Globo monta circo para celebrar 50 anos de Chitãozinho e Xororó
Especial sob o comando de Pedro Bial leva a dupla ao cenário onde tudo começou
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A Globo montou um circo cenográfico, algo bem mais estilizado do que aqueles onde Chitãozinho e Xororó pisavam no início de carreira, quando ainda eram chamados como Irmãos Lima, nos anos 1970. O espaço, cuja imagem a coluna antecipa acima, foi produzido para abrigar parte dos números musicais que permeiam o especial em tributo aos 50 anos de trajetória dos músicos nascidos em Astorga (PR).
Devidamente patrocinado, o programa vai ao ar na quarta-feira, 1º de junho, sob o comando de Pedro Bial e sua equipe, formada por profissionais que têm se especializado na produção de documentários para o GloboPlay.
"Galopeira", "Sinônimos", "Evidências", "Brincar de Ser Feliz" e "Fio de Cabelo" estão no repertório gravado no picadeiro, com acompanhamento da banda. Mas nos tempos do circo da vida real que ficou no passado, os dois mal e mal empunhavam seus violões, e ainda brincavam de encenar curtos diálogos como parte do espetáculo.
"O circo era sobrevivência. O circo precisava de uma atração musical porque não tinha casting suficiente, e a gente precisava de espaço para cantar", lembra José, o Chitãozinho. "Foi difícil, tocamos em circos entre os anos de 74 e 77, e foi o momento em que quase desistimos. A gente não ganhava dinheiro, era apenas o suficiente para pagar as contas."
FOGUEIRA E VIOLA
A edição reserva um momento mais acústico, em torno de uma fogueira, onde os dois se apresentam em conversa e cantoria com Bial, o que poderá soar quase como uma continuação de "Pantanal", já que o programa será exibido na sequência da novela.
É nesse cenário que os dois entoam "Correnteza", de Tom Jobim, e "Metamorfose Ambulante", de Raul Seixas, que interpretam publicamente pela primeira vez. O roqueiro baiano tem presença forte na história da dupla, que já contou em várias ocasiões ter sido salva por "Tente Outra Vez" em determinado momento que em determinado momento de cansaço em busca de reconhecimento, quase desistiram de tudo, tendo sido assaltados pelos versos de Raul, Paulo Coelho e Marcelo Ramos Motta em "Tente outra Vez".
Com gravações realizadas em maio em Campinas e região, em São Paulo, o programa tem ainda um terceiro cenário interno: uma casa caipira ambientada com elementos da trajetória deles, tanto pessoal quanto profissional, decorada com fotos de família, todos os discos, alguns ainda em fita cacete e ingressos dos primeiros shows, entre outros elementos.
GALOPEIRA
Chitãozinho e Xororó lançaram o primeiro disco no início dos anos 1970, quando gravaram "Galoperia", nome do álbum e música até hoje solicitada pelo público nos shows da dupla. Mas foi entre 1982 e 1983, com "Fio de Cabelo", que começariam a fazer história, ao lotar o Palace, casa de espetáculos até então restrita à chamada MPB e astros internacionais, na capital paulista.
"Fio de Cabelo" rompeu as barreiras da música sertaneja no FM --sim, crianças, o chiado do AM, o mais analógico dos áudios da era digital, era a parte que cabia ao repertório capiria.
Nascidos em Astorga e crescidos em Rondon, também no Paraná, José e Durval, nomes de batismo dos dois --que também servirá como título de série ficcional produzida para o GloboPlay-- chegaram a Mauá (SP) com a família ainda nos anos 1970 e acabaram se estabelecendo em Campinas (SP), onde passaram a maior parte da vida.
Nesse embalo, a edição do tributo promovido pela Globo também traça uma rota do êxodo rural por meio da música dos dois.