Por incrível que pareça, uma das grandes preocupações do Brasil da década de 1990 era a vida amorosa de Xuxa. Com quem ela está namorando? Com quem não está? Por que não namora ninguém?

Tanta curiosidade tinha uma razão de ser. Xuxa despontou para a fama, por volta de 1982, como a jovem namorada de Pelé. O casal permaneceu junto por alguns anos, mas acabou se separando. Quando ela se tornou uma estrela com brilho próprio, já não fazia par com ninguém. Nada mais normal que as pessoas especulassem: como que uma mulher tão bonita e bem-sucedida anda sempre sozinha?

Era por causa da rotina insana de trabalho, que envolvia gravações, shows e viagens incessantes. Até que, em 1989, Xuxa conheceu alguém que levava uma vida tão louca quanto a dela: Ayrton Senna.

O relacionamento dos dois é o primeiro assunto abordado por "Amor, Morte, Vida, Fogo", o terceiro episódio da série "Xuxa, o Documentário", disponibilizado pelo Globoplay na noite desta quinta-feira (27). A apresentadora revela detalhes saborosos sobre seus primeiros encontros com o piloto de Fórmula 1. E com um brilho nos olhos que não deixa margem para dúvidas: o amor deles era para valer.

Sim, havia boatos naquela época de que tudo não passava de um golpe de marketing. Ambos seriam gays, e um falso namoro teria sido inventado para manter as aparências. Mas, revendo as imagens de arquivo, dá para perceber que os dois tinham mesmo uma ligação profunda.

Então, por que não ficaram juntos? Mais uma vez, emerge a vilã de sempre: Marlene Mattos. A empresária de Xuxa teria dado um ultimato à apresentadora: ou a carreira, ou Ayrton. Xuxa admite que escolheu a carreira.

Mas é injusto jogar a culpa em Marlene. Xuxa já era bem grandinha. Podia ter traçado uma linha no chão e avisado: daqui ninguém passa, minha vida pessoal é só problema meu. Só que não fez isto.

Este terceiro episódio mostra o amadurecimento paulatino de Xuxa. Anos depois de perder Ayrton – alguns dos quais passou absolutamente só – ela está segura o bastante para querer ter um filho sem se casar com o então namorado, Luciano Szafir.

O nascimento de Sasha em 1998, que foi praticamente transmitido ao vivo pela Globo, também marca o início da ruptura definitiva entre Xuxa e Marlene. A artista não gostou nada quando a empresária começou a divulgar imagens de sua filha, sem a sua permissão. Quatro anos depois, as duas se separaram.

Os amores de Xuxa não ocupam todo o episódio. A última parte trata de um acontecimento traumático: o incêndio que destruiu, em janeiro de 2001, o cenário do programa "Xuxa Park" durante uma gravação, com o estúdio lotado de crianças.

As imagens são impressionantes. Xuxa e as Paquitas estão a todo vapor, cantando "Ilariê", quando, de repente, as chamas interrompem o número. Vinte e seis pessoas se feriram, algumas gravemente, mas ninguém morreu. Mesmo assim, o acidente fez com que o programa fosse cancelado definitivamente e a apresentadora tivesse vontade de largar tudo.

Xuxa sempre foi espontânea e articulada, e o tempo lhe deu uma franqueza que beira a desfaçatez. Para sorte nossa, esta série documental foi feita agora, e não antes. No melhor estilo "sincerona", Xuxa se abre diante das câmeras de um jeito que não é comum para uma celebridade do seu quilate.

O que só faz aumentar a curiosidade pelo quarto episódio de "Xuxa, o Documentário". O trailer que encerra "Amor, Morte, Vida, Fogo" mostra muito Marlene Mattos, sugerindo que a complicadíssima relação entre a artista e a empresária será discutida a fundo. Aguardemos pela quinta que vem.