupando se vão me reconhecer ou me parar na rua. É realmente ótimo que seja assim."
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