Kaysar Dadour celebra viver no 'país mais lindo do mundo' e deseja voltar à Síria e ajudar seu povo
Ator escreve coluna no site na agência para refugiados da ONU
Kaysar Dadour, 30, está feliz da vida. Além de viver e trabalhar no lugar que ele chama de "país mais lindo do mundo" e de ter virado cidadão brasileiro, o ator sírio-brasileiro participa de um novo projeto da Acnur (agência da Organização das Nações Unidas para refugiados).
A agência criou a sessão Diários do Refúgio na qual, a cada mês, um refugiado diferente vai contar a sua história. Primeiro a escrever na coluna, Dadour relata momentos vividos na Síria da infância até o período inicial da guerra civil no país. Não há um dia fixo para que o ator publique seus depoimentos no site, que também compartilha impressões de outras pessoas.
Para Kaysar, é um misto de sentimentos poder falar do país de onde saiu em 2011 após o estouro de uma guerra civil que assolou a cidade dele, Aleppo. "É uma mistura de tudo, tristeza, alívio, saudade, choro, felicidade, uma mescla de sentimentos que só quem perdeu um país entenderá."
Aleppo era a maior cidade da Síria até o início da guerra civil no país, em março de 2011. A guerra civil começou como um conflito civil de rebeldes que queriam derrubar o regime de Bashar al-Asssad envolvendo potências regionais e mundiais, uma facção terrorista, uso de armas químicas contra civis e a maior crise de refugiados desde o fim da Segunda Guerra, com consequências globais.
Sobre o texto escrito na sessão da Acnur, Dadour afirma que ainda "não consegue se abrir 100%". "Falei só 10% da minha história, o resto ainda não consigo falar. Mas um dia, eu vou conseguir. Falo sobre a minha vivência na Síria."
Dadour revela que no decorrer dos próximos meses pretende dar mais depoimentos ao site. “Mas vamos devagar. Gosto da Acnur, eles estão sempre disponíveis para ajudar os refugiados.”
Em outubro deste ano, Kaysar Dadour virou cidadão sírio-brasileiro depois de regularizar a documentação necessária para viver e trabalhar livremente no Brasil. E isso é um dos motivos de maior felicidade do ator, que atualmente disputa o título do Dança dos Famosos, quadro do Domingão do Faustão (Globo).
“Adoro o Brasil, o país mais lindo do mundo que acolheu a mim e a minha família, hoje em Curitiba [PR]. Além de nós, o país acolhe vários imigrantes, refugiados e apoia a nossa causa”, define o sírio, que em 2028 ficou conhecido nacionalmente após levar o segundo lugar no BBB 18.
“É uma terra abençoada com um povo alegre. Sou grato a cada brasileiro e brasileira pelo carinho. Sou brasileiro com muito orgulho e vou honrar minha nova cidadania para o resto da minha vida”, afirma.
Em terras verde-amarelas, Kaysar conta que só tem planos bons. Além de rodar o país para divulgar as cenas do filme "Carcereiros", do qual é um dos atores, ele também diz ter projetos na TV para 2020, embora ainda não os possa revelar.
Dadour fez sua estreia com ator neste ano ao interpretar Fauze em “Órfãos da Terra” –ele foi indicado na categoria de ator/atriz revelação do Prêmio F5, da Folha. "Quero continuar na carreira de ator pela qual me apaixonei. Estou estudando português, fazendo fono, quero estudar mais, fazer cursos, preparações. Quero fazer teatro e rodar o Brasil, conhecer a Amazônia, participar de séries e filmes”, diz.
Tirando a parte profissional, Dadour revela um outro desejo que tem, mais para o lado humanitário. "Ainda tenho vontade de visitar a Síria, gostaria de ajudar para melhorar a situação. Mas infelizmente tem muitos países contra a Síria e outros aproveitando a guerra por lá. É uma realidade cruel. Às vezes o ser humano... deixa para lá”, conclui.
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