Cinema é melhor lugar para brasileiro se sentir vingado, diz criador da HQ 'O Doutrinador'
Kiko Pissolato estreia primeiro filme de ação com anti-herói nacional
Os brasileiros fãs de super-heróis americanos podem comemorar a inserção da versão brasileira no gênero em alto nível. Estreia nesta quinta (1°) o longa-metragem “O Doutrinador”, baseado em uma série de quadrinhos criada por Luciano Cunha.
Considerado um anti-herói, o Doutrinador se cansa de ver o sofrimento da população e de sua própria família por causa da corrupção na política. Então, decide resolver o problema com as próprias mãos. Com muitos tiros e cenas violentas de luta, ele sai à caça de todos os políticos envolvidos em um esquema ilegal: e sua intenção é atirar ou atacar para matar.
Cunha, criador da HQ trabalha com quadrinhos desde adolescente. “Meu primeiro emprego foi trabalhando com Ziraldo. Sempre quis viver de quadrinhos, mesmo parecendo impossível fazer isso no Brasil. Com o Doutrinador, transformei esse sonho em realidade”, afirma Cunha.
Suas histórias se popularizaram na internet em 2013. “Quando lancei o quadrinho, jamais imaginei que ele iria tomar essa proporção. Foi rápida a identificação das pessoas com o personagem, e daí vi que ele poderia ser algo muito maior”, afirma o autor.
O roteirista Gabriel Wainer se encantou com o trabalho de Cunha e se uniu a ele para transformar a história em projeto cinematográfico. Eles escreveram histórias totalmente inéditas.
"Para o filme, tiramos o Doutrinador da realidade direta brasileira. Era muito mais importante levarmos fantasia para o filme e não tratá-lo como algo realista. A cidade, os políticos e os partidos são fictícios e conseguimos transpor esse visual da HQ para o cinema, com a ousadia de fazer algo que nunca foi feito no cinema”, afirma Wainer. “Queremos que as pessoas saiam com a experiência catártica de que foi vingado, porque esse é o lugar certo de fazer isso”, completa.
AÇÃO, EFEITOS ESPECIAIS E SUPER-HERÓIS
O astro escolhido para interpretar o protagonista Miguel (Doutrinador) foi o ator Kiko Pissolato. Com bom preparo físico, ele escolheu fazer quase todas as cenas sem a ajuda de dublê. Sua parceira na missão é com a hacker Nina (Tainá Medina).
Pissolato já conhecia o quadrinho brasileiro e diz ter realizado um sonho. “Um amigo disse que esse personagem era a minha cara e que teria um filme inspirado nele”, afirma o ator, que foi chamado para o teste, mas esperava ser preterido por um nome mais famoso.
"Fui de capuz, todo pronto para o personagem", afirma Pissolato, que fez diversos papéis na TV, no teatro e no cinema. , mas este é seu primeiro protagonista. “Sou
Formado em educação física, o ator afirma que passou a vida toda se preparando para esse papel –aliás, seu primeiro protagonista. "Tenho uma trajetória de luta e passei a vida toda me preparando para esse personagem. Tive que brigar com o diretor para fazer todas as cenas." "O suor dele pingava por baixo da máscara. Era desesperador", lembra Tainá.
Pissolato ainda é fã de histórias em quadrinhos e não perde um lançamento. Tainá também corre, leva tiros e que se divertiu a cada cena. "Quando passei no teste, fui procurar os quadrinhos e todas as edições estavam esgotadas. Achei ainda mais legal. Os efeitos especiais são uma coisa de gênio. A cada fim de cena era um alvoroço, porque a gente via que estava ficando incrível", conta a artista.
Para o diretor Gustavo Bonafé, o filme é puro entretenimento e ação, mas pode causar uma reflexão. "Ele é um anti-herói que nasce por causa dos nossos vilões e creio que Doutrinador seja o desejo contido do brasileiro. Ele existe porque todo o brasileiro tem a vontade de exterminar a corrupção nem que seja com as próprias mãos."
A trama, no entanto, traz outros personagens que questionam a atitude radical do protagonista. "Edu [Samuel de Assis], parceiro dele na polícia, é mais conservador e o vê como um louco. Até Nina também acha ser preciso fazer justiça, mas nem tudo é válido", finaliza Bonafé.
O filme "O Doutrinador" já foi aprovado para ter uma série de TV, que será exibida no Canal Space em 2019. Os atores envolvidos gravaram cenas para as duas produções ao mesmo tempo. "São dois produtos que têm semelhanças, mas trazem histórias completamente diferentes. Há personagens que estão na série toda e nem aparecem no filme. Outros até são importantes no filme, mas têm desfechos diferentes ou tomam outros caminhos", afirma Renata Rezende, produtora-executiva do projeto.
Ela conta que não houve dúvidas ao abraçar o projeto desde o início. "Luciano [autor do HQ] sempre foi um cara militante do HQ brasileiro. Alguns filmes já chegaram a ser lançados, como o ‘Menino Maluquinho’, do Ziraldo, e ‘Tungstênio’, de Marcello Quintanilha, mas esse longa estreia na categoria de ação com um anti-herói."
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