Cinema e Séries

Débora Bloch visita escolas e ouve professores para série da Globo: 'Não há país sem educação'

'Segunda Chamada' falará sobre dificuldades do ensino a adultos

O diretor Jaci (Paulo Gorgulho), e os professores Lúcia (Débora Bloch), Sônia (Hermila Guedes), Marco André (Silvio Guindane), e Eliete (Thalita Carauta) da série "Segunda Chamada"
O diretor Jaci (Paulo Gorgulho), e os professores Lúcia (Débora Bloch), Sônia (Hermila Guedes), Marco André (Silvio Guindane), e Eliete (Thalita Carauta) da série "Segunda Chamada" - Mauricio Fidalgo/Globo
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São Paulo

Durante a preparação para fazer a sua nova personagem na Globo, a atriz Débora Bloch, 56, visitou escolas que oferecem ensino para jovens e adultos no período noturno. Já na primeira instituição que ela esteve, um choque: “Você chega no escuro, você sobe três andares até ter luz dentro da escola.”

É sobre esta realidade da educação no Brasil, que passa por problemas tão primários como a falta de recursos básicos até outros desafios como o de evitar a evasão de alunos, que “Segunda Chamada”, nova série da emissora, vai abordar. O programa terá 11 episódios e deve estrear no dia 8 de outubro.

A trama se passa na fictícia escola estadual Carolina Maria de Jesus, nome, aliás, que foi escolhido em homenagem à escritora negra, considerada uma das mais importantes do país e autora do livro “Quarto de Despejo” (1960).

A proposta da série é mostrar, de forma realista, a luta de professores e alunos que, apesar das dificuldades sociais, econômicas e pessoais, estão dispostos a aprender e a ensinar. E “Segunda Chamada” se debruça sobre uma fatia da educação pública no país, que é pouco retratada na teledramaturgia: o EJA, ensino para jovens e adultos, o que na visão de Débora, torna o trabalho ainda mais desafiador.

“[Eles] chegam depois de uma jornada de trabalho, já cansados e, mesmo assim, estão ali na escola, investindo em uma transformação e acreditando que aprender, ir para escola vai transformar a vida deles. E transforma, apesar de todas as dificuldades”, afirma.

Na história, a atriz faz a professora de português Lúcia, uma mulher marcada por tragédias (ela perdeu um filho adolescente e precisa cuidar de um marido que sofreu um AVC). Ao conversar com professoras reais, Débora diz que foi interessante observar como elas são comprometidas com seus alunos.

“Elas fizeram questão de me falar de cada aluno, a dificuldade de cada um. A minha personagem tem essa característica para além até do que essas professoras que eu conheci. É uma personagem que vai inclusive criar alguns problemas para ela e até para a escola porque ela quer resolve as dificuldades dos alunos para além da sala de aula”, afirma. 

Os atores Thalita Carauta, Hermila Guedes e Silvio Guindane interpretam outros professores da escola, além de Paulo Gorgulho, que volta a Globo depois de mais 16 anos como o diretor Jaci. 

Débora diz esperar que a série possa levantar reflexões sobre a educação no Brasil, especialmente, em um momento em que o setor sofre cortes de investimento e que professores são denunciados por sua atuação em sala de aula.

“Acho que a gente está vivendo exatamente a vitória da ignorância, a vitória da falta de educação, da falta de investimento em educação no nosso país. São pessoas ignorantes sobre como se constrói uma sociedade. Não existe país sem educação, não existe nação, não existe civilização sem uma boa educação e sem cultura.”

O ator Caio Blat, que faz uma participação como um professor de adolescentes que vai substituir Lúcia no período noturno em determinado momento da trama, afirma que a série vai mostrar como a educação pública ainda é abandonada no país.

“E o quanto que os professores têm que ser super-heróis para lidar com falta de recurso e com uma realidade que invade a sala de aula o tempo inteiro, a violência.”

Para ele, é um absurdo o cerceamento que os docentes estão sofrendo. “Acho o contrário, que o professor tem que receber todo apoio e toda liberdade para debater qualquer tema que ele achar pertinente na sala de aula. Todos os temas são importantes dentro da sala de aula. Política tem que se falado dentro de sala de aula, educação sexual tem que ser falado dentro de sala de aula”, defende.

ESCOLA REAL

Grande parte das cenas de “Segunda Chamada” foi gravada em uma escola real, situada no Morumbi, na zona oeste de São Paulo. Na última semana de agosto, o F5 acompanhou gravações de duas cenas no local.

Construída nos anos 1950 para acolher a Escola do Jockey Club de São Paulo, o prédio foi usado por outras instituições de ensino particulares, mas estava completamente abandonado há cerca de dez anos.

A equipe da Globo teve de fazer uma série de reparos na estrutura do edifício. Mas o aspecto geral de abandono, com infiltrações, vidros estilhaçados e pichações nas paredes, foi mantido.

“Para mim, foi muito importante deixar a obra o mais próximo possível da realidade, o que uma locação como esta nos garantiu. Apesar do abandono, a construção é linda e quisemos aproveitá-la”, afirmou Joana Jabace, diretora artística da série.

"Segunda Chamada" é uma coprodução da Globo com a 02 Filmes, e é criada por Carla Faour, Julia Spadaccini e Jo Bilac.

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