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Cinema e Séries

Processo seletivo do k-pop: O lado obscuro da vida dos ídolos do pop asiático

Diretor tailandês gravou bastidores do BNK48, grupo famoso da Ásia

Cena do documentário "BNK48: Girls Don't Cry", de Nawapol Thamrongrattan
Cena do documentário "BNK48: Girls Don't Cry", de Nawapol Thamrongrattanarit - Mathew Soctt-9.out.2018/AFP
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Busan
AFP

Os ídolos do pop asiático, tão populares entre os adolescentes, fazem os fãs se apaixonarem por seus sorrisos e músicas chiclete, mas um documentário apresentado no Festival de Cinema de Busan revela o outro aspecto da fama: um processo seletivo impiedoso.

O diretor tailandês Nawapol  Thamrongrattanarit não podia acreditar quando recebeu a autorização para gravar os bastidores do BNK48, um dos grupos de pop mais famosos da Ásia.

Nas entrevistas individuais, que alterna com sequências das apresentações e cenas dos bastidores, as cantoras tailandesas descrevem uma "concorrência bastante sombria entre os membros", seus sacrifícios para ser selecionadas e os longos ensaios diários.

Também falam da hierarquia dentro do grupo, entre as "prima donne", solicitadas para comparecer a eventos promocionais que se traduzem em rendimentos altos, e relegadas ao papel de substitutas. 

Uma das cenas mais impactantes do documentário "BNK48: Girls Don't  Cry" mostra uma destas jovens dançando fora do palco, imaginando que faz parte do espetáculo. "É preciso enfrentar a realidade da vida", explica Jib, 14, falando com uma maturidade incomum para a sua idade.

O documentário "BNK48: Girls Don't Cry" narra a odisseia desse grupo, que conta com milhões de fãs na Ásia e é inspirado no japonês AKB48, outro grupo de pop. Até agora os documentários sobre os ídolos pop asiáticos, com frequência desconhecidos no Ocidente, eram muito controlados pelos agentes musicais.

"COMO UMA TERAPIA"

O diretor tailandês pôde, no entanto, entrar nas vidas destas jovens e contá-las sem artifícios. "Geralmente, os ídolos pop estão treinados e só dizem coisas insignificantes nos meios de comunicação", explica o diretor, um dos mais promissores da Tailândia.

"Mas elas começaram imediatamente a falar da realidade, das dificuldades e das pressões às que se veem submetidas", acrescenta em uma entrevista durante o festival de cinema de Busan, na Coreia do Sul, o mais importante da Ásia.

"Não me impuseram nenhuma restrição", afirma Nawapol, que costuma relatar em filmes a vida dos jovens tailandeses que enfrentam os desafios da modernidade. "Me limitei a colocar os membros do grupo na frente da câmera e começamos a falar. Para elas, era como uma confissão, uma terapia", descreveu.

Uma das integrantes do grupo explica que se apresentou a uma audição só para realizar o sonho de sua mãe, outra porque uma vidente previu que um dia se tornaria uma estrela e uma terceira por medo de ter uma vida anônima. "Não ser ninguém é horrível", declara Korn, 19.

Também mostram o peso das redes sociais, onde o que conta é o número de "likes" e que as acompanhem de perto. "Temos a impressão de estar sendo perseguidas o tempo todo", explica Pun, 17, para quem é um peso ser obrigada a acumular seguidores.

O documentário, que obteve um grande sucesso na Tailândia, foi selecionado para o 23º Festival Internacional de Cinema de Busan. Durante um ano o diretor acompanhou as vidas de cerca de 20 meninas, entre 12 e 22 anos, e como elas experimentaram muitas mudanças.  Nawapol espera poder se reunir com elas "dentro de cinco anos e ver para onde a vida as levou".

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