Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Celebridades
Descrição de chapéu YouTube internet

Lea Maria, a 'alemã de cria', faz humor com suas experiências como gringa no Brasil

Humorista e antropóloga viveu o melhor e o pior do brasileiro em sete anos vivendo no país

Uma mulher com cabelo loiro e ondulado, usando um biquíni verde, segura um copo de bebida com um canudo rosa
A humorista alemã Lea Maria, de 29 anos - @leamariajahn no Instagram
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Se tem algo que muitos brasileiros gostam é de ver e ouvir estrangeiros elogiando o país. Mesmo cheio de defeitos, com falta de segurança, violência e problemas econômicos, o povo adora se gabar de que é o mais legal e animado do mundo. Lea Maria, 29, que se define como "alemã de cria", tem se beneficiado disso.

A humorista e influenciadora alemã faz vídeos nas redes sociais sobre sua experiência como gringa no Brasil para mais de um milhão de seguidores. Ela também faz espetáculos de humor nas capitais brasileiras para plateias lotadas. Em 10 de outubro, gravou o especial "Alemã de Cria", que será lançado em dezembro no seu canal do YouTube.

Lea grava vídeos nas praias cariocas, elogiando as "lojas de conveniência" que se pode encontrar ao lado do mar: tem biscoito de polvilho, protetor solar, mate com limão, churrasquinho e o que mais se precisar. Em São Paulo, ela sai pelos bares da Vila Madalena bebendo cerveja em copos americanos. Nas Olimpíadas, vibrou mais com os brasileiros medalhistas do que com os alemães, que não pulavam nem gritavam após as vitórias.

Europa? Agora só de férias. A passeio na Espanha, em Portugal ou na Alemanha, Lea brinca que lá as roupas são sóbrias demais e as pessoas, sérias demais. Pelo menos não há risco de furto –o maior perigo é, nesse caso, a depressão.

A humorista conheceu os primeiros amigos brasileiros na Nova Zelândia, que despertaram sua curiosidade em conhecer o país de povo caloroso: "Naquele momento, pensei: ‘Quero fazer parte desta bagunça, quero estar mais envolvida com pessoas, vivendo a vida real'".

Há sete anos ela chegou no Brasil, inicialmente, para fazer um intercâmbio na USP (Universidade de São Paulo). Lá, estudou antropologia, o que contribuiu com uma base teórica sobre a cultura brasileira. "Adoro viajar e comecei a me interessar pelas culturas. O Brasil é uma mistura de culturas do mundo inteiro em um único país", avalia.

Foram os amigos de Lea que a incentivaram a contar suas histórias, que envolviam o melhor e o pior das experiências brasileiras, na forma de piadas. Ela começou a liderar um clube de comédia e a se apresentar em casas de stand-up. Durante a pandemia, migrou para a internet. "Meu stand-up viralizou e eu precisei captar dinheiro de alguma forma", contou.

No início, Lea não entendia uma palavra em português. Aos poucos, foi aprendendo a falar –não sem alguns erros, que vinham sempre acompanhados de um comentário (como "que sotaque fofo") e acabaram se tornando piadas em seus próprios shows. "Com o tempo, eu fui entendendo: por que me incomodar com o que eu erro? Isso vira piada."

Foi assim que a humorista foi criando uma relação com o público brasileiro e aprendendo o que seria piada para nós, ou não. "Um exemplo do que a galera sempre fica problematizando é a política, muito polarizada aqui. E, aí, não interessa para qual lado você faz piada, você logo já é categorizado como chato e se restringe. Na verdade, a crítica deveria acontecer em qualquer momento, de qualquer lado, com quem está no poder ou não", opina.

As relações com brasileiros também viraram amorosas. Lea aprendeu que somos capazes de criar várias categorias para relacionamentos "Tipo, eu tenho um caso com você, mas eu posso ter outros em cinco outras cidades. Ficantes, conversantes, amigos coloridos e mais", diverte-se.

A alemã disse que só perdeu a confiança para ter relacionamentos monogâmicos com homens do Brasil. O fato se deve à experiência difícil de uma relação violenta. Lea era casada com o comediante Juliano Gaspar, de quem se divorciou após tê-lo denunciado por agressão no início de 2023 —ele nega que isso tenha ocorrido.

"O caso está em sigilo, então é complicado, mas é um processo demorado em qualquer país", diz ela, que espera ainda por punição do ex-marido. "Vou ter que focar, enquanto isso, na minha carreira, fazer as minhas coisas e, na hora certa, eu vou conseguir resolver."

Após sete anos sendo a "alemã de cria", Lea se despede da atual turnê com shows em Sorocaba (SP), no final deste mês, e no Paraná, entre os dias 7 e 10 de novembro. "A partir de agora, vou realizar outros projetos, outras áreas que eu consigo explorar", adianta.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem