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Relembre grandes entrevistas de Marcelo Tas no Provoca deste ano

Marisa Orth, Djonga, FHC, Silvero Pereira e Daiara Tukano passaram pelo programa em 2021

Marcelo Tas e Daiara Tukano no Provoca - TV Cultura/Divulgação

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Campinas

Em dias de tantas retrospectivas, vale lembrar que o Provoca, programa de entrevistas comandado por Marcelo Tas na TV Cultura, recebeu ao longo do ano uma vasta lista de convidados. Grandes nomes da política, das artes e diversos representantes dos movimentos sociais conversaram com o apresentador em 2021. Confira:

Em março, Tas entrevistou Marisa Orth e relembrou que a atriz foi a primeira apresentadora do Big Brother Brasil, fazendo dupla com Pedro Bial. "Olha eu pude experimentar o fracasso!", disse a artista, sorrindo. Segundo ela, a receita deu errado porque o contraste entre sua personalidade e a do jornalista evidenciou o desencaixe.

A atriz falou ainda sobre a importância da psicanálise, e afirmou que a terapia salvou sua vida. "Não era um suicídio implícito, mas tinha muita autodestruição, tinha muita autocritica... E eu achava que o meu talento residia na minha doença. Então eu tinha muito medo. 'Não vai me transformar em uma pessoa normal' eu dizia para a psicóloga", relatou no programa.

Outro destaque foi a entrevista de Marcelo Tas com o rapper mineiro Djonga, o primeiro brasileiro a ser indicado ao prêmio "BET Hip-Hop Awards" na categoria de melhor artista internacional. O papo foi ao ar em junho.

Durante o programa, o cantor explicou a frase "Fogo nos racistas", trecho da música, "Olho de Tigre", de 2017. "É muito delicado falar disso. Eu falo com muito cuidado, apesar de ter uma posição muito incisiva. Eu só acho engraçado me questionarem porque ficam falando 'bandido bom é bandido morto' o tempo todo. Tá certo, o cara está até lá eleito, o Presidente. Aí, racismo é o quê? Crime. Então até se for pela ideologia dos caras, eu estou certo."

Djonga falou ainda sobre a polêmica envolvendo seu show no Complexo da Maré em 2020, durante a pandemia, e reconheceu o erro: "Eu fui inimigo da saúde pública naquele momento", afirmou.

Em julho, Marcelo Tas recebeu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com quem conversou sobre a experiência de presidir o país, o governo Bolsonaro, e o debate acerca da maconha medicinal.

"A presidência cansa, pesa. Porque você tem que estar atento o tempo todo -- você fala uma coisa errada, sai no jornal, você fala certo, sai errado. Claro que se eu não gostasse eu não teria sido. De qualquer maneira, é melhor ser ex. Ex é sempre bom", disse FHC.

Perguntado por Tas sobre sua participação nas discussões sobre a regulamentação do plantio da cannabis medicinal, ele disse ser preciso abraçar causas difíceis. Membro da Fundação Champalimaud, em Portugal, ele decidiu se posicionar.

"Eu achei que tinha obrigação moral de dizer o que eu penso da matéria. (...) Eu acho que a pessoa tem que ter o direito de experimentar. Agora, você não deve recomendar", observou.

No mesmo programa, o ator Silvero Pereira foi entrevistado. Vítima de abuso sexual na infância, o artista falou sobre os desafios de compreender e lidar com o trauma: "Aos sete anos de idade, eu fui estuprado. Eu fui levado para um matagal por uma pessoa muito mais de idade do que eu e ela fez coisas comigo que eu só fui entender seis ou sete anos depois", relatou Pereira.

"Você é mulherzinha, a cidade vai saber se você falar sobre isso, se você contar que fui eu, eu vou te espancar', relembrou as ameaças. "O que mais ficou em mim foi o medo. Eu não falei para ninguém por muito tempo pelo medo", completou.

O ator falou ainda sobre como compreende sua masculinidade, que diferencia do que aprendeu em sua cidade natal, Mombaça, no interior do Ceará. "Ir para o Cannes e aparecer no 'Homens do Ano' daquela forma [vestido como mulher] foi dizer: eu sempre fui assim, a questão é que nunca me permitiram estar desta forma e estar assim não nega o homem que eu sou, pelo contrário, a minha identidade não é uma identidade feminina, é uma identidade masculina", afirmou o ator.

Por fim, destaca-se a entrevista de Tas com a indígena Daiara Tukano, exibida em outubro. Autora do maior mural já produzido por uma artista indígena no mundo, ela falou sobre a experiência de caminhar entre universos diferentes, o indígena e não-indígena.

"Talvez possam ser pontos de vistas e abordagens diferentes, mas a gente está no mesmo planeta, na mesma canoa, mesmo tempo", afirmou.

Tukano também falou sobre a discriminação contra os povos originários, perpetuada até os dias atuais. "Foi tão demorado ser reconhecido como ser humano, depois como cidadão, e agora como qualquer coisa, cientista, artista, professor... O nível do racismo contra os povos indígenas no Brasil é grotesco, estúpido e absolutamente descabido", concluiu.