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A cantora Luísa Sonza e o humorista Whindersson Nunes se separaram em abril de 2020, depois de dois anos de casados e quatro de relacionamento. Em setembro do ano passado, Luísa revelou que estava namorando o cantor Vitão. Em novembro, Whindersson apresentou sua nova companheira, a estudante Maria Lina Deggan. Vida que segue?
Para alguns internautas, não. Luísa foi acusada de provocar a morte de João Miguel, o filho prematuro de Whindersson e Maria Lina, sabe-se lá como. Resultado: à tragédia do jovem casal soma-se outra, a da ex, que sofre de depressão e cancelou o lançamento de seu novo álbum, para cuidar de sua saúde mental.
Não foi a primeira vez que Luísa sofreu ataques covardes nas redes sociais. Na época da separação, circulou o rumor de que ela teria trocado Whindersson por Vitão. Bom, e daí? O que é que qualquer um de nós tem a ver com isto? Nada, é claro, mas muita gente se achou no direito de espezinhar a cantora.
O Fantástico deste domingo (6) revelou algumas das mensagens em texto e áudio recebidas pela cantora. “Tá satisfeita com a dor que você causou?”, pergunta um hater. “Agora à [sic] tropa vai acabar com tua família, filha da puta”, afirma outro, ilustrando a ameaça com a foto de uma metralhadora. “Vamos te desossar, tocar fogo em você, filha da puta”, diz um áudio especialmente perturbador.
Luísa ficou, evidentemente, abaladíssima. Sua primeira reação foi publicar um vídeo no Instagram onde suplica, aos prantos, que os ataques cessem. Depois, sua assessoria postou um comunicado sóbrio, anunciando que o lançamento do novo álbum da cantora, assim como todas as atividades promocionais em torno dele, foram adiadas.
Agora pergunto aos haters: estão satisfeitos com a dor que vocês causaram? Qual o sentido de tudo isso? Como que a ex-mulher pode ser a responsável pela morte do filho prematuro do ex-marido com sua nova companheira?
Há uma parte de mim se coçando para dizer que parte da culpa por estes ataques recai sobre os próprios artistas, que se expõem demais nas redes sociais. Cada momento íntimo é registrado, e os seguidores são encorajados a se manifestar.
O resultado seria uma promiscuidade entre a vida pública e a pessoal, autorizando os fãs não só a opinar sobre os detalhes mais particulares, mas também a reagir de maneira irracional quando se sentem supostamente ofendidos.
Mas isto é o raciocínio de alguém que chegou à idade adulta muito antes da expansão da internet. Hoje as regras são outras. Não existe jovem artista bem-sucedido que não tenha usado as redes sociais para se promover.
Faz parte do jogo se expor. Mas, até que ponto? Para isto, existem equipes especializadas, que indicam a frequência e o teor das postagens assinadas pela celebridade.
A verdadeira culpada é a cultura de polarização que vigora entre nós. Alguns fandoms evoluíram para torcidas violentas e daí para seitas vingativas. Artistas que não têm nada de rivais são jogados uns contra os outros, porque seus seguidores querem que eles se engalfinhem.
A atitude mais inócua é capaz de gerar uma avalanche de críticas e o tão temido cancelamento. Pairando por cima de tudo —ou melhor, sustentando esse ódio destrambelhado— está o machismo, nosso velho conhecido.
Luísa Sonza é um alvo legítimo, porque teria partido dela a iniciativa de se separar de Whindersson. Agora, então, a cantora se tornou uma criatura execrável. Uma bruxa digna do caso Evandro, que merece ser morta a pauladas. Única e exclusivamente por ser mulher.
O que fazer para acabar com isto? A assessoria de Luísa Sonza já está tomando as devidas medidas legais, mas a moça tem meios de pagar bons advogados. E quem não tem? O Fantástico mostrou, na mesma reportagem, anônimos que sofreram ataques até piores. Como reagir a tamanha barbaridade?
Nunca é demais chamar à responsabilidade as redes sociais. Facebook, Twitter, Instagram e afins precisam refinar ainda mais seus controles, e banir para sempre qualquer usuário que fizer ameaças de morte, por menos sérias que pareçam. A polícia também tem que intervir. Como diz a própria Luísa Sonza em seu vídeo desesperado: ninguém aguenta mais.