Discussão sobre novo apresentador mostra que BBB não é mais só entretenimento
Muitos defendem que seja uma mulher ou um negro
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Uma amiga fez uma postagem indignada numa rede social. “Como que estamos discutindo quem será o próximo apresentador do BBB, com o Brasil do jeito que está?”. De fato, não faltam problemas no nosso país, da variante delta ao retorno da inflação de dois dígitos.
Minha amiga também não assiste ao Big Brother Brasil. Para ela, o reality da Globo não passa de um amontoado de marombeiros brigando porque alguém não lavou a louça. Um ano depois, ninguém se lembra mais deles.
De novo, ela tem um ponto. A receita do BBB ainda inclui anônimos com muito corpo e pouco cérebro, que entram em conflito pelas razões mais mesquinhas. Mas quem assiste ao programa sabe que ele não é mais o mesmo de alguns anos atrás.
Houve mudanças formais: agora celebridades, ou quase, competem ao lado de ilustres desconhecidos.
A pandemia também fez com que o BBB ganhasse importância. As edições de 2020 e 2021 se beneficiaram da quase ausência de programação inédita nos canais abertos quando foram veiculadas.
Mas, acima de tudo, o reality agora também discute a sério temas como racismo, machismo e homofobia. Um pouco por causa dos elencos bem escolhidos, um pouco por causa das redes sociais. Enquanto isto, A Fazenda (Record) insiste em ser uma clínica de reabilitação para carreiras caídas em desgraça.
Repare que não houve muita discussão quando A Fazenda trocou de apresentador recentemente. A saída de Marcos Mion não provocou grandes especulações na internet. Falou-se em Otaviano Costa e Zeca Camargo, mas a Record logo apontou Adriana Galisteu como a nova condutora do reality e ficou por isto mesmo.
Já a decisão de Tiago Leifert não renovar contrato com a Globo gerou toneladas de postagens na mídia social e quilômetros de textos de colunistas de TV.
Quem deverá apresentar o BBB? Quem deveria? Uma mulher? Um negro? Um jornalista? A discussão serviu para ressaltar o viés branco e masculino da TV brasileira. Tempos atrás, isso talvez nem viesse à tona.
A bola da vez parece ser Tadeu Schmidt, que teria recebido uma oferta da Globo para deixar o Fantástico e assumir a casa mais vigiada do Brasil. Schmidt é a solução interna com perfil mais semelhante ao de Leifert: ambos são jornalistas vindos da área do esporte, habituados a transmissões ao vivo e já bem conhecidos do público quando chegaram ao BBB.
Pessoalmente, a escolha não me agrada. Acho que o entusiasmo de Tadeu Schmidt muitas vezes soa forçado. Pode ser um fiasco tão grande como foi André Marques à frente de No Limite.
De qualquer forma, ainda não houve um anúncio oficial. Até lá, os debates devem continuar. Além de representar um enorme faturamento para a Globo, o BBB virou uma caixa de ressonância das mazelas que nos afligem. Já é mais do que mero entretenimento.