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Maria Adelaide Amaral aumenta a fila de autores de saída da Globo

Dramaturga tinha 32 anos de casa, com trabalhos como 'A Muralha', 'JK' e 'Dercy', entre várias novelas

A dramaturga e escritora Maria Adelaide Amaral durante coquetel de posse da escritora Djamila Ribeiro na Academia Paulista de Letras em setembro de 2022 - Greg Salibian/Folhapress - SAO PAULO, SP, BRASIL, 01/09/2022

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São Paulo

Com 32 anos de Globo, Maria Adelaide Amaral, 80, é mais uma grife entre os medalhões da emissora a deixar a casa. Este ano, a Globo encerrou também contrato com Alcides Nogueira e Paulo Halm. De dois anos para cá, a fila se estende a Silvio de Abreu, que foi diretor de dramaturgia da Globo entre 2013 e 2020, e Aguinaldo Silva, que deixou a emissora ainda em 2020.

Adelaide esteve no ar pela última vez em 2017, com o fim da novela "A Lei do Amor", mas desde então vinha se dedicando a outros projetos que acabaram engavetados pela emissora. O principal deles seria uma minissérie sobre Carlos Gomes, autor da ópera "O Guarani", que chegou a ser pensado também em formato de novela, mas acabou engavetado.

Como todos os produtos desenvolvidos dentro da Globo, esta sinopse deve permanecer no vasto acervo de obras que a Globo detém por direito de contratante no período em que a história foi criada, mesmo diante das grandes chances de jamais vir a tirar aquele enredo do papel.

Assim ocorreu com outros autores, como Alcides Nogueira, e até com Gilberto Braga, que morreu em 2021, deixando três projetos na gaveta, sem perspectivas de produção na emissora.

A notícia sobre a saída de Adelaide da Globo foi antecipada por Maurício Stycer, colunista do UOL e da Folha, por sua coluna no UOL, nesta terça-feira, 20.

Na Globo, Adelaide fez história com a adaptação de clássicos de Cassiano Gabus Mendes, com quem escreveu "Meu Bem Meu Mal" e "O Mapa da Mina". Do autor, que foi o primeiro diretor artístico de TV da América Latina, em 1950, colocando no ar a TV Tupi, Adelaide refez "Ti-Ti-Ti" e "Anjo Mau", como "Ti-Ti-Ti". Esteve ao lado de Silvio de Abreu em "A Próxima Vítima" e "Deus nos Acuda".

Mas foi como biógrafa de grandes nomes que ela seria mais aplaudida, trazendo Juscelino Kubitscheck em "JK", Dercy Gonçalves em "Dercy de Verdade", Dalva de Oliveira e Herivelto Martins em "Dalva e Herivelto", e os grandes nomes da Semana de Arte Moderna em "Um Só Coração". Também nesse formato de minissérie, destacou-se com "A Muralha", "Queridos Amigos", "Os Maias" e "A Casa das Sete Mulheres".

Foram justamente projetos como esses que perderam espaço na Globo, ganhando outras exigências de mercado no GloboPlay, hoje prioridade da empresa na produção de séries em outros formatos de dramaturgia no streaming, seara onde os algorítmos ditam suas normas.

Adelaide entedia, já há algum tempo, que já não havia mais espaço autoral para propor ideias que resultassem em trabalhos como esses títulos memoráveis.

No momento, conta-nos Stycer, ela desenvolve, a pedido do diretor Bruno Barreto, uma adaptação do livro "Em Nome dos Pais", do jornalista Matheus Leitão, sobre a prisão e tortura sofrida por seus pais, os jornalistas Marcelo Netto e Míriam Leitão, durante a ditadura militar.