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Cinema e Séries

Assalto a restaurante mostra o pior do homem na produção nacional 'O Animal Cordial'

Filme de terror apresenta lado animalesco dos personagens

O animal cordial [O animal cordial, Brasil, 2017], de Gabriela Amaral Almeida (California Filmes). Gênero: suspense. Elenco: Murilo Benício, Luciana Paes, Irandhir Santos. Classificação: 18 anos
Luciana Paes e Murilo Benício em cena do filme "O Animal Cordial" - Divulgação
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São Paulo

Na produção nacional "O Animal Cordial", que chega nesta quinta (9) aos cinemas, o que era para ser um final de expediente comum se transforma em um banho de sangue quando dois assaltantes invadem um restaurante.

Ao ser ameaçado, Inácio (Murilo Benício), o dono do estabelecimento, saca sua própria arma e atira. E sua atitude acaba despertando o que há de pior nele e em quem está ao seu redor.

Ele se recusa a chamar a polícia e tenta se manter no controle, fazendo assaltantes, clientes e funcionários reféns, com a ajuda da garçonete Sara (Luciana Paes).

O clima pesado é intensificado pelo fato de toda a produção se passar apenas dentro do cenário do restaurante: os personagens ficam confinados entre salão, cozinha e banheiro.

Já a tensão é ainda maior pelo fato de o filme ter sido gravado em uma sequência só: durante 21 dias, o elenco gravou as cenas na ordem em que elas ocorrem na história. "Isso preservou a evolução dos personagens. Foi essencial porque eles vivem uma cena após a outra, construindo dia após dia a temperatura das emoções", afirma Gabriela Amaral Almeida, diretora do longa.

Para Luciana Paes, que vive a garçonete Sara, o processo de filmagem foi ao mesmo tempo bom e perturbador. "Brinco que não foi um filme, foi um sequestro-relâmpago", fala a atriz.

Ainda pouco explorado pelo cinema brasileiro, o gênero de terror apresentado em "O Animal Cordial" revela, como o título sugere, o lado animalesco das pessoas.

"Nós esquecemos muitas vezes que somos animais domesticados, civilizados", diz Gabriela. "Esse verniz de civilização pode ser arranhado na primeira situação-limite em que a gente se vê.

Luciana diz que sua maior dificuldade foi viver a personagem de forma civilizada. "A gente trabalhou a chave do cansaço. Uma pessoa cansada faz escolhas ruins, não tem energia para reverter aquilo e é levada.

CONTO DE FADAS E AMOR

Apesar do uso exagerado de tinta vermelha e das mortes, o filme "O Animal Cordial" também trabalha questões do coração.

Movida por um amor platônico, Sara se torna cúmplice de Inácio. Em uma cena, ela até vive um momento romântico com ele.

"Trabalhamos contos de fadas, como as mulheres que se cegam na busca por um príncipe encantado", diz Luciana Paes. "É uma história de amor maluca, de um amor unilateral.

Para a diretora Gabriela Amaral Almeida, a relação entre os personagens é a espinha dorsal do filme. "Ela evidencia papéis de gênero que esses personagens têm na vida", diz.

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