De Taís Araújo a Marcos Palmeira, famosos usam a imagem para lutar por uma causa social
Camila Pitanga e Leandra Leal militam pelo ambiente e por desigualdades sociais
Camila Pitanga e Leandra Leal militam pelo ambiente e por desigualdades sociais
Eles são conhecidos, bem-sucedidos e decidiram usar a fama para dar visibilidade a diversas pautas de interesse público: são artistas e ativistas. É cada vez mais comum que famosos usem sua visibilidade para discutir racismo, machismo, proteção ambiental e direitos dos animais, entre outros temas.
Para a atriz Taís Araújo, 40, por exemplo, discutir gênero e raça publicamente é um dever de cidadã. “Desfrutar de privilégios sozinha não faz sentido para mim. O que me move é ver uma sociedade mais justa e igualitária”, afirma.
Debater preconceito racial sempre fez parte da vida da atriz, mas, em 2015, quando foi vítima de ataques racistas nas redes sociais, Araújo decidiu entrar de cabeça no tema. "Senti que eu tinha que me posicionar publicamente. Se eu, que sou cheia de privilégios, passo por esse tipo de situação, imagina a menina que é nascida e criada na favela da Maré, em Heliópolis, em Paraisópolis, no interior do Brasil."
O caso foi registrado como injúria racial na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, no Rio de Janeiro, e em 2016 cinco pessoas foram presas. "No momento em que eu me posiciono, faço isso por mim e pela minha família, mas também pelas mulheres, para servir de referência."
Ao lado do marido, o ator Lázaro Ramos, 40, Taís protagonizou a peça "O Topo da Montanha", sobre o que seria a última noite de vida de Martin Luther King (1929-1968), um dos mais importantes líderes do movimento pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Recentemente, a atriz participou da Africa Week, que reuniu autoridades e ativistas da causa negra de diferentes partes do mundo na Universidade Columbia (EUA).
Além de usar suas redes sociais e entrevistas para debater esses assuntos, a atriz integra organizações como a ONU Mulheres e o Fundo Baobá, que tem o objetivo de promover a equidade racial.
Taís Araújo é uma das protagonistas da série “Aruanas” (Globoplay), que estreia nesta semana e retrata a luta de ativistas contra uma mineradora no Amazonas. No elenco está também a atriz Camila Pitanga, 42, que sempre militou pelo meio ambiente —ela já protagonizou campanhas como “A Natureza está Falando”, da ONG Conservação Internacional.
"Todo mundo pode fazer alguma coisa. A Amazônia não é só do Brasil, é do nosso planeta. A gente está falando de sobrevivência", diz Pitanga.
Para Leandra Leal, 36, também em “Aruanas”, o artista que defende uma causa tem os holofotes a seu favor. "Acho que a diferença é que eu tenho mais seguidores do que outras pessoas que se posicionam. Sou um canhão de luz maior e uso a visibilidade que eu tenho para dar voz a coisas maiores", diz Leal.
Sensível às desigualdades sociais, a atriz afirma que sempre esteve mais conectada às pautas ligadas à liberdade, como os direitos das mulheres e dos LGBTs. "Mas a causa ambiental é algo que tem tocado o meu dia a dia. Por conta da série, mudei toda a minha casa para ter reciclagem, compostagem, para não ter tanta embalagem."
O ator Marcos Palmeira, 55, também tem uma longa trajetória no ativismo, em defesa da causa ambiental. Foi a relação com o avô, Sinval Pereira, que o aproximou do tema. "Ele questionava a monocultura, o mau uso da terra na produção de alimentos. Também valorizava a produção local. Essas questões ficaram na minha cabeça e me ajudaram a nortear minhas decisões", conta. "Sou um ator ambientalista. Isso não tem retorno."
No ar na TV como o Amadeu da novela "A Dona do Pedaço" (Globo), o ator é também dono do Vale das Palmeiras, uma fazenda que desde 1997 produz alimentos sem agrotóxicos em Teresópolis (RJ). "O fato de ser conhecido ajuda na divulgação dos conceitos da agricultura orgânica", diz o ator, que estampa a embalagem de seus produtos.
A fazenda utiliza o sistema agroflorestal de cultivo –que adota técnicas sustentáveis para o manejo do solo-- e tem como foco a pecuária de leite e a produção de hortaliças. Palmeira também costuma sair em defesa dos povos indígenas. O interesse pela causa surgiu, ele diz, por influência do pai, que dirigiu o documentário "Terra dos Índios" (1979). "A partir daí, comecei a entender esse universo. Conheci lideranças que me levaram para dentro do Brasil e me colocaram em contato direto com nossos ancestrais."
Ele conta que uma das experiências mais marcantes que teve foi com os Xavante, em Mato Grosso. "Fiquei dois meses com eles e criei um vínculo com a causa que me acompanha até hoje", diz. "Os índios deveriam ser os guardiões da floresta."
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