Ninguém mais está seguro na Globo. Depois que a emissora abriu mão de nomes como Tarcísio Meira e Glória Menezes, fundamentais para sua história, ficou claríssimo que os tempos são outros. A era dos salários astronômicos e dos contratos de longo prazo terminou.

Mesmo assim, uma notícia surpreendeu o mercado e a mídia esta semana: José Bonifácio Brasil de Oliveira, o Boninho, estaria sob o risco de não ter renovado seu vínculo com a Globo.

A cúpula da emissora estaria descontente com a quantidade de projetos capitaneados por Boninho que foram mal de audiência nos últimos anos. A lista é grande: Casa Kalliman, Mestre do Sabor, No Limite, Popstar, Simples Assim, Só Toca Top, Tamanho Família, Tá Brincando e Zig Zag Arena, além do controverso BBB 22. Nem todos podem ser considerados fracassos retumbantes, mas nenhum correspondeu às expectativas.

A informação foi dada no dia 17 de julho pelo colunista Gabriel Perline, do portal iG, que ainda apontou o que seriam dois sinais do enfraquecimento do outrora "big boss": a promoção de Raoni Carneiro a diretor de variedades dos canais pagos da Globo e a contratação de Miguel Vala Leitão, coordenador e editor-chefe do Grande irmão, o Big Brother de Portugal.

O desligamento de Boninho foi imediatamente desmentido pela emissora. Em seu texto, Perline já publica um comunicado da emissora: "Boninho segue contratado da Globo. E não divulgamos detalhes de contrato, tampouco comentamos especulações". Uma segunda nota foi divulgada no dia seguinte, reiterando a permanência do diretor na casa.

Cristina Padiglione, colunista de TV da Folha, acha que só a contenção de despesas justificaria a saída de Boninho. "Só posso entender que é um momento de romper salários altos e mexer no caixa de maneira arriscada", disse ela no programa Splash Vê TV, do UOL, nesta terça (19). "Somente a questão salarial e a necessidade de reduzir a folha de pagamentos podem explicar".

Eu tendo a discordar. O salário de Boninho sem dúvida é alto –especula-se que gire em torno de R$ 400 mil mensais– mas, ao longo de quase quatro décadas na casa, ele acumulou diversos desafetos. E alguns deles agora estão no poder.

Só o fato de ter surgido o boato –vamos chamá-lo assim, já que não há uma confirmação oficial– de que Boninho estaria com os dias contados na Globo já é uma prova de que há gente na emissora que gostaria de vê-lo pelas costas. Afinal, a história saiu lá de dentro.

Essa mesma fonte anônima diz que o diretor só continuará na emissora se o programa Pipoca da Ivete, que estreia neste domingo (24), for um sucesso estrondoso.

É duvidoso que o destino de um dos diretores mais poderosos e bem-sucedidos da história da TV brasileira seja decidido pela performance de uma única atração. Afinal, por mais que o currículo de Boninho ostente alguns fiascos –e não há profissional de televisão que não os tenha– ele também é o responsável por diversos fenômenos de audiência.

O mais vistoso deles é o Big Brother Brasil. Segundo seu próprio pai, o exigentíssimo Boni, Boninho faz o melhor Big Brother do mundo. Quem já viu algumas das versões internacionais costuma se espantar com o tom soturno e conspiratório que o reality assume nesses países. O BBB é solar, otimista, e consegue se manter relevante duas décadas depois de sua primeira edição.

Também há duas novas medalhas no peito de Boninho: o Domingão com Huck, que vem superando no Ibope o antigo programa do Faustão, e o Caldeirão com Mion, a mais vibrante novidade do gênero dos últimos cinco anos.

Tudo isso depõe a favor do diretor. Por outro lado, o desligamento de seu grande amigo André Marques e o de sua própria mulher, Ana Furtado, sugere que ele não tem mais o cartaz que já teve um dia.

Além disso, sua presença constante nas redes sociais faz com que ele seja o único dirigente da Globo cujo nome está na boca do povo, o que gera ciúmes entre seus pares.

Boninho vai mesmo sair da Globo? Não sei. Só garanto que, se isto acontecer mesmo, muita gente irá comemorar nos corredores da emissora.