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Celebridades

Pantanal: 'Meu temperamento não é afável', assume Osmar Prado

Intérprete do Velho do Rio reconhece que teve embate com jovens atores do elenco

Em foto colorida, homem barbudo de chapéu e cajado aparece no meio da floresta
Osmar Prado acredita que Velho do Rio seja a voz do autor na trama e elogia os textos de Benedito Ruy Barbosa e Bruno Luperi - João Miguel Júnior/Globo
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Rio de Janeiro

Sua presença não é das mais frequentes em 'Pantanal' mas mesmo assim o Velho do Rio, personagem interpretado por Osmar Prado, não deixa de ser um dos protagonistas da novela - tanto na versão original, escrita por Benedito Ruy Barbosa, quanto na que está no ar, atualizada por seu neto Bruno Luperi. Para Prado, o personagem, além de ter importância vital para o desenrolar da trama, também é um canal encontrado pelos autores para passar mensagens importantes, como as que são voltadas para as questões ambientais. Em entrevista ao F5, o ator fala sobre o cenário político nacional, os rumos da novela e a relação nem sempre tão amistosa entre parte do elenco.

Afinal, qual a história do Velho do Rio? Nem todo mundo entendeu de onde ele veio e qual a sua função na história de 'Pantanal'.
O Joventino, avô do Jove, é o Velho do Rio. Ele morreu lá atrás, quando foi caçar um boi marruá sozinho. Foi picado por uma cobra e se encantou em outra, uma sucuri. Ele tem o poder de aparecer para quem ele quiser. A filosofia de vida dele é a preservação da natureza, mostrar que a natureza é mais forte do que tudo e que não adianta o homem tentar usar a força para lutar contra ela. Vai perder.

A cena do incêndio que ainda vai ao ar seria um alerta para as queimadas da região?
Sim. E o Velho do Rio, com seu cajado, como se fosse um Dom Quixote de la Mancha, tenta apagar o fogo sozinho, mas vai ser derrotado pelas chamas. Quase morre de novo. Juma, com o conhecimento do poder de cura das ervas, o trará de volta.

O Velho do Rio seria a voz do autor?
Não tenho a menor dúvida. Fiz outras obras do Benedito, como Renascer [1993], em que interpretei o Zé Galinha. Ele tinha discussões sérias, questionava o motivo de não ter um pedacinho de terra. Foram discussões antológicas sobre a reforma agrária, e o desfecho do Tião foi trágico como o fim de Dom Phillips e Bruno Pereira [mortos recentemente] no Amazonas. O Bruno, mesmo exonerado da Funai, continuou na sua luta em defesa das terras indígenas. Um episódio triste da nossa história.

O senhor tem uma ligação histórica com o Partido dos Trabalhadores. Vai participar da campanha para as eleições presidenciais?
Nunca me filiei ao Partido dos Trabalhadores, mas sempre estive ao lado da força democrática, e uma das maiores forças democráticas, no momento, é o PT. Ele aliado aos outros partidos progressistas. Essa eleição de outubro vai ser, na verdade, um plebiscito. Ou a gente opta pelo fascismo ou a gente opta pela democracia. Eu sempre fui pela democracia.

Te incomoda o fato de companheiros de profissão apoiarem Jair Bolsonaro?
Creio que muitas pessoas se iludiram. Bolsonaro é uma pessoa totalmente despreparada e desqualificada para o convívio humano. Hoje, aqueles que o apoiaram ou estão totalmente arrependidos, como o Alexandre Frota, que hoje faz até campanha para o Lula, ou estão cegos.

O clima na novela é tão bom mesmo entre os atores como a gente vê nas redes sociais e nos programas de TV da Globo?
Quando você reúne profissionais da arte de representar e um punhado de técnico em um lugar distante e diferente como o Pantanal, é claro que o clima é variado, o humor é variado. Tem momentos ótimos, bons, difíceis e dramáticos que precisam ser contornados. Não é uma reunião de monges no mosteiro. Nãooo!!!. São seres humanos. Existem problemas, como em qualquer novela.

Notas na imprensa deram conta que o senhor teve problemas com o elenco jovem no início das gravações.
Não tive problemas. Na verdade, nós tivemos alguns embates. Eu, por exemplo, sou um ator que cobro muito porque estudo. Quando tenho cena para gravar, sei de cor e salteado o texto. Alguns deles não têm esse cuidado. A minha cobrança é para que a cena seja bem-feita. Me denunciaram como estrela, sabia?

Como assim?
Me denunciaram como uma pessoa que age como estrela, ignorante, falaram para uma jornalista que eu era agressivo. Mentira. Se fosse verdade, a pessoa que fez a denúncia deveria ter mostrado a cara. Eu conversaria e pediria desculpas, se tivesse agido errado. O que não aconteceu. Com 74 anos de idade e quase 60 anos de carreira, eu vou me comportar como estrela? Tenho plena consciência da minha importância e desimportância em qualquer processo artístico.

Será que o senhor não tem o temperamento difícil?
O meu temperamento não é afável. Sou enfático no que falo, no que faço, mas mau caráter eu não sou. A cena que fiz com José Loreto quando o Velho do Rio conta que ele é filho do amor de Ze Leôncio, ele veio com tudo perfeito. Foi uma cena incrível e toda a equipe chorou. Eu pergunto: assim que age uma estrela veterana? Tenho certeza que nenhum ator ou atriz não tem alegria de contracenar comigo. Atingi um nível que a minha vaidade não fala mais alto do que a minha inteligência e sensibilidade.

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