Ivan Moré investe em podcasts para falar com novas gerações, mas diz sonhar em voltar à TV
Apresentador revela que trabalho triplicou fora da TV com palestras e paternidade
Fora da TV desde maio, o jornalista Ivan Moré, 43, afirma que a rotina mudou, mas que nem por isso está com tempo ocioso. Ele revela que tem investido em outras frentes e plataformas para poder se manter na ativa e viajado pelo mundo.
"Desde o meu desligamento da TV, minha demanda praticamente triplicou. Tenho feito palestras por todo o Brasil, algo que me surpreendeu bastante. Tive a oportunidade de fazer uma imersão no Vale do Silício [Califórnia, EUA]. Participei de um treinamento em Stanford e conheci o ecossistema de corporações que estão quebrando paradigmas na nossa sociedade", diz Moré ao F5.
Se não bastasse essa expansão em sua formação profissional, o jornalista afirma ainda que tem se dedicado à sua empresa, Pinax, uma consultoria criativa voltada ao mercado de desenvolvimento de marcas e palestras.
Mas engana-se quem pensa que a falta de tempo trouxe desafios complicados para ele. Pelo contrário. Moré conseguiu se aproximar mais dos filhos de 4 e 6 anos. “Apesar da rotina, minha flexibilidade de horários trouxe algo extremamente positivo: tenho tempo e oportunidade para me dedicar à minha família. Estou ainda mais presente na criação dos meus filhos. A paternidade é muito enriquecedora."
Ivan Moré, agora, volta seu olhar para produção de conteúdo em podcasts. Um deles é o "Qualé Moré" (Spotify), no qual ele entrevista ícones do esporte e tem um novo capítulo disponibilizado sempre às quartas-feiras, às 16h. O outro é o “Desobediência Produtiva”, no ar as segundas-feiras, às 18h, no qual conversa com pessoas que são referências em suas áreas de atuação e quebram protocolos para dar vazão à criatividade.
O ‘Desobediência’ o tem feito rodar por todo o Brasil, já que também é esse o conceito das palestras que dá pelo país afora. “Agora que estou fora da mídia tradicional, tenho a chance de falar sobre o tema e trazer pessoas com exemplos incríveis para debater e compartilhar os seus conteúdos”, comenta.
Mas o fato de ele trabalhar triplicado não faz com que descarte retornar à TV. Ele afirma que chegou a conversar com algumas emissoras. "Band e Record, sim [negociei], mas CNN, não", explica Moré, que poderia ser um dos selecionados a integrar a equipe de jornalismo da nova emissora, assim como seus ex-colegas de Globo Cris Dias e Monalisa Perrone.
"Pretendo voltar [à TV] na hora certa. Minha busca é pela produção de conteúdo que faça sentido com meu momento atual. Nesse processo de inovação, eu estou me propondo a entender quais são as formas de produzir conteúdo e como se conectar com as novas gerações. O esporte é uma das minhas grandes paixões, mas estou descobrindo um mundo maravilhoso e cheio de possibilidades em outros segmentos."
Apesar de ter se desligado da Globo, Ivan Moré diz que não há ressentimentos com a emissora dos Marinhos. Ele afirma que lhe foi oferecido produzir reportagens especiais e que saísse do Globo Esporte, num momento de reformulação da atração, mas avaliou que não era o momento de voltar algumas casas.
Na Globo, Moré diz só ter tido alegrias. Além de ter conhecido e viajado a lugares interessantes mundo afora, entrevistou, por mais de uma vez, alguns dos maiores nomes da história do esporte como os tenistas Rafael Nadal e Roger Federer, o nadador Michael Phelps e o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton.
Como repórter e apresentador, ele ancorou coberturas importantes, como Copas do Mundo, olimpíadas, paraolimpíadas, Jogos Pan-Americanos e GPs de automobilismo. "Quando olho para trás, eu me sinto satisfeito e teria feito tudo novamente."
Foram 20 anos na Globo. "Tenho muita gratidão e orgulho. Uma casa que me proporcionou aprendizado, crescimento profissional e pessoal e muita visibilidade. Sempre tive muita necessidade de mudança, e percebi que meu ciclo dentro da casa havia se encerrado. Precisava colocar em prática alguns projetos pessoais."
Questionado se retornaria à Globo caso recebesse um convite, o jornalista desconversa. "Numa sociedade em profunda transformações na forma como podemos propor conteúdo, não dá para dizer ‘aqui jamais trabalho ou voltarei a trabalhar’. Isso não existe, até mesmo porque acredito que estamos vivendo o colapso de uma civilização no que diz respeito à comunicação."
"Ninguém tem as respostas exatas sobre o que vai acontecer nos próximos meses, dias, anos. Tudo daqui em diante será descoberto por meio da tentativa e erro. E só por meio da experimentação e da análise descobriremos o melhor caminho", conclui.
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